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LONDRES

Eu estava atrasada. Ah, não! Olhei de novo para o relógio de pulso sentindo o impacto dos corpos alheios quando eu passava por eles apressada.

Cinco minutos! Cincos muitos o bastante para o professor não me deixar entrar na sala. Algumas gotas de suor escorriam na minha testa. De repente minha bolsa foi lançada para trás ao passar por um ciclista. O que um ciclista fazia na calçada!?

Olhei o aglomerado de pessoas indo e vindo como um cardume colorido. Maldição! Se não tivesse documentos dentro dela eu poderia deixá-la para trás. Voltando na diferença oposta a qual caminhavam, procurei por ela.

- Achei!

Ela estava caída na faixa de pedestres. Essa não! Olhei para cima. O sinal estava prestes a fechar. Que dia complicado, primeiro tinha esquecido a bolsa na casa dos meus pais depois do jantar, papai me pegou de conversa e na hora de sair ainda tomei um banho de um carro que passou sobre uma poça tendo que entrar de novo para me enxugar acabando por vestir uma das roupas da minha irmã mais velha.

O dia perfeito! Avancei com força, como um jogador de futebol americano tentando pegar a bola. Coloquei o máximo de força possível nos meus ombros e encarei a multidão que já inundava Londres mesma com o sol acabando de dar as caras.

Mais um pouco e eu chegava lá. Olhei de novo para o sinaleiro. Poucos minutos, um no máximo. Só mais um pouco e... Agachei pegando-a.

- Quem foi o infeliz que pisou...

Biiiiii!

Uma buzina alta me fez olhar para o lado.

- Cuidado!

Numa fração de segundos meu corpo abraçado a bolsa foi lançado para a calçada. Cai de joelhos, desnorteada. Alguém havia me empurrado.

Preocupada virei a cabeça procurando quem foi. Vi um homem usando moletom com a cabeça escondida debaixo do capuz da blusa, parado entre os carros que passavam.

Levantei com dificuldade.

- Ei! - gritei.

- Você está bem?

- Estou. Obrigada!

Ele acenou com a mão. Então eu vi. Vi por míseros segundinhos aqueles olhos cristalinos. O ar escapou dos meus pulmões.

- Você... Você, espere!

Agora era eu quem acenava, mas ele já estava voltando para trás. O sinal fechou e os pedestres voltaram a ativa me levando com eles mesmo contra a minha vontade.

Poderia ser? Seria ele? Balancei a cabeça. Fazia tantos anos e ele estava há muito tempo nos Estados Unidos. Não havia motivo para voltar, se tivesse voltado eu saberia. Entretanto, o modo que a touca da blusa estava me lembrava das vezes que o vi chegando com uma blusa escondendo-se debaixo do capus dela com os fones no pescoço.

- Ah, raios! - Olhei para os ponteiros.

Vinte minutos. Não conseguiria chegar a tempo do primeiro horário. Suspirando limpei a sujeira na bolsa. Uma boa manhã, uma manhã perfeita. Eu por pouco não terminei a manhã em uma ambulância... Por pouco.

O coração do CEO que esperei - Duologia Ceos Apaixonados 2Onde histórias criam vida. Descubra agora