Capítulo Seis

73 76 109
                                    

Na noite anterior eu não consegui dormir, virei de um lado para outro na cama diversas vezes. Pela madrugada fui até a cozinha pegar um copo de água para beber e não resisti à tentação de ver o Guilherme dormindo. Enquanto saciava a minha sede olhei para aquele homem dormindo tranquilamente no sofá. Com toda a certeza no dia seguinte ele estaria todo dolorido por dormir nessa posição, mas ele era tão lindo que sentia vontade de me jogar nos seus braços e beijá-lo.

Sorri com a ideia, mas logo uma dor pousou no meu coração, tenho que deixa-lo. Ele já correu risco demais ao me proteger.

Pela manhã vou até a cozinha e preparo o café da manhã. Momentos depois ele aparece sorridente e me abraça por trás enquanto beija meu pescoço. Aquilo é tão bom que fecho meus olhos com força para não cair aos prantos, sentirei tanto a falta dele.

- Bom dia amada minha. - Ele diz beijando meu rosto em seguida.

- Bom dia, Guilherme. - Eu digo e me afasto discretamente.

- Por que você está assim? - Ele pergunta depois de tomarmos o café da manhã.

- Assim como? - Pergunto sem entender.

- Estranha. - Ele confessa. - Não sei o que você está pensando. O que há de errado? Você se arrependeu de ontem? - Ele pergunta sério.

- É claro que não! - Respondo rapidamente. - Só ontem aos meus vinte anos eu senti um pouco de felicidade em minha vida e foi com você. - Eu digo triste. - Mas eu tenho que ir embora. - Eu digo olhando para seu rosto e ele levanta e vem até mim que estava perto da geladeira.

- Você não vai embora! - Ele procura meus olhos com o olhar e nos conectamos. - Eu gostei muito de ontem à noite. Eu quero que você fique comigo. - Ele diz rindo e eu o olho com atenção. - Nunca nenhuma mulher me fez me sentir tão diferente como ontem, eu... - Ele procura as palavras. - Eu quero sentir aquilo sempre. - Ele diz sorrindo e eu o beijo.

- Temos uma longa jornada pela frente. - Eu digo contra seu ouvido.

- Sim, eu sei. - Ele diz calmo. - Mas primeiramente precisamos ir embora, pelo menos por enquanto. - Ele diz segurando meu rosto com suas mãos. - Eu preciso ir a outro vilarejo um pouco mais longe daqui vender meu rebanho e trazer cavalos de lá. - Ele sorri. - É uma viagem de uma semana, você quer ir comigo? - Ele me olha com alegria e eu afirmo que sim com a cabeça e nos abraçamos.

Será uma aventura que eu quero viver.

Dona Rita separou algumas roupas de sua filha para eu levar em uma bolsa do Guilherme, que agora é o meu namorado. Nunca pensei que um dia fosse me sentir tão feliz como estou agora.

Fomos para a estrada pela manhã bem cedo, sonolenta eu sento-me ao lado do Gui na carroça e enquanto estamos em movimento eu fico olhando a paisagem da estrada seca nos dar um bem vindo com o amanhecer do Sol mais lindo que já vi em toda a minha vida. Estávamos os dois encantados pela nossa visão e nos olhamos, um olhar de tantos significados em tão pouco tempo. Conversamos demais no percurso do primeiro dia, rimos, comemos em restaurantes baratos perto da estrada. Era tudo diferente, ele me fez valorizar as coisas pequenas da vida, o amor nos mostra que podemos ser felizes com o pouco, porque em nossa simplicidade éramos mais felizes do que muitos bilionários.

- Acho que precisamos encontrar um hotel, já está anoitecendo. - Guilherme diz pensativo enquanto olha ao redor procurando um lugar para dormirmos.

- Eu preciso de um banho. - Eu digo rindo e ele sorri em resposta.

- Veja! Ali tem um. - Guilherme diz sorridente para o nosso horizonte que mostra um pequeno ponto da estrada ao longe um hotel de madeira.

Ao chegarmos lá a recepcionista olhou descaradamente para o meu namorado e com um sentimento que nunca havia sentido antes segurei na mão dele. O vi pelo canto do olho e ele parecia muito satisfeito, havia divertimento nele naquele momento. Homens!

Mais uma vez não havia nada de valor naquele quarto em que estávamos só tinha uma cama de casal, um ventilador antigo de teto e uma janela pequena na lateral do quarto. Estávamos tão cansados que achamos ali o paraíso.

