Meu doce Veneno

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Meu doce veneno

Andamos pelos corredores, já escuros do museu e com ajuda das lanternas do celulares nos adentramos a área da cultura indiana. Lacey fala sobre os costumes e os deuses da índia, enquanto faz eu tirar fotos dela com a estátuas, do período em que o sexo era considerado ritual sagrado e cultuado em forma de deuses com órgãos sexuais enormes.

Ela era o oposto de Carolina, falava alto, era extrovertida, e tinha um certo dom para maliciar qualquer coisa. E apesar do meu relacionamento com a Carol ter sido baseado na frase "os opostos se atraem", já não tinha muita certeza dessa afirmação, pois Lacey se parecia muito comigo, psicologicamente falando, e a essa altura eu estava me sentindo, realmente atraído por ela.

Quando chegamos a parte de cultura egípcia vejo os olhos dela se iluminarem e como uma criança numa loja de doces, ela saiu saltitando por entre as fileiras, recheadas de artefatos antigos.

- Olha só, esse é Akhenaton. Sabe dizer algo sobre ele? - Ela questiona parada a frente de uma estatueta, com aquela cara de quem vai me dar uma aula de história.

- Ele foi um faraó e tinha uma cabeça grande? - Falo constatando ao observar a estatueta.

- Ele instaurou o monoteísmo no Egito, ou seja, foi o primeiro chato a enfiar sua crença goela abaixo nos outros. - Ela diz ainda admirando a estatueta e continua. _ Também foi o pai de Tutankhamon.

- Interessante. Tutankhamon, aquele da maldição do faraó?

- Esse mesmo e sabia que o Egito tinha um festival dedicado a cerveja e o sexo? - Ela diz com um sorriso malicioso.

- Sério? Isso parece divertido. - Falo me aproximando.

- Na verdade era um festival para acalmar Sekhmet, uma deusa muito brava. Então para que ela não derramasse sua fúria sobre os egípcios, eles precisavam ficar bêbados e quando se junta pessoas embriagadas seminuas, bom você sabe o que acontece.

- Você fez sua lição de casa. - Falo impressionado.

- Eu tenho pais malucos que me arrastam para todo o lugar. - Ela diz, e eu chego mais perto, levando meu rosto perto dela com um sorriso. E ela me dá um "olê" se desviando dos meus lábios.

- Não se anima não, já falei que você tem muita bagagem para mim. E a regra da minha família é, nunca leve o que não puder carregar. - Ela fala me arrancando um riso.

- Isso é preconceito sabia? Não tem medo de eu fazer um texto no facebook, reclamando sobre a solidão dos pais solteiros? E como as mulheres nos tratam como cidadãos de segunda classe?

- MiMi MiMiMii. E sobre aquele dia, eu não costumo levar caras que eu mal conheço para casa, geralmente eu faço eles pegarem um jantar antes, aí compensa se forem péssimos na cama, mas eu tava bêbada e chateada.

- Não parecia chateada. - Digo iluminando o rosto dela com o celular e ela faz o mesmo, ofuscando meus olhos.

- Meu namorado, veio me encontrar em Roma, só para me dar um fora. Acredite eu estava chateada.

- Ele deve ser um idiota. - Falo com um sorriso.

- Está uma noite linda e já ouvi falar que o telhado desse lugar, tem uma das vistas mais bonitas da cidade.

- Você quer mesmo nos meter em encrenca né? - Pergunto.

- Tou me esforçando para isso. - Ela fala me olhando profundamente. E embora meu eu racional dissesse para voltar para aquela festa chata, o adolescente rebelde dentro de mim a seguiu pelas escadas de serviço até o terraço e realmente era uma das coisas mais bonitas que eu vi.

Minha vida em pequenas Escalas  [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora