“Apenas aguente firme.”
Sherry P.O.V
Agora
Ajeitei meu casaco e entrei no carro de meu pai, colocando o cinto enquanto ligava o som.
— Essas rádios estão cada vez mais repetitivas. Querem repetir músicas, apoio repetir Mercy. — Disse, bufando e conectando meu Bluetooth no do carro, pondo uma das músicas do Shawn da minha playlist. — Agora sim!
— De novo, Sherry? — Meu pai revirou os olhos, rindo. — Você não enjoa?
— Enjoar? — O olhei com a mão no peito, em um gesto de ofensa. — Desculpa, não dá para enjoar da melhor voz masculina da atualidade. — Disse, sorrindo e aumentando mais o som do carro.
Percebi uma risadinha vir do meu pai, porém não dei muita bola. Virei-me e observei o movimento do lado de fora do carro, encostando a cabeça no vidro.
Hoje estava fazendo mais um ano que minha mãe morreu. E um ano que eu passei a viver.
Primeiro de tudo, terei que explicar o porquê de não ter me suicidado. Foi porque, mesmo que indiretamente, levei aquela música como uma mensagem da minha mãe para mim. Era como se cada estrofe, cada verso, cada palavra fosse enviada por ela.
Há um ano atrás, eu estava desistindo de tudo. Desistindo de tudo porque acreditava que minha mãe não estava mais ao meu lado, que ela havia me abandonado e não se importava mais comigo. Mas eu estava enganada.
Ela sempre esteve comigo.
Em todos os meus piores momentos, ela estava comigo. Ela poderia estar longe, mas isso não significava que ela tinha ido.
Desde que ouvi aquela música, um grande e doloroso processo foi iniciado na minha vida. Tive que me desfazer de tudo, mas o mais difícil de todos foi me desprender dos meus demônios. É um pouco complicado de explicar, na verdade, muito complicado, mas tentarei.
Denomino “meus demônios” aqueles sentimentos suicidas, aquelas vozes que pediam para que eu me mutilasse, as noites mal dormidas e, principalmente, a culpa.
Com certeza, dentre todas, a pior foi a culpa. Durante o ano retrasado inteiro, eu me culpei pela morte da minha mãe. Me culpei por algo que não era minha culpa e, graças a Deus, entendi isso. Amo minha mãe, demais, e a saudade sempre irá existir, porém, aprendi a lembrar de todas as coisas boas, de suas palavras e que ela estava feliz por mim. E eu sabia que ela estava.
Ainda estava indo para escola, no último ano do ensino médio. A partir dali, poderia começar a pensar na minha bela faculdade de medicina. Meu psicólogo me disse que seria uma maneira de tornar o processo mais rápido. Se eu fizesse algo que minha mãe queria que eu fizesse, teria certeza que ela estaria feliz por mim, então é isso que irei fazer. Vai ser um pouco difícil, mas vou tentar.
E o que vem depois, que me impediu de tirar minha própria vida, foi o cantor da música que me salvou.
Shawn Peter Raul Mendes.
Aquele garoto, além de ser super fofo, era lindo. Não sei se posso denominá-lo como um dos motivos que me fez continuar aqui, mas vou. Ele conseguiu transmitir tantos sentimentos em uma única música, que foi impossível não me apaixonar. Virei Mendes Army a partir do momento que aquele áudio chegou aos meus ouvidos.
Mais um dos motivos foram Clary e meu pai. Assim que Clary recebeu minha mensagem, ficou me perguntando o que eu ia fazer, e, como eu estava paralisada pela música, uns dois minutos depois — fato que eu estranhei, porque ela mora a 10 minutos da minha casa — ela bateu na porta do meu quarto, me encontrando em lágrimas e chocada. Quando contei a ela que ia me suicidar, ela chorou junto comigo. Ela não sabe dos meus cortes. E nem vai saber. Não quero que Clary sofra como eu sofri.
VOCÊ ESTÁ LENDO
We Are Real - Shawn Mendes
FanfictionUma garota. Um cantor. Um segurança. Um show. Todos interligados e despertados em algumas mensagens. Sherry Flaribay é uma jovem de 17 anos que vive junto com seu pai em Nova York, Estados Unidos. Um acidente trágico que levou à morte de sua mãe, a...