Narrado na terceira pessoa.
- Eu disse que aquela pizza antes de entrar no avião não ia cair bem. –Thomas murmurou assim que Madison sentou ao seu lado, com o rosto pálido e a testa suada-
- Quanto tempo falta? –ela perguntou com a voz fraca e deitou sua cabeça no ombro do amigo-
- Para chegar em Sidney? –Thomas perguntou rindo e Madison assentiu- Tipo, umas 18 horas. –ele respondeu e ela gemeu- Pede um suco. –ele sugeriu e ela fez careta- Ih, amiga, intoxicação alimentar. –ele falou passando seu braço pelos ombros da morena- Vomitou? –ele perguntou e ela assentiu- Escovou os dentes? –ele perguntou e ela riu de leve, assentindo de novo- Que nojinho. –ele falou e beijou sua testa- Toma algum remédio para dormir. –ele sugeriu-
- Tem alguma coisa? –ela perguntou e ele mexeu em sua nécessaire-
- Tenho. –ele disse e entregou um frasco de comprimidos para ela- Toma um só, ok? –ele falou e ela assentiu-
Madison dormiu por quase metade da viagem. Depois de acordar, vomitou mais uma vez e esperou, junto com Thomas até que chegassem à Austrália. Quando finalmente chegaram, Madison quase chorou de alivio. Não aguentava mais ficar naquele avião. Ela e Thomas saíram do avião, pegaram suas malas e estavam prestes a ir de atrás de um táxi quando avistaram Mary. Depois de muitos abraços, os três foram embora.
- Porque ficou tanto tempo em Londres? –Mary perguntou manobrando o carro para sair do estacionamento do aeroporto-
- Hm... –Madison hesitou e Mary a olhou brevemente, sentada ao seu lado-
- Medo da realidade. –Thomas respondeu no banco de trás, mexendo em seu celular- Como Luke está? –ele perguntou largando o celular-
- Completou um mês de internação no inicio da semana. Os meninos vão varias vezes durantes as semanas. Eu fui só uma vez, ainda me dói muito ver Luke nessa situação. –ela falou e Madison olhou pela janela-
- Mas como ele está lidando? –Thomas perguntou-
- Ele está mais... Calmo. –ela deu de ombros- Só agora conseguimos notar que Luke realmente estava diferente na turnê. Ele parecia sempre nervoso, inquieto. Agora ele está calmo, com a voz baixa, cabisbaixo. –ela disse e se encolheu- Teve uma crise de abstinência na semana passada. A primeira do nível alto, foi o que o médico falou. –ela disse e Madison finalmente a encarou- Parece que... –ela hesitou antes de continuar- Foi como se ele fosse outra pessoa. Eu e Calum fomos jantar com ele e aconteceu. Ele... –sua voz embargou- Ele começou a suar, ficou vermelho, e começou a mexer nas gavetas do quarto, procurando algo que nunca estaria ali. Eu e Calum fomos ficando nervosos. Era de noite, havíamos acabado de jantar e estávamos fazendo companhia para ele por um tempo no quarto. Luke então mudou. Virou outra pessoa. –ela falou e Madison fechou os olhos- Ele gritou com a gente, depois se ajoelhou, implorou pela droga, e Calum chorou, jurando que não tinha nada com ele. Depois ele tentou fugir, mas eu tranquei a porta. Ele avançou em mim, eu pensei que ele ia me bater, mas ele me segurou pelos ombros e chorou, parecendo uma criança ferida. Ele sussurrava "Por favor, Mary, consegue para mim. Eu tô precisando". –ela limpou uma lágrima-
- E o que aconteceu? –Thomas perguntou tenso-
- Uma enfermeira abriu a porta, junto com dois médicos. Luke esfregava a mão no peito, dizia que estava queimando. Que precisava da droga, que ia morrer se não dessem. Chorava muito, o rosto lavado em lágrimas, e então começou a vomitar e a gritar de dor. Dor no peito, dor na cabeça. Apertava a cabeça, dizendo que ir explodir. –ela respirou fundo- Depois do calmante, Luke caiu desmaiado na cama. O médico mandou eu e Calum irmos embora. Calum saiu antes de mim, chorando muito. Eu só beijei a testa suada dele e sai de atrás dele. Eu e Calum tivemos uma crise de choro no carro por meia hora antes de sairmos do estacionamento da clínica. –ela disse e olhou Madison- Não é um caminho fácil, amiga. Não é fácil para a gente, e muito menos para ele. Está doendo. É dor física, Madison. É o corpo dele implorando por aquilo que estava matando ele.
Madison controlava o choro, olhando suas mãos. Queria vê-lo, mas sabia que não teria coragem ainda. Mesmo assim, não deixaria Sidney até que Luke estivesse bem novamente. Eram conectados. O que ele sentia, ela sentia. Ela precisava que ele estivesse bem, para que ela se sentisse bem também.
- O que os médicos falam? –ela perguntou baixinho- Tem volta? Ele pode sair dessa? –ela perguntou-
- Só depende dele. –Mary falou- Não existe um remédio, não existe uma cura concreta. Luke vai ter que lutar todos os dias para isso. Foi o que o médico falou. –ela parou em um sinal vermelho e olhou Madison- Um vicio desse nível não tem cura, Mad. Cada dia da vida do Luke vai ser uma batalha para ele lutar. A única diferença, é que com o passar do tempo a dor vai diminuir. Vai diminuindo aos poucos, até que seja só um desejo pequeno e subjetivo. Mas vai estar lá, e Luke vai ter que controlá-lo.
- Ele vai ter outras crises? –Madison perguntou-
- Não desse nível. Ou melhor, provavelmente não. –Mary respondeu- Isso foi a prova que o corpo dele está se desintoxicando. Ele vai passar mal, vai doer, mas... Não será mais tão difícil. –ela falou-
Madison voltou a ficar em silencio, só pensando a respeito daquilo. Thomas fez carinho em seu ombro e tratou de mudar de assunto com Mary. Mesmo assim, Madison ainda olhava pela janela e pensava em Luke. Torcia em silencio para que ele fosse forte. Para que ele lutasse.
Madison tinha um apartamento só dela na cidade. Comprou quando começou a fazer sucesso como modelo. Era perto do prédio que sua mãe morava, mas mais perto ainda da casa de Mary. Foi para lá que Mary dirigiu.
- Eu volto de noite para jantarmos, ok? –Mary falou assim que Madison e Thomas desceram do carro com suas malas-
- Ok. –eles responderam e se despediram-
Quando entraram no apartamento, Madison franziu o cenho. O apartamento estava limpo! Mesmo que fizesse meses que ela não ia ali. Não tinha nem sequer poeira nos móveis. Ela caminhou confusa pelo lugar bem decorado e moderno.
- Minha mãe deve ter mandado alguém para limpar. –ela falou dando de ombros e caminhou até a cozinha- Estou morrendo de fome. –ela falou entrando na cozinha e então pulou de susto, para segundos depois, abrir um largo sorriso verdadeiro e puro- Maria! –ela gritou e correu para os braços de sua segunda mãe-
- Oh, carinho. Que saudade. –ela ouviu e fechou os olhos, se permitindo esquecer o presente e se focar no amor que Maria lhe passava-
Era disso que ela precisava. Isso lhe daria forças.
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All That Matters. Livro dois. (L.H)
FanfictionTrês anos se passaram! O namoro a distância que Luke e Madison tentaram... Bom, não durou nem seis meses. Por falta de amor não foi, mas as vezes a vida nos prega peças, e a distância só ajudou a esfriar algo que, por culpa do tempo, já estava frio...