10. Ligações perigosas

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Apenas corra

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Apenas corra. Minha consciência dizia, no entanto meus pés faziam o contrário, mantiam-se parados mesmo que meu interior gritasse em busca de socorro. Meus olhos quase não piscavam e eu sabia que ali, sozinho, eu não seria salvo. A neblina que agora deslizava entre as moitas e árvores juntamente com a brisa fria não ajudava, deixava o cenário ainda mais sombrio e assustador. Apesar da pouca iluminação, conseguiar ver alguns raios de luz atravessando os galhos contorcidos e ao longe, pude ver que a lua, para minha surpresa, estava cheia.

Afinal, seria o Adrian um lobisomem?

Minha voz mal saía, apenas o ar gélido que transformava minhas palavras em nada, as órbitas prateadas fitavam-me curiosamente, o animal de pelugem acinzentada caminhava de esguelha como se estivesse avaliando-me, eu sabia que qualquer movimento brusco me tornaria ração de lobo, e eu sei que pensar em piadas em ocasiões como esta não é uma boa idéia. Respiro fundo, minhas mãos estão trêmulas e prontas para impedir um ataque, já o animal parece bastante confortável com a situação, logo aproxima-se devagar, sorrateiro, afasto-me dando passos para trás, sem tirar o foco do animal.

– Adrian? – algo dentro de mim insiste em perguntar, tenho quase completa certeza que é ele, afinal, quem mais poderia ser?

Num ato mais rápido, o lobo saltou em minha direção assim derrubando-me sobre a terra molhada, meu coração disparou com o impacto, rápido, o lobo estava sobre mim, rangindo ferozmente enquanto minhas mãos empurravam seus dentes para o mais longe possível do meu rosto, ele era pesado e eu sabia que não aguentaria por muito tempo, sentia meus ossos doerem ao esforço e minha cabeça girava, a escuridão ao meu redor deixava-me sonso e agora os empurrões eram involuntários, como o instinto de sobrevivência.
 
   Á cada tentativa, mais fraco eu ficava, seus dentes afiados logo destruiriam meu rosto e talvez deixasse meu corpo destroçado, eu não aguentaria muito tempo, rangia entre dentes, arrependido pela falta de noção que tive ao entrar nessa floresta.
  Quando então meus braços se cansaram, eu soube que seria meu fim, estava consciente disso. As órbitas prateadas fitaram-me por um momento, como se sentisse prazer em ver o medo em meu rosto, seu peso fazia pressão sobre meu estômago e eu já quase não conseguia respirar, foi então que de repente, ele estava prestes a encravar seus dentes em mim, era o fim, mais uma vez em pouco tempo eu estava prestes a morrer.
  Incapaz de me mover, o animal prendia-me ao chão, minha cabeça doía pelo impacto com o chão deixando-me atordoado, nem que eu tentasse poderia escapar. Suas garras deslizam pela minha camisa, abrindo rasgos no tecido e em minha pele fazendo sangue escorrer do meu abdômen, tento gritar mas minha voz não sai, o suor frio escorre pela minha testa e é difícil respirar, nem mexer meus braços consigo. Adeus.

Fechei meus olhos para tentar não ignorar a dor.

  Esperei. Esperei que uma dor lancinante destruísse meu rosto  mas não a-senti.  Num curto período de tempo, eu fiquei ali, esperando ser devorado, no entanto nada acontecia, de repente, ouço o uivo agudo e angustiado e em seguida o estalar de algo, como ossos, me fizeram abrir os olhos.
  Á poucos metros, o lobo estava caído próximo á uma árvore, debruçando-se de dor enquanto também tremia com os espasmos, sangue saía de seu focinho e sua respiração era ofegante, ele olhou-me de esguelha, como se fosse culpa minha e eu não sabia o que fazer ou dizer, eu não fazia idéia do que havia acontecido. A respiração baixa chamou-me a atenção, olho para o meu lado e lá está o homem, seus olhos estão dourados e brilham em meio á escuridão, está sério e sua expressão é de puro ódio, raiva, por um minuto sinto pena do animal.

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