2. Sob a luz do luar

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O coração às vezes faz alianças com o momento, uma má aliança que serve para nos deixar confusos sobre quem achamos ser e quem realmente somos

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O coração às vezes faz alianças com o momento, uma má aliança que serve para nos deixar confusos sobre quem achamos ser e quem realmente somos.
Os corredores escuros tomados pelo silêncio e feixes de luz noturna me trazem calafrios e andar ao lado daquele homem de expressão gélida só piora a situação; cada passo, suspiro e toque oculto de minha visão dificulta meu raciocínio, eu não consigo pensar direito e isto é o que Sr. D causa em mim. Para mim sempre foi uma certeza que seria complicado me acostumar á um novo local mas nunca imaginaria que minha recepção seria tão... Única. Presumo se eles consideram minha vinda como um presente ou total desconforto porém não alcanço um resultado positivo.
Aos poucos, a iluminação volta ao normal e percebo que tem a tonalidade diferente dos outros cômodos, é como se estivéssemos indo para um sótão escondido que eu com certeza não tinha visto ainda. Engulo em seco e procuro meu celular no bolso de minha calça, olho para a tela onde está uma foto minha com Alisha, ela é minha melhor amiga e espero encontrá-la aqui algum dia; ponho a senha e minha caixa de mensagens se abre com nada além do normal, sendo otimista "talvez apareça alguma novidade" e então eu sou alertado de minha distração com uma leve tosse, observo ao redor mas não há ninguém e duvido que o Sr.D tenha feito isso já que tem modos lapidados. Volto á mexer e novamente a tosse ecoa, desta vez próxima, rapidamente meu celular é tomado das minhas mãos e enfiado no bolso do terno, hesito atônito e trêmulo; qual direito ele tinha para tomar meu aparelho? A resposta me veio em seguida mas é incômoda, Sr.D é o dono da mansão e eu sou apenas um peso que seu pai colocou em suas costas antes de morrer; ele certamente deve estar implorando para que esse ano acabe e possa trazer várias damas e transar com todas até se cansar pois é um... Sinto muito Sr. D mas não vou ficar calado para sempre.

- Quem deu permissão para que tomasse meu celular? - resmungo mas ele sequer virou-se, apenas continua andando. Seu silêncio e formalidade me trás calafrios, mas não vou ficar quieto, aumento a voz - Devolva meu celular. Por favor.

Vislumbro um discreto sorriso, a luz já ilumina parcialmente seu rosto destaca o ar sombrio que exala tão forte. Respiro fundo tentando me acalmar, não quero dar um treco e gritar feito um louco apenas porque ele me tratou como um adolescente viciado em internet. Tomo coragem e avanço e ao tocar seu ombro, meu corpo estremeceu.

- Por favor Sr. Darkness - repito, minha voz saiu tão delicada que eu mesmo me surpreendi - pode me devolver meu celular?

Ele deu de ombros e finalmente olhou diretamente para mim, se não fosse tão mal educado, irritante e hétero, talvez eu... Não posso pensar nessas coisas, ele é a pessoa mais antipática que conheço.

- Você quer seu celular, estou certo? - assenti com a cabeça, seus olhos que transitavam entre azul e esverdeado me trouxeram um vontade imensa de estar em outro lugar, observar as ondas do mar ao seu lado... Eu realmente acho que estou ficando louco. - Contanto que não use-o durante todo o percurso ou jantar e sequer hesite em pegá-lo novamente... Eu devolvo. - Assenti discretamente e fixo meus olhos aos seus, ele põe a mão no bolso e retira-o lentamente, estendo a mão para pegá-lo com uma expressão de gratitude porém ele enfiou-o no bolso mais uma vez e enxerguei nitidamente seu maléfico sorriso não preciso dizer quão irritado e confuso estou - Terá seu aparelho ridículo quando eu quiser.

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