18. O beijo da meia-noite

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O céu estava nublado, o gramado que ainda não estava coberto pela neve tinha um tom escuro e junto a névoa entre as árvores, trazia um aspecto ainda mais sombrio

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O céu estava nublado, o gramado que ainda não estava coberto pela neve tinha um tom escuro e junto a névoa entre as árvores, trazia um aspecto ainda mais sombrio.
Lá dentro, as pessoas bebiam xícaras de chá, ou talvez chocolate quente, certamente era isto que Isabelle estaria bebendo naquele momento.
Em meio á todo o branco gelo, o garoto de pele branca como a própria neve em que pisava caminhava em direção a árvore, tal ao qual fora proibido de se aproximar, seu pai já o-repreendera diversas vezes no entanto ali estava ele, teimoso como sempre, Adrian não podia conter sua curiosidade. O quase inaudível assobio do vento com uma melodia sombria, o peso do passado carregado nas costas de uma criança.

Suas órbitas azuis olharam para cima, o tronco era grosso e alto, seus galhos também no entanto a altura prevista pelo garoto era quase impossível de chegar, era perigoso, seu objetivo era ver a grande e colorida roda-gigante que situava-se no centro de Westford, porém como não podia sair, era permitido apenas a observa-la, o ponto rosa, amarelo, verde, laranja, seguindo um atrás do outro, certamente deveria ser divertido ver toda a cidade lá de cima.
Um suspiro profundo e suas mãos tocaram a madeira, seus olhos se fecharam por um momento e ele analisou mentalmente a textura, cada linha gravada ao tronco, poucas pessoas entenderiam. Num impulso ele pôs o segundo pé e segurou-se no primeiro galho, e assim por diante, sua respiração tornou-se ofegante no entanto não impediu que o garoto continuasse o percurso, ele iria ver pela primeira vez a roda-gigante completamente.
Acima de Adrian, um pequeno corvo sobrevoava o local, como um aviso, a pelugem negra em contraste com o cinza das nuvens. Pela manhã ouvira-se que uma tempestade se aproximava, vinda do oeste, naquele momento Alexander já tinha dado sua ordem, por nenhum motivo nenhuma das pessoas que estivessem dentro da mansão iria sair, era perigoso.
Porém ali estava o garoto de olhos azuis esperançosos, esforçando-se para chegar ao mais alto possível só para ver uma simples roda-gigante, é irônico que uma criança nunca tenha visto brinquedos, ido a um parque de diversões ou sequer frequentasse o colégio, mas o que poderia fazer? Adrian era frágil e ao mesmo tempo forte a ponto de ser uma ameaça, tudo numa complexidade imensa da qual seus pais omitem desde quando nascera. Houvera uma vez em que tentara montar um sanduíche sozinho, as criadas estavam de férias portanto ele poderia fazer o que quisesse, Alexander não se importava muito com Adrian mesmo. Seus cuidados eram apenas para que o mesmo não desse o dobro de trabalho para se recuperar. Por fim, acidentalmente ele se cortou, com uma simples faca melada de geleia, e fora um mês para que o corte se fechasse e cicatrizasse.
Ao olhar para baixo, seu coração disparou e parecia não consegui respirar, o vento frio fazia seu corpo estremecer e algo, possivelmente um resquício de medo tomou o garoto. O garoto que nada podia sentir.
Seu cachecol ficara preso num galho e atrapalhava o percurso, por tal motivo era possível ver a linha grossa vermelha na neve, suas luvas de lã cinza facilitou um pouco pois os fios grudavam na madeira, e ali estava ele, observando a enorme roda colorida que girava sem sair do lugar, os gritos eufóricos e as risadas ecoavam e podia-se ouvir ao longe, deveria ser tão divertido, voar por alguns minutos, sentir-se livre, um sonho que ele não poderia conseguir realizar... Doze anos, essa era sua idade, uma criança com sonhos destruídos dia-a-dia por elementos unidos em conjunto para um propósito: Lembrá-lo de um passado do qual não fez parte.
De repente, uma melodia ecoou pela sua mente, algo inspirador, um desejo de mudanças, esperança, amor; Por trás de algo tão belo, não poderia ser visto por uma criança, ele ainda não via o mal, seu coração ainda não fora coberto pela névoa sombria.

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