Capítulo Oito

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 Horas mais tarde estávamos na cama deitados conversando sobre a vida, eu apoiei meu rosto em seu peito e ficamos ali rindo de qualquer bobagem que lembrávamos.

- Como eram seus pais? – Eu pergunto curiosa.

- Maravilhosos. - Ele diz com empolgação. – Minha mãe se chamava Alice, ela iria gostar de você. – Ele diz sorridente e eu o abraço mais. – Meu pai se chamava Gilberto. Ele era um pai muito trabalhador. – Ele diz com admiração.

- Deviam ser maravilhosos mesmos. – Eu digo um pouco melancólica. – Você tinha quantos anos?- Eu pergunto olhando-o.

- Seis. - Ele diz sem me olhar.

- Oh... - Eu digo sem palavras. – Eu sinto muito. – Eu digo passando a mão em seu peito.

- Eles eram tudo o que eu tinha, depois eu fiquei sozinho tudo mudou. – Ele diz suspirando. – Toda a minha felicidade se foi, eu fiquei completamente sem chão sem minha família. Não sei como eu ainda estou vivo. – Ele diz tenso.

Ficamos ali conversando, jantamos e dormimos de mãos dadas.

Ouvimos barulho de portas sendo arrombadas no andar debaixo e olhamos um para o outro pronto para fugir. Descemos pela escada dos fundos e subimos nos cavalos, ele no dele e eu no meu. Graças a Deus eu sei andar a cavalo e isso foi muito mais prático. Quando íamos sair ao final de uma rua eu ouço a voz de Carlos, meu cunhado.

- Ali estão eles! – Ele grita na frente do hotel e vários outros homens sobem no cavalo atrás de nós.

- Mais rápida Isabela. – Guilherme grita a minha frente e eu chuto o meu pé na perna do cavalo com força e ele impulso e corremos mais rápido que podemos.

- E agora? – Eu grito para o Guilherme que estava um pouco mais atrás de mim, havia duas estradas e precisávamos ir para um lugar seguro.

- Por aqui. – Ele diz ao passar por mim indo pela estrada direita. Não sei quanto tempo passou mais imagino que tenha sido bastante porque o sol estava me fritando e eu estava morrendo de fome. Não paramos desde que os homens da minha família nos viram.

Olhava para trás procurando encontrar alguma pista deles, mas pareciam ter nos deixado em paz.

-Guilherme, eu não aguento mais. – Eu digo baixo e ele me olha com preocupação.

- Vamos ficar ali perto daquela árvore. - Ele aponta para uma grande árvore em uma fazenda deserta, era um local bem distante da estrada e nós fomos para lá.

Famintos, cansados, com sede, com medo, completamente perdidos.

- Me desculpa. – Eu digo baixo quando estávamos sentados no chão e apoiando a costa no tronco da árvore.

- Pelo que? – Ele diz mal humorado.

- Por tudo isso, por colocar você nessa situação. – Eu digo tristemente.

Ele riu.

- Minha vida nunca esteve tão agitada, nunca vivi uma aventura assim. – Ele diz sorrindo para mim. – Perseguições, uma noiva fujona. – Ele implica comigo e eu rio.

- De você eu jamais iria fugir. – Eu digo olhando-o com atenção. Como eu já poderia sentir algo por ele em tão pouco tempo? Ele me conquistou tão rápido. Queria tanto dizer o que sinto para ele, mas tenho medo e me calo.

Depois de um tempo ele resolveu ir à busca de alimento e trouxe algumas frutas nativas para enganar nosso estomago. Precisávamos voltar para a casa dele em segurança, nunca pensei que meus pais fossem me procurar dessa forma. Eles poderiam me deixar em paz!

- Vou procurar um lugar para fazer xixi. – Eu digo enquanto levanto.

- Toma cuidado. – Ele fala arrumando a cela do cavalo. Como já estava quase no final da tarde era bom para fugirmos antes de anoitecer. Seria bem mais fácil.

Cruzo a fazenda caminhando, ouço barulho de pássaros, do vento batendo nas folhas, do sol queimando minha pele. Por um instante eu sinto paz ao fechar meus olhos enquanto caminho. Estou com o homem que sempre quis encontrar, entretanto há diversas razões para não ficarmos juntos. Preciso acreditar que isso vai dar certo.

Faço minhas necessidades e ao voltar para o local que estávamos eu avisto um homem de longe em minha direção, forço o meus olhos para ver melhor e vejo meu irmão Marcos. Escondo-me rapidamente atrás de uma árvore enquanto meu coração bate acelerado cada vez mais e mais. Ele não me viu. O que eu faço agora? Eles nos acharam! Digo para mim mesma.

Ouço um barulho alto.

-Guilherme!- Eu digo seu nome em pânico e corro atrás dele. São os piores segundos da minha vida. Minhas pernas tremem, meu coração se acelera e tenho vontade de morrer quando o vejo caído no chão. Não pode ser! Uma voz grita na minha mente.

-Não! Não!- Eu grito ao olha-lo desmaiado no chão. – Por favor, não! – Eu digo enquanto coloco as minhas mãos na minha boca enquanto estou soluçando e quando olho para cima vejo o sorriso nos rostos do José, de Humberto e de Carlos.

Ando chorando até o corpo do Guilherme, mas algo me impede e eu caio.

   

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