8. A escuridão de todos nós

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Há um momento em que você vê toda sua vida passar frente aos seus olhos, e quando eu vi aqueles olhos verdes e furiosos fitando-me com completa raiva, pude ver além do passado; Imaginei-me sendo lançado pelo ar como Anna, caindo e sentindo cada os...

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Há um momento em que você vê toda sua vida passar frente aos seus olhos, e quando eu vi aqueles olhos verdes e furiosos fitando-me com completa raiva, pude ver além do passado; Imaginei-me sendo lançado pelo ar como Anna, caindo e sentindo cada osso quebrando por dentro a cada mínimo movimento de sua mão, e apesar da minha ousadia em respondê-lo, e de ser visível o quão irritado ele está, consegui respostas que, resolve algumas de minhas dúvidas e certamente, se minutos depois eu estiver inconsciente no carpete desta biblioteca, estarei orgulhoso de mim mesmo.
Isso parece loucura.

– Quem te deu permissão para caminhar pela mansão como se fosse alguém da família? – suas palavras foram claras e diretas, não tenho dúvidas, no entanto não foram afiadas o suficiente para me acertar. Com o tempo, você precisa aprender a lidar com o que te incomoda, e eu aprendi...

– Posso não ser da família, mas tenho o direito de procurar respostas – minhas palavras saem rápidas e fico impressionado por não ter gaguejado – Você vê como se aqueles dois malditos dias depois da minha chegada fosse um dia qualquer, eu não.

Ele soltou uma gargalhada irônica enquanto caminhava em minha direção, e meu coração acelerava junto a seus passos.

– Então quer dizer que, com aquelas migalhas de atenção que eu te dei – respiro fundo, apesar de tudo, sei que é verdade – Você se apaixonou por mim?

Seu sorriso mostrava o quanto ele se divertia com aquilo tudo

– Eu não me apaixonei por você – rangi entre dentes, mesmo que seja mentira e eu esteja louco por ele, não irei dizer. Não vou. – Só estou confuso, você fazia aquelas coisas...

– Telecinesia? – subitamente, antes que eu pudesse responder, uma onda gélida atravessou e de repente, todos os livros da estante foram ao chão. Meu queixo caiu, era tão... sobrenatural. – Não se admira que eu consiga fazer tais coisas?

Sua expressão triunfante me irritava, era como se novamente, ele estivesse controlando o garotinho inocente. Sinto tudo, ódio, amor, frustração, atração, paixão, tudo apenas por um único e maldito homem.

– Não. Não acho surpreendente. – minhas palavras fazem-no rir, ele sabe que estou mentindo, ele me surpreende por saber o que sinto, mas como? porque?

– E isto? – Uma sorriso descarado surgiu em seu rosto e então, senti medo, seus olhos verdes mudaram totalmente de cor e uma cor inebriante tomou seu lugar, e após um tempo pude perceber que eram dourados, a luz de suas órbitas brilhavam muito, tanto que eu não podia encarar por muito tempo. Um leve toque seu na mesa de madeira escura fez um líquido negro e viscoso aparecer misteriosamente do seu carpete e deslizar como água pela superfície até cobri-la totalmente; O objeto agora era como a noite, a escuridão, e eu estava embasbacado, ondas negras movimentavam-se como um mar tempestuoso. Como ele tinha conseguido aquilo? Havia vindo junto á tal maldição?
Então, com um leve e insignificante estalo de língua do homem, a mesa se desfez em cinzas. Senti minhas órbitas ficarem prestes a pular para fora, o que ele havia feito? Como conseguiu? Essas perguntas repetiam-se em minha mente e eu não chego a questionar que talvez eu esteja louco.

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