Capítulo 6

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*Bónus*

Damon

Todos os dias eu ouvia aquela voz feminina; suave, frágil e completamente encantadora. Eu sabia de onde ela vinha, de uma princesa do palácio de Flygiar. Infelizmente, nunca a vi. Não porque não tivesse coragem, mas sim por pôr a minha identidade em jogo. Se, eu aparecesse e desse a entender que era um vampiro, para além de me apanharem e ser preso, era decapitado.

– Então Damon, que se passa? – Perguntou um dos meus melhores amigos.

– Nada demais – respondi para evitar grandes conversas.

Antes de me tornar um vampiro, eu era um príncipe. O meu pai sempre me incentivou a namoriscar com moças da nobreza, até encontrar a tal. Até que, no meio de tantos passeios pela aldeia de Mariposa, uma moça apareceu-me à frente. Ela era lindíssima, parecia uma Deusa. Era morena, bem estruturada, olhos com um castanho brilhante e um sorriso nunca antes visto. Comecei a dar-lhe demasiada conversa até que começou a fugir pela floresta adentro. Eu não sabia o porquê, não sabia se queria trocar alguns beijos ou simplesmente brincar, então, como era bastante curioso, comecei a segui-la. Ela corria muito mais do que eu e ria-se cada vez que olhava para trás. Eu não sabia o porquê daquilo, mas excitava-me, até que deixei de a ver. Fiquei a olhar para todos os lados à sua procura até que sinto algo a morder o meu pescoço, algo fora do comum, até que caí no chão quase sem forças e quando me apercebi, aquela moça lindíssima era uma vampira e aí acabei por perder todas as minhas forças. Foi o Stefan e o Jorge que me encontraram, caído no chão e aperceberam-se que dentro de determinado momento tornar-me-ia vampiro, então, levaram-me para uma aldeia de vampiros e ainda aqui estou hoje.

– Estás a pensar naquela moça?

– Eu nunca a vi – suspirei – mas ela, ela parece que está completamente irritada com algo, só que não consigo perceber o quê.

– Concentra-te calmamente e irás conseguir perceber – disse o Stefan.

Fechei os meus olhos e tentei concentrar-me o máximo que pude, até que me apercebi que ela chorava por não ter liberdade e pelo seu pai não lhe entender. Pelo que já percebi, devido aos ataques dos nossos rivais, a princesa Leonor não pode sair e isso, está a atormenta-la.

– Ela esteve a discutir com o pai, queria ir sair do palácio e o mesmo não a deixa porque acha, que irá ser atacada por vampiros.

– O pai dela tem razão – o Stefan sorriu – eu até diria que estás apaixonado por essa princesa.

– Eu apaixonado? – Dei um riso irónico – eu nunca a vi, como é que posso ficar apaixonado?

– Podes nunca a ter visto, mas conhece-a muito bem através dos pensamentos dela.

– Eu vou dar uma volta pela floresta.

– E, olhar um pouco para o palácio e pedir que ela te oiça e venha ter contigo – começou a rir-se.

Levantei-me, dei um bom jeito no meu cabelo e fui andando pela floresta. Eu precisava de espairecer e tentar não ouvir os seus pensamentos, porque cada vez que os ouvia, a vontade de ir busca-la aumentava, e eu não o posso fazer. Eu não sei como ela iria reagir ao ver um vampiro muito menos, como é que os vampiros da aldeia iriam reagir ao verem-na.

Há medida que ia saindo da floresta negra, comecei a ouvir o cantar de diversos pássaros. Aqui, havia luz, brilho e claro, vida. Coisa que não há na floresta negra. Após uns bons minutos a andar e na esperança de conseguir sentir-me vivo por uns minutos, comecei a ouvir uma moça a rir-se. Comecei a andar o mais devagar possível para perceber quem ali estava e quando me aproximo, apercebo-me que era a princesa Leonor quando a mesma perguntou "Yasmin estás aí?", eu lembro-me que a dama de companhia dela tinha esse nome, devido a uns pensamentos que a princesa Leonor tinha acerca dela.

Comecei a chegar um pouco mais perto e aí, vi o quanto linda ela era.

– Quem está aí? – Perguntava enquanto tremia de medo.

– Princesa – disse enquanto tentava ganhar coragem para a conhecer – princesa – disse enquanto tentava chegar mais perto.

Enquanto andava, apercebi-me que ela estava a vestir o mais rápido possível para fugir daquele local e em vez de ir pelo caminho certo, iria em direção à floresta negra. Eu não posso deixá-la, se ela for para lá, um dos vampiros a poderá atacar e eu não quero isso. Comecei a correr para a impedir, até que a vejo cair no chão – só espero que ela não se tenha aleijado – disse baixinho.

– Queres ajuda? – Perguntei-lhe com a mão estendida. Ela era tão, mas tão linda.

– Quem és tu? – Perguntou-me enquanto a ajudava a levantar.

– Isso interessa? – Perguntei com algum receio, se eu fosse-lhe dizer provavelmente ela iria fugir para a floresta negra porque não conhece nenhum dos locais, iria ser sogada ou então iria a correr para o palácio a gritar como uma galinha e depois seria atacado pelos guardas

– Tu...tu...és – tentava-me dizer com algum receio até que eu mesmo tomei a iniciativa de terminar a frase.

– Um vampiro – suspirei.

Mal o disse, apercebi-me que a mesma começava a recuar para trás. Ainda tentei a segurar, visto que iria contra uma árvore, mas não fui a tempo.

– Não me vais matar pois não? – Perguntou-me. Ela estava completamente assustada e com medo que eu fosse fazer-lhe algum mal.

– Jamais te faria mal – sorri – eu e os habitantes da minha aldeia, não matamos ninguém – disse-lhe mesmo sabendo que a Cloe é capaz de matar um humano, como ela ainda é novata, não consegue se controlar muito bem.

Enquanto ela tentava dizer-me alguma coisa, apercebi-me que a sua dama de companhia viria em nossa direção.

– A minha amiga está a vir – disse-me e eu sorri.

– Eu sei, está a 30 metros daqui.

– Como é que tu sabes? – Perguntou-me com um olhar, de quem estava completamente curiosa.

– É um dos nossos poderes – disse-lhe enquanto me afastava com um sorriso – espero, um dia voltar a ver-te.

– Qual é o teu nome? – Perguntou com um enorme sorriso.

– Damon – sorriu para mim e eu fui-me embora.

Nunca pensei que finalmente iria conhecer a princesa Leonor, ainda por cima desta forma. Nunca pensei que ela fosse tão linda, principalmente, a cor daqueles olhos, azuis esverdeados.

Comecei a andar em direção da minha aldeia – agora sim, o Stefan pode dizer que estou apaixonado.

A herdeira do trono de FlygiarOnde histórias criam vida. Descubra agora