Capítulo trinta e dois.

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Narrado por Madison.

Quando todos entraram no ônibus, eu e Luke nos afastamos. Acabou que não viajaríamos naquela noite, por isso Luke e Aria foram para um hotel, enquanto o resto de nós decidiu permanecer no ônibus. Enquanto os meninos ficavam entre as camas conversando, eu e Mary nos aconchegamos na menor cama de casal do mundo, com Hook entre nós.

- Ainda não acredito que vocês discutiram. –falei assim que ela contou sobre a discussão no camarim-

- Eu quero que ela vá embora da mesma forma que você quer, amiga. –Mary falou e eu sorri-

- Você tem reparado no Luke? –perguntei baixinho e Mary franziu o cenho- Ele anda estranho. –eu falei com o peito apertado-

- Estranho? –ela perguntou e mexeu nos seus cabelos- Deve ser o cansaço. Os meninos estão muito cansados. –ela falou e eu balancei a cabeça-

- Não é isso, Mary. –eu murmurei e ela me olhou- Eu sinto que é algo mais.

Já faz um tempo que acho estranho o comportamento de Luke. Tento insistir para mim mesma que a mudança é desde os tempos que ficamos afastados, mas algo dentro de mim me diz que não é isso. Eu olho para Luke e sinto que sua essência é a mesma, mas ele está diferente. Queria negar, mas a verdade é que eu ainda sou muito conectada com Luke. No fundo mesmo, ainda o vejo como meu melhor amigo protetor que me dava beijos no ombro. Ainda sinto um aperto no peito por notar que hoje ele é apenas uma pessoa que um dia pegou meu coração e não o devolveu mais. Me sinto unida e afastada de Luke ao mesmo tempo. Nossas vidas estão diferentes, nossas mentes em outras frequências e mesmo assim eu ainda o quero como queria no passado. Ainda sinto o mesmo que sentia no passado, mas não sou mais uma menina. Não sou mais fraca e rendida a ele. Agora não posso me render. Por Aria, pela fama, e pela vida. Creio infelizmente que eu e Luke não fomos feitos para ficarmos juntos.

- Mad? –ouvi Mary me chamar e notei que estava devaneando- Não precisa se preocupar com ele, ok? Ryan cuida dele como um filho, ele não deixaria nada acontecer com o Luke. –ela murmurou fazendo carinho na minha mão e eu suspirei-

- Tenho medo que já tenha acontecido, Mary. –murmurei e balancei a cabeça- Vamos mudar de assunto. –pedi, querendo acabar com aquela angustia-

Pelas próximas horas eu e Mary conversamos sobre algumas coisas. Os meninos se juntaram a nós em algum momento e depois fomos todos dormir. Quando amanheceu, eu fui a primeira a acordar. Os meninos estavam de fato muito cansados e só acordavam quando alguém os chamava. Era cedo e eu caminhei pelo corredor estreito do ônibus, passando pelo sofá que tinha a mochila de Luke, evidenciando que ele já havia chegado. Olhei para o corredor para as camas, e a sua estava com a cortina fechada. Provavelmente ele estava dormindo. Não ouvi quando ele chegou.

Mexendo no meu celular, abri a porta do banheiro e pulei quando vi Luke lá. Mas susto mesmo foi que ele tomou. Ele estava inclinado na pia, e se levantou prontamente quando a porta se abriu. Luke estava pálido, o que realçava muito seus olhos azuis, e fazia com que ele parecesse estar mal. Olhei para a pia por uma fração de segundos e tudo se encaixou na minha cabeça. Porém, perdi as forças e meu celular caiu no chão. Até ouvi o barulho da tela se quebrando, mas só consegui olhar a pia onde um pó branco estava espalhado.

Só reagi quando vi Luke tentar fechar a porta, e o impedi. O empurrei com força e entrei no banheiro com ele. A porta foi fechada, mas por mim. Luke tremia, com a testa suada e os lábios ressecados. Eu sentia meu coração bater tão forte que tinha medo que os que estavam dormindo ouvissem. Luke parecia prestes a chorar, mas não disse nada, apenas me olhou e esperou.

Me sentia em choque, como se eu tivesse assistido Luke tentar se matar na minha frente. Me sentia triste, suja, com raiva. Sentia tanta coisa que parecia que eu ia explodir. Quando vi, estava socando Luke. Seus ombros, depois seus braços já que ele tentava se proteger, e então eu socava tudo o que estava na minha frente, sem me importar se era o rosto, a barriga, a cabeça. Luke não reagiu, não tentou se afastar, só colocou os braços na frente do rosto e aceitou. Ele sabia que merecia. Ele estava perdido. Eu sabia que ele estava! Ele me disse que estava!

Quando ele caiu no chão do banheiro minúsculo eu parei de soca-lo, e ofeguei, me encostando na porta. Luke abraçou os joelhos e balançou a cabeça, não me olhando de jeito nenhum. Eu passei as mãos pelos cabelos, me sentindo desesperada e olhei para a pia. Caminhei até lá e abri a torneira, passando água pelo pó e vendo-o sumir pelo ralo. Uma carreira apenas, de muitas que Luke já deve ter cheirado.

- O que está fazendo? –ouvi sua voz desesperada e logo fui empurrada para trás, enquanto um Luke furioso passava na minha frente e desligava a torneira-

Eu senti meu coração parar por segundos, vendo que Luke reagiu daquela forma por eu ter acabado com sua droga. Era pior do que eu pensava. Luke estava viciado!

All That Matters. Livro dois. (L.H)Onde histórias criam vida. Descubra agora