Não tinha banheiro no quarto então tivemos que ir para o único banheiro do hotel, graças a Deus naquela noite não tinha mais hóspedes sem sermos nós, então isso foi muito bom. Jantamos na copa do hotel e depois fomos para o quarto. Estava um pouco nervosa, seria a primeira vez que dormiria com um homem na minha vida.

Olhei pela pequena janela enquanto o Guilherme estava de olhos fechados na cama, ele parecia exausto, mas com razão, ele cuidou das ovelhas, nos guiou com a carroça por todo o trajeto e ainda fez mil paradas para eu fazer minhas necessidades. Ele era um homem muito paciente. Ao longe eu vejo um relâmpago e penso em minha casa, em minha família, um sentimento de culpa enorme me atinge ao pensar nas pessoas que podem estar achando que eu morri. Sou uma decepção para os meus pais.

- Muito cansado?- Eu pergunto ao deitar ao seu lado.

- Bastante. - Ele responde com um suspiro.

- Você quer uma massagem? - Eu ofereço minha habilidade que me garanto Letícia sempre pedia para eu fazer nela.

Um relâmpago soou muito alto perto de nós e uma luz branca invadiu o quarto nos assustando e a luz elétrica em seguida foi embora, muito aflita eu me joguei nos braços dele e ele me abraçou.

- Está tudo bem. - Ele disse no meu ouvido e eu continuava tremendo por causa do susto que levei.

Calados nós começamos a ouvir o barulho da chuva. Estava tudo escuro, não podia ver quase nada, mas ouvia a respiração dele. Uma respiração forte como se ele estivesse se controlando.

Sai de cima dele e me deitei na cama e ele se apoiou no cotovelo e inclinado me beijou nos lábios. Parecia tão perfeito, tão mágico, só nós dois ali nos amando em um quarto distante de tudo ouvindo o barulho da chuva.

Eu queria mais, meu corpo nunca esteve tão vivo como agora e eu o puxei para mais perto. Ele não parou e depois de muitos beijos em meus lábios ele foi beijando meu pescoço, minha orelha fazendo-me suspirar de prazer. Sua mão começou a percorrer o meu corpo e depois parou.

- Desculpe-me. - Ele diz saindo de cima de mim e caindo no seu lugar de antes novamente.

- O que aconteceu?- Eu pergunto no escuro completamente confusa.

- Isso não está certo Isabela. - Ele diz baixo. - Eu não posso fazer isso com você. Não do jeito que estamos. - Uma luz clara entra em um segundo no quarto e eu o vejo olhando para o teto.

- De que jeito?- Eu pergunto irritada.

- Não somos casados. - Ele diz rápido. - Você é de uma família rica e eu... - Ele procura as palavras. - Eu estou longe de ser alguém que mereça você. - Ele diz mais baixo.

Assustada com suas palavras eu me aproximo dele e pego em seu rosto para que me olhe.

- Eu não desejo riquezas e muito menos poder, eu sei o que essas duas coisas são capazes de fazer. Eu vivi em uma mansão luxuosa, tinha todas as roupas, todas as joias. - Eu pauso por um segundo. - Mas eu não era feliz. Eu era uma garota reprimida e que vivia longe de tudo e de todos. - Eu digo com dificuldade. - Eu era escrava do poder dos meus pais, escrava de uma sociedade machista e minha vida seria como a das minhas irmãs, mas eu tive a sorte de conhecer você. - Eu digo dando um selinho em seus lábios. - Eu quero você e quero viver na nossa simplicidade, isso me faz feliz. - Eu digo sorrindo.

- Isso você diz hoje Isabela. - Ele diz frio. - Daqui a dois anos você vai jogar na minha cara que vive na miséria, que sua vida é ruim e que você merecia mais. - Ele diz me olhando no escuro. - Eu queria te oferecer mais, eu queria ser diferente. - Ele diz baixo.

- Você não precisa ser... - Começo a falar, mas ele me interrompe com um beijo.

Frustrada eu não consigo dormir naquela noite pensando em suas palavras.

Quero agradecer a todos pelas mensagens fofas que tenho recebido. Não esqueçam de votar, comentar o que achou desse capítulo e adicionar a lista de leitura. Um beijo!

SERÁ SEMPRE VOCÊ Onde histórias criam vida. Descubra agora