Capítulo Um

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Ando devagar até a sacada por causa da idade e das dores que sinto em todo o meu corpo desde a minha última cirurgia, quando se tem setenta anos nada é como era cinquenta anos atrás. Sento em minha poltrona antiga e observo o céu em um misto de cores rosa, azul, amarelo e branco. Olho com atenção o Sol indo embora através das núvens e meu peito se enche de um dor familiar, a dor da saudade. Lembro-me mais uma vez dele e de como tudo aconteceu.

Janeiro de 1965

O meu aniversário de vinte anos foi no dia 24 de Janeiro de 1965 em um pequeno vilarejo localizado no interior do Brasil. Eu morava com meus pais e os meus quatro irmãos: Vivian, Marcos, Letícia e José. Éramos uma família grande mas nenhum pouco feliz, a tranquilidade não habitava naquela casa.  Morávamos em um lugar privilegiado ao comparar com os que viviam naquelas redondezas, nossa família era a segunda mais rica daquela região e mais temida também.

Meus irmãos eram bárbaros, homens machistas e cheios de passados assustadores. Todos os meus irmãos e irmãs eram casados e a próxima seria eu. Minha irmã casou aos dezesseis anos e minha outra irmã Letícia aos dezenove. Era normal os casamentos serem feitos em um acordo financeiro com os pais da noiva e do noivo, algo muito lucrativo na época. Minha situação se complicou depois do casamento da minha última irmã, pois o seu esposo Carlos era o pior cunhado que eu poderia ter na vida.  Desde que se casou com a Letty ele fazia de tudo para convencer aos meus pais que nenhum homem se casaria comigo e por esse motivo ele faria o grande sacrifício segundo ele de me ter como a segunda esposa.

Por mais horrível que meus pais tenham sido em nossa criação, eles não aceitaram aquele absurdo e como morávamos todos dentro da mansão eu simplesmente orava para não ter que cruzar com ele nos corredores, era algo que eu temia como uma sentença de morte.

- Pode entrar! - Eu falo em um tom firme enquanto arrumo meus cabelos em frente a minha penteadeira branca.

- Oi minha irmã!- Letícia anda delicadamente como uma senhora sofisticada até mim. - Trouxe uma coisa para você. - Ela diz mostrando-me um sorriso amarelo.

Olho para suas mãos e vejo uma caixinha dourada com detalhes de flores ao redor dela.

- Abra! - Ela diz euforica e eu sorrio.

- Letícia, eu... - Faltam-me as palavras para descrever o que sinto.

Olho mais uma vez para o mini livro que estava dentro da caixinha, ele tem um aspecto antigo mas muito bem conservado. Somente o conteúdo me fez tremer, estava escrito "Manual de uma boa esposa".

- Letícia, eu não estou preparada. - Eu olho para suas mãos bem  feitas que em seguida seguram as minhas mãos e a caixinha.

- Eu sei! - Ela diz com afirmação e os meus olhos procuram os seus. Minha irmã é deslumbrante e possui uma simpatia que emana dela com muita  facilidade. Ela não merecia o Carlos, era o David que ela  amara por toda a vida. - Eu também não estava. - Ela diz suspirando. - Mas a vovó me deu ele de presente no meu casamento e hoje eu consegui aprender. - Ela diz com dificuldade.

- Você é feliz? - Eu pergunto sem pensar. - Digo, você esqueceu o David? -  Ela olha com rapidez para o nosso redor.

- Não repita o nome dele outra vez! - Ela diz com um tom de ameaça e depois vejo que  reação dela é só uma máscara, vejo seus olhos cheios de lágrimas. - Jamais esquecerei. - Ela diz em um tom baixo e eu abraço.

Em nosso momento de cumplicidade entrou minha mãe ao quarto sem cerimônia. 

- Isabela. - Ela pronuncia meu nome sem emoção. - Feliz aniversário! - Ela diz e sem pausa fala outra vez. - Seu noivo está te aguardando lá na sala de estar. - Ela diz virando-se e todo o meu corpo se arrepia em uma grande medo.

- Por favor mãe, não diga que é o Humberto! - Eu corro até ela segurando sua mão mas ela a solta. - Por favor, mãe! - Eu repito sem controlar as lágrimas.

- Não seja tola Isabela! - Ela diz sem paciência. - Ele espera por você. - Ela diz olhando para suas unhas e faz uma careta. - E comporte-se como uma dama. - Ela diz indo embora graciosamente.

Um grande buraco surgiu no chão e como se eu fosse caindo sem parar o meu corpo inteiro vibrou em desespeiro.  Não pode ser ele, não o mesmo homem que tentou casar-se com minhas duas irmãs, não o que teve quatro ex-esposas e que todas o relatam como bárbaro e agressivo. Um homem cujo nome é respeitado mas o coração é negro como a morte. Um homem de olhar maldoso. Eu não serei dele nunca! Digo para mim mesma em pensamento.

- Isa, eu... - Minha irmã vem se aproximando de mim mas eu me afasto. Ela sabia de tudo! Como pode não ter me dito antes?

- Por favor, me deixe sozinha. - Eu digo enquanto controlo as lágrimas. Ela parece triste e sai do quarto devagar.

Meu corpo está pulsando em desespero, um nó na minha garganta cresce segundo a segundo e meu coração se aperta em medo e pânico. Sem pensar tranco a porta do quarto e arrasto a penteadeira até a porta para dificultar o acesso da e entrada do quarto.

O que eu faço agora? Pergunto a mim mesma.

Preciso fazer alguma coisa e rápido. De uma coisa eu tenho certeza: Não me casarei!

Olá, sejam todos bem-vindos ao @blogmundodoromance. Eu me chamo Gabriela Sampaio e agora foi feito a publicação do meu primeiro livro aqui na página que se chama Será Sempre Você, que é um livro de romance cheio de muita aventura,ação e eu espero de verdade que você goste. Se você quiser acompanhar esse livro será publicado um novo capítulo na Segunda, Quarta e Sexta-Feira a partir das 12:00 da tarde. Caso você também seja um escritor e queira divulgar seu livro pode utilizar os comentários de cada publicação minha e eu vou acompanhá-los também. Desejo muito sucesso para todos!!
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Boa leitura!

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