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Me esqueci por muito tempo da sensação daquelas notas nas pontas dos meus dedos, a melodia provinda delas e a canção que emitiam.

Uma música que toquei desde a infância, mas a perdi ao passar dos anos. Principalmente quando Sebastian foi embora. A última vez em que tocamos juntos, também foi o dia de sua despedida. Eu esqueci a música, contudo não me esqueci de sua palavras.

- Nos veremos... Algum dia.

Esse dia nunca chegou. Embora eu tenha esperado. Meus dedos instintivamente apertavam as teclas, as notas ecoando friamente pelo espaço vazio e parcialmente escuro.

Cada nota seca perfurava meu peito. Demorou um tempo até as notas se unirem em uma sintonia agradável. Elas começaram frias e cortantes, mas se tornaram melodiosas.

As vibrações da canção tocavam minha pele, meus nervos e sangue. Recordei do toque de sua mão na minha, de seus dedos maiores e mais fortes me ensinando e me guiando. Fechando os olhos vi seu rosto diante de mim.

Sebastian, pensei no mais profundo da minha mente. Uma lágrima morna brotou no canto do meu olho e quando finalmente decidiu cair me fez arrepiar. As notas se tornaram mais altas e fortes, meu toque nas teclas mudaram de suaves para dramáticos. Uma música melancólica se tornou furiosa como Moonlight Sonata 3st movement.

Melodias vibrantes e eufóricas, todo o sentimento dentro de mim se concentrou em meus dedos. A música gritava em mim de uma maneira sentimentalmente destrutiva.

- É daqui que está vindo! - Vozes ecoaram pelo espaço anteriormente banhado por minha melodia avassaladora.

Tomada pelo sentimento que esteve preso em meu coração por anos, cheguei ao apogeu de A Love So Beautiful, em um tom agudo e depois profundo. Dando a sensação de um golpe a quem ouvia e a quem tocava.

Num sobressalto abri os olhos, uma nota desordenada escapou. Manon usando sua touca de cetim azul tocou meu ombro.

Primeiro olhou nos meus olhos, lendo algo que fez suas sobrancelha quase se encontrarem num V.

- Voltem todos para seus dormitórios agora! - o segurança alertou, sua voz vibrando pelo salão lotado de estudantes usando pijamas.

Havia até alguns caras sem camisa e outros por algum motivo segurando um travesseiro.

- Estou dizendo para levantarem seus traseiros dos assentos e voltarem para os dormitórios! Já faz três horas desde o toque de recolher, se quiserem encher o salão façam isso amanhã. - alertou, mais uma vez.

Imediatamente nos levantamos e seguimos apressados, ombro a ombro, para fora. O corredor ficou mais lotado do que no horário do intervalo.

Manon jogou o braço por cima do meu ombro, enquanto a mão fria e áspera de Adam tocou minhas costas.

- Aquilo foi eletrizante, com fúria e desespero. Você tornou uma música triste, em algo interessante. A intensidade do toque era potente. Mas, não faça isso na apresentação, sabe que a mãe não vai gostar. - Adam comentou.

Ele se distanciou ao chegarmos nas escadas, porque o dormitorio masculino era do outro lado. Manon entrelaçou o braço ao meu.

- Quando ouço essa musica penso em você com o herdeiro dos Fesk. - Manon suspirou pensativa. - É uma pena ele ter ido embora.

Dei de ombros, balbuciando:

- Era o melhor para ele.

Herdeiros tem responsabilidades, eles não tem motivo para desistir de sua vida luxuosa por alguém comum.

O coração do CEO que esperei - Duologia Ceos Apaixonados 2Onde histórias criam vida. Descubra agora