"vais-te portar bem, anão"

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O jantar acabou tarde. Para além de se demorarem a comer, por causa de conversas que surgiam aqui e ali, o grupo de amigos decidiu ainda ir sair, ficando a divertir-se até altas horas da madrugada. 

Quando Eva acordou na manhã seguinte, as pernas doíam-lhe e os seus lábios estavam secos. Ao olhar para o lado e ver uma garrafa cheia de água, a rapariga quis agradecer ao seu eu sóbrio da noite passada por ter sido tão precavido, bebendo de imediato um gole que lhe soube a vida

Depois de alguns minutos a lutar contra a sua ressaca e contra a dor de cabeça que começava a formar-se, resolveu levantar-se da cama e tomar um banho quente. Assim que saiu do banho, lavou os dentes e voltou a passar água na cara, desta vez fria, sentindo-se melhor de imediato.

Com calma e tempo, dirigiu-se à cozinha do seu recém comprado apartamento, onde fez panquecas e um sumo de laranja natural para o seu pequeno-almoço. Comeu e arrumou aquela divisão, voltando então para o seu quarto onde vestiu algo casual e prático. Estavam no início de maio, mas já começavam a surgir dias quentes e Eva queria aproveitar aquele para ir passear pela sua cidade, matando saudades dos prédios, das lojas, das pessoas.

[...]

A alguns quilómetros de distância, Rafa preparava-se para um novo jogo. O plantel do SL Benfica estava a caminho de Vila do Conde, para disputarem a 32.ª jornada do campeonato; o jogo contra o Rio Ave era fundamental para a equipa consolidar a sua liderança, estando a apenas seis pontos de conquistar o inédito tetracampeonato na história do clube. 

No autocarro, alguns dos rapazes iam em animadas conversas com o colega do lado, enquanto outros, como o número vinte e sete, limitavam-se a ouvir música, distraindo-se do ambiente e concentrando-se no jogo que estava para vir. Com apenas dois golos marcados desde a sua chegada à equipa, o rapaz sentia a necessidade de mostrar mais de si e de provar aos adeptos que era merecedor da sua confiança e do lugar no plantel do clube. Acima de tudo, Rafa precisava de provar a si mesmo que era capaz e que não estava a perder qualidades.

O autocarro parou, despertando o jogador dos seus próprios pensamentos e fazendo-o acompanhar a restante equipa enquanto estes saiam do veículo. Os rapazes dirigiram-se todos ao balneário dos visitantes do Estádio dos Arcos, dado que faltava pouco menos que hora e meia para o início da partida.

Depois de se equiparem, os rapazes do Benfica deixaram que um clima de descontração se apoderasse do balneário. Por momentos, o plantel conseguiu abstrair-se do jogo que estava por vir, afastando a pressão e os nervos e aproveitando a companhia uns dos outros, conversando e rindo. O momento foi então interrompido quando o treinador entrou na divisão, fazendo com que a atenção se concentrasse na sua figura.

- E então rapazes, prontos para o jogo? - Rui Vitória pergunta, recebendo respostas variadas e descoordenadas, embora todas elas fossem afirmativas. - Boa! Como sabem, é um jogo especialmente importante para reforçarmos a liderança. Estamos apenas a pequenos passos de fazer história e não podem haver deslizes!

- Sem pressão! - Pizzi acrescentou do fundo do balneário, provocando o riso entre todos os seus colegas e até no mister, que não conseguiu controlar uma gargalhada.

- Ora bem, - o homem disse, retomando o seu discurso e acalmando os ânimos. - onze inicial: Ederson, Nélson Semedo, Luisão, Lindelöf, Grimaldo, Fesja, Pizzi, Jiménez, Jonas, Cervi e Rafa.

O número vinte e sete levantou a cabeça ao ouvir o seu nome. Depois de nem sequer ter jogado na jornada anterior, o jovem jogador não estava à espera de estar no onze inicial desta, o nervosismo e a gratidão apoderando-se de imediato do seu corpo.

O treinador da equipa logo retomou o que estava a dizer, incentivando o onze inicial e dizendo aos suplentes para não pensarem menos de si mesmos por não terem sido escolhidos desta vez porque "uma vez são uns, outra vez são outros". Reforçando novamente a importância do jogo, e voltando a referir-se a ele como "uma final", Rui Vitória concluiu dizendo a todos que dessem o seu melhor e que nada mais era exigido deles, procedendo depois a cumprimentar todos os seus jogadores, num gesto de carinho e confiança.

A quinze minutos do início do jogo, os rapazes foram então para o relvado do estádio, fazendo exercícios de aquecimento e conversando entre si.

- Vais-te portar bem, anão, eu sei que sim! - Pizzi disse, notando o nervosismo de Rafa e batendo nas suas costas, tentando passar-lhe alguma confiança.

- Nota-se assim tanto, comandante orelhas? - o número vinte e sete respondeu, não evitando sorrir com as palavras do amigo.

- Não, só um bocadinho! - o outro ironizou e ambos voltaram a partilhar uma gargalhada, fazendo com que Rafa se sentisse a descontrair aos poucos.

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Em Braga, Pedro havia insistido para que o grupo de amigos se voltasse a juntar; uma vez que o seu clube já tinha jogado, há dois dias atrás, o ex-colega de equipa de Rafa estava livre para aproveitar e achou que seria uma boa ideia se todo o grupo se juntasse para ver o jogo do Benfica naquela noite. O grupo juntou-se então na casa dele, juntamente com a sua mulher e o pequeno Martim, onde jantaram, desta vez sem álcool à mistura, e depois se sentaram a ver o jogo. 

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Mensagens ▪ Rafa Silva

Pedro

em honra aos velhos tempos, estamos todos a ver o jogo! boa sorte parceiro!

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em honra aos velhos tempos, estamos todos a ver o jogo! boa sorte parceiro!

habits of my heart || rafa silva [pt]Onde histórias criam vida. Descubra agora