Emboscada - Parte 1

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O mundo dos feiticeiros estava passando por um tempo de trevas, o clã das trevas, Serith, estava espalhando terror por todo lugar. Não se via mais pessoas nas ruas a noite, devido ao imenso medo que sentiam e o clã crescia cada vez mais. Todos os dias saíam notícias nos jornais sobre assassinatos cometidos pelos Serith, depois da divulgação de uma parte da profecia a situação só piorou, ataques a famílias que acabaram de dar a luz a crianças de cabelos escuros aconteciam todos os dias e muitas crianças estavam morrendo.

Era praticamente impossível localiza-los, pois eles estavam em constante movimento. O chefe do clã enfeitiçou a mansão em que eles ficavam e ela mudava de lugar todo dia, sendo que cada semana eles estariam em um bairro diferente pelo Brasil.

Na melhor das hipóteses, esse seria o momento mais difícil e sombrio da história dos feiticeiros. Na pior seria essa criança sucumbir ao lado das trevas, fazendo com que esse mundo não visse a luz por longos anos.

Santa Catarina – Junho de 2005

Um portal feito de água se abriu em uma rua perto do que parecia um parque. Uma mulher segurando um bebê junto a um menino de cabelos escuros saiu de dentro desse portal. Eles começaram a andar em direção ao parque e logo puderam ler o que dizia em uma placa “Parque Municipal da Lagoa do Peri”. A mulher então pode reconhecer onde estava e logo já sabia para onde ir. Ela seguiu em direção a uma ruazinha bem escondida, onde chegou em uma casa que demonstrava ser mais humilde que as demais. Logo eles entraram no local, sentindo o calor que estava lá dentro, livrando-os do frio que estava do lado de fora.

-Bruno, os nossos quartos ficam lá em cima, você e sua irmã irão dormir no mesmo quarto. Se quiser já pode tomar um banho e ir dormir – Maria disse enquanto fazia alguns gestos com a mão livre e se concentