Prólogo

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9 anos atrás

LONDRES

Me encolhi, deixando a dor me consumir. Os insultos continuavam sem eu ter feito nada. Estava demorando, eu deveria ter me preparando. O ensino médio era diferente, as pessoas já não eram mais inocentes e com um coração puro.

Eram adolescentes com corações partidos tentando partir o dos outros. Um aglomerado de paixão e desilusão. 

— Estão vendo isso? Que coisa estranha. Me responda uma coisa. — O idiota loiro deu uma olhada para os amigos que me circulavam em ofensas e insultos sem ninguém fazer nada.

Eu estava de pé segurando as alças da mochila e encarando meus all-star novo reluzindo as lágrimas que caiam dos meus olhos de encontro a ele.

— Você vê com um olho só ou enxerga uma cor com cada olho?

Que perguntinha idiota. Se eu tinha dois olhos via com ambos, não significava nada demais eu ter um olho de cada cor. Eu ter heterocromia. Como se fosse um extraterrestre vivendo entre os deuses perfeitos!

Raiva subia pela minha garganta pronta para dizer algo. Mas eram tantas palavras que se formavam que eu mal conseguia abrir a boca sem ser para ofegar de ódio.

O colégio mais caro de Londres. Do que adiantava, se estavam ali os alunos mais mesquinhos esquecendo-se de quem pagava sua matrícula. Ninguém tinha um tostão furado, eram todos babacas bancados pelos pais.

Eu não deveria ter saído do carro. Minha irmã já havia terminado, meu irmão estava doente e ficaria uma semana em casa. Sozinha em meio aos lobos. Não, lobos se preocupavam com os seus, o protegiam. Eles eram víboras que devoravam umas as outras.

— Deixa eu adivinhar. Com o olho castanho você vê tudo que é escuro e com o cinza vê o que é claro. Se é que consegue ver. Coisa ridícula. Esquisita. — Cuspiu no chão.

— Ela parece ter vindo de outro mundo. Seria um experimento que deu errado e soltaram por aí?

— Deve ser um tipo novo de humano criado em laboratório. Escutei que estão trabalhando com esse tipo de coisa no Estados Unidos.

Engoli o nó que ficou preso na minha garganta. Ânsia subiu ardente. Eu ia vomitar, minha boca salivava de ânsia.

— Aberração. — Alguém disse baixinho entre eles.

— Você é um ET? Qual seu nome esquisita? Vamos lá é Ugly? Não. Stranger? Ah, já sei, Beast-t... Filho de uma... — Alguém se juntou a eles, no entanto não para me humilhar.

Um soco. Ele deu um soco no chefinho do grupo. O louro voou de encontro ao chão.

— Está pensando que é... Argh, maldito Fesk!

Levantei a cabeça instantemente ao escutar o sobrenome familiar. Da família Fesk só havia um aluno naquele colégio, como somente um único herdeiro. O neto do Sr. Fesk.

Os óculos escuros brilhavam como diamante no garimpo. Os olhos incomuns escondidos, protegidos, atrás das lentes negras.

Ele avançou nos outros garotos que se afastaram amedrontados. O fio de seu fone de ouvido balançou ameaçador na intensidade de uma chicotada de vento. Segurava o celular enfiado dentro do bolso e usava um boné branco contracenando com as mechas de cabelo quase ruivas.

O coração do CEO que esperei - Duologia Ceos Apaixonados 2Onde histórias criam vida. Descubra agora