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Três dias e eu ainda tinha aquele lenço comigo. Ontem, na aula de Sebastian eu evitei olhá-lo a todo custo, prestando atenção nos slides e em seu discurso. No entanto, eu sabia que vez ou outra ele olhava na minha direção, o calor de ser observada o delatava.

Ao terminar sua aula que nas quartas-feiras era a última, eu escapuli dele antes que seus lábios entreabertos pronunciassem meu nome. Durante o intervalo em dois dias seguidos eu evitei me encontrar ou esbarrar com ele, como se estivesse ocupada.

Hoje meu estágio tomaria a manhã toda e a tarde eu estaria livre para ir ao tal encontro que Manon arranjou para mim, com isso não o vi!

Ele deve ter percebido, pois quando entrei atrasada na sua aula na manhã anterior, fingiu não ter notado eu me esgueirar entre o grupo da Melissa - que decidiu me cumprimentar -, continuando a falar sobre cálculos. Mesmo tendo claramente me procurado fileira por fileira até me encontrar.

Eu me questionava se era coisa da minha cabeça ou ele realmente sorriu ao me ver um assento depois da Melissa.

- Elyn? - Meu pai balançou a prancheta na minha frente.

- Disse alguma coisa?

A prancheta ecoou um som oco ao atingir meu capacete de proteção.

- No mundo da lua, hein... Aconteceu alguma coisa? - Ele empurrou seu capacete para trás limpando o suor da testa com o braço. - Adam ainda está zombando de você?

Também evitei Adam, principalmente ele. Sebastian sabia ser discreto, Adam não tinha a mesma gentileza.

- Aqui. - Tirou do bolso interno da jaqueta jeans, uma passagem de avião.

Meu pai viajava bastante devido as inaugurações e projetos, por isso apenas olhei para a passagem sem muita surpresa.

- Vai para onde desta vez?

- Você vai.

Abri a boca, mas as palavras sumiram. Qual o problema deles? Eu de repente me tornei o centro das atenções, todos tinham algo para mim.

- Como assim?

Papai deu de ombros enfiando a passagem na minha bolsa aberta que eu carregava de um lado para o outro por causa do recente item que se encontrava protegido por um saquinho plástico dentro dela.

- Tenho que comparecer a uma inauguração de um hotel em Verona, mas há muito trabalho aqui e ficar por dois dias lá está fora de cogitação. O check-in está dentro do cartão da passagem, o cartão de identificação será entregue a você quando chegar lá. - comentou, brevemente.

- Eu não sei. - ponderei, mudando de ideia em seguida. - Ah, que saber, parece uma boa ideia!

Longe de Londres por um tempinho, ou seja, escondida de Sebastian e meus pensamentos conflitantes.

- Ótimo, você irá amar. - Papai beijou minha bochecha e caminhou na direção do engenheiro.

Amar? Aquela palavra andava circulando pela minha mente ultimamente, e eu nem ao menos sabia a razão concreta dela me desestabilizar. Talvez o motivo fosse Sebastian e seu insistente olhar sobre mim.

Balancei os ombros jogando contra os entulhos meus pensamentos a respeito dele outra vez.

- Isso, eu vou amar minha estadia em Verona... Principalmente o fato dele não estar lá. - murmurei, forçando meus pés a se locomoverem.

- Ei, filha! - papai gritou enquanto acenava com o capacete para mim. - Já estamos indo, vou te dar uma carona até o Campus!

- Estou indo!

O coração do CEO que esperei - Duologia Ceos Apaixonados 2Onde histórias criam vida. Descubra agora