Capítulo Dois

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Olho em fração de segundos para a janela e desesperada vou até ela. Abro as janelas de vidro e olho para baixo. Estou no segundo andar da casa, não é tão alto assim quando a sua única alternativa é a morte rápida ou lenta ao viver com aquele homem tenebroso. Subo as janelas e me equilibro no vão entre a cara e a varanda, por trás da casa é localizada a mata do vilarejo e é por lá que eu pretendo fugir. Vejo a grande mangueira que possui alguns galhos fortes perto da casa e é por eles que uso para descer. Um pouco desengonçada eu me arranho várias vezes. Quando caio no chão firme vejo ao longe meu irmão José com uma tesoura de Jardinagem na mão, fico desesperada e corro em sentido da mata.

- Isabela! - Eu o ouço gritar longe de mim e corro para dentro da floresta o máximo que eu posso.

Não sei o que fazer, para onde, ir mas continuo correndo o máximo que eu posso enquanto lágrimas caem pelos meus olhos. Eu prefiro a morte a viver com um homem que sinto nojo.
Não consigo imaginá-lo me beijando, me tocando. Seria o inferno em vida. Não sou como minhas irmãs, eu jamais aceitaria a vida infeliz que meus pais querem para mim.

Depois de alguns minutos correndo eu sinto meus pés exaustos e meu corpo ja começa a ficar sem vida. Não aguentarei por muito tempo e começo a correr com menos velocidade. Eu começo a ficar nervosa porque sei que meus irmãos vão conseguir me alcançar e talvez eu esteja correndo em círculos.

Ouço o barulho de ovelhas em algum lugar da mata e em seguida há um som de um homem querendo atenção delas, não muito longe eu suponho. Passo por algumas árvores e vejo um homem de mais ou menos trinta anos guiando várias delas em cima de uma carroça de boi. Observo que há uma grande manta dentro da carroça e aquilo me enche de esperança.

- Isabela! - Ouço a voz de Humberto ao longe e meu corpo todo se arrepia em nervosismo. Procuro alguma fuga ao meu redor e não vejo nenhum lugar para que eu possa me esconder e sem pensar corro até a direção do homem que até naquele momento não tinha me visto.

Ele se assusta ao me ver surgindo da mata fechada uma mulher toda machucada.

- Por favor, me ajude. Me esconda! - Eu digo com lágrimas nos olhos e corro para a parte de trás do carro de boi sem lhe dar alternativas.

- Como assim? Quem é você? - Ele pergunta curioso indo até mim e puxando meu cotovelo para eu olhá-lo nos olhos. Ele me olha com atenção e depois seus olhos ficam fixos nas minhas jóias. - Tudo bem, pode subir. - Ele diz me largando e indo para a frente do carro.

Caio contra a madeira gelada com tomates por toda a volta e me cubro com a manta enquanto fico ali orando para que não me encontrem.

Por um momento tudo fica em silêncio, até as ovelhas fazerem seus sons novamente e o desconhecido começa a mandar o boi ir embora conosco. Me vejo em uma situação tão estranha! Alguns minutos depois eu ouço a carroça parar e ouço barulho de cavalos se aproximando. Deve ser eles. Eu penso

- Olá, você por acaso não viu uma mulher de cabelo preto com um vestido branco correndo por essas bandas? - O meu irmão Marcos é o primeiro a falar.

Um silêncio absoluto surge e eu fico pálida debaixo daquele pano.

- Você é surdo? - Humberto grita e eu sem querer me tremo completamente. Graças à Deus que a carroça é toda circulada por madeira grossa e faz com que não me notem ali.

Então eu ouço o desconhecido falar mais uma vez.

- Não, eu não vi ninguém. - Ele diz demoradamente com um tom de voz tão grave e sedutor que fez com que todas as células do meu corpo se agitassem conforme sua sonoridade.

- Você sabe que se estiver mentindo és um homem morto, não sabes? - Humberto o ameaça e eu fico nervosa tentando não fazer nenhum som que possa me comprometer.

- Sim, senhor. - Ele debocha.

- Se souber de algo me avise. Será muito bem recompensado. - Humberto diz amargo.

- Posso saber quem é a dama?

- Isabela, minha noiva irresponsável! - Humbero responde suspirando.

- Ela fugiu hoje de manhã pela janela. - José diz com um tom de raiva. - Uma completa idiota. - Ele diz por fim.

- Quando eu a pegar mostrarei como uma mulher deve se comportar! - Marcos diz com um tom ameaçador e eu fecho os olhos com força para não chorar.

- Eu mesmo resolverei isso. - Humberto fala em um tom mais alto. - Vamos, precisamos encontrar a garota. - Ele diz bufando e ouço o barulho dos cavalos se afastando de nós.

Quando me senti segura tirei o pano do rosto e fiquei ali quieta olhando os galhos enormes das árvores ficando para trás. Não sei o que faria e o que seria de mim. Não tinha certeza se fiz a coisa certa mas sem perceber eu acabei adormecendo.

Olá, essa foi a continuação do primeiro capítulo e espero que tenham gostado.
Lembrando que na Quarta-feira, será postado o Capítulo Dois. Aguardem muitas emoções!!

Se você gostou dessa história comente e curta bastante. Um beijo e até mais!

Boa leitura!

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