Vou atrás dele e o vejo de costas com as mãos na cintura como se quisesse pensar melhor. Pego meu colar e os brincos e os coloco na minha mão.
- Pegue. - Eu o ofereço minhas joias e ele olha com curiosidade para mim. Agora eu não tenho mais nada. - Pode levar elas. Mas me deixe ficar aqui mais uma noite. - Eu digo quase implorando.
Ele pega as minhas joias e coloca no bolso na calça.
- Você precisa de roupas. - Ele diz me olhando dos pés a cabeça e eu fico envergonhada.
- Estou bem com essas. - Eu sorrio sem graça.
- Voltarei pela noite. - Ele diz e eu sorrio. - Tem algumas coisas na geladeira e pode ficar lá no meu quarto. - Ele diz suspirando. - Mas em nenhum instante abra as portas ou as janelas. - Ele diz com um tom ameaçador. - Eles podem voltar Isabela. - Ele diz irritado, mas dessa vez percebo que no fundo ele se preocupa comigo e eu tento não sorrir como uma menina apaixonada.
- Tudo bem. - Eu digo em resposta e ele se vai.
Não tenho noção do que ele faz ou do passado dele, só sei que ele está me ajudando a me livrar da pior coisa que poderia me acontecer, um casamento infeliz seria uma vida inteira de tristezas.
Passo o dia inteiro em um grande tédio até matar minha curiosidade para explorar a casa e ao redor dela. Encontro dentro de um baú antigo algumas fotos dele quando era criança com um homem e uma mulher humilde. Tem algumas anotações e encontrei atrás de um guarda- roupa um violão bem conservado. Aquilo deveria ter custado uma fortuna e delicadamente eu coloco no meu colo e passo os dedos nas cordas brotando um som confortante. Por muito tempo fiquei assim, deitada na cama passando as unhas nas cordas do violão sentindo o som que fazia. Minha irmã Letícia amaria isso.
Ela é a pessoa que eu mais sinto falta, uma irmã mais velha que eu amo demais. Algumas lágrimas caem do meu rosto, mas eu as limpo. Ela deve estar sofrendo com o meu desaparecimento. O restante da família só me acha uma idiota mesmo.
Cansada de fazer aquilo eu vou para a cozinha e abro devagar a porta de trás da casa, que dá uma vista para o pequeno quintal. Sorrio ao sair da casa e ver várias flores lindas no final do quintal. Nunca imaginei que um homem como o Guilherme poderia gostar de cuidar de flores. Sorrindo eu toco em algumas delas e sinto o aroma delicioso que elas têm.
- Oi bela jovem. - Eu ouço alguém falar e rapidamente olho em minha volta e não vejo ninguém. - Com o coração acelerado ouço novamente. - Estou aqui. - Ouço uma voz cansada feminina e ao procurar a voz vejo através da cerca de madeira uma senhora com cabelo branco sentada em uma cadeira de embalo no fundo do seu quintal.
- Ah, Oi. Não tinha visto à senhora. - Eu digo sorrindo.
- O Guilherme está em casa? - Ela pergunta curiosa.
- Não senhora, ele saiu. - Eu respondo um pouco temorosa.
- Poxa. Meu menino sempre me ajuda a regular o chuveiro que está mais uma vez ruim. - Ela diz tristemente.
Ele lhe ajuda? Senti vontade de perguntar.
- Me mostre o chuveiro que eu posso lhe ajudar. - Eu digo passando por um buraco na cerca indo até ela. Essa senhora parece muito indefesa para mim.
Ajudo-a levantar da cadeira e ela me leva até o chuveiro que depois de muito tempo tentando consertar não tenho êxito algum. Peço desculpas, mas com um olhar cansado ela sorri timidamente e me oferece um café que eu aceito na hora.
Sento em uma cadeira simples e ela começa a me fazer muitas perguntas.
- Você conhece o meu filho há quanto tempo? - Ela pergunta curiosa e eu fico muito tímida, será que ela é a mulher da foto?
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SERÁ SEMPRE VOCÊ
ChickLitQuando Isabela completou vinte anos foi forçada a ficar noiva de um homem que nunca amou. Não aceitando essa imposição dos pais ela acabou fugindo para a floresta que seria um atalho para o vilarejo mais próximo. Na fuga ela conhece Guilherme, um h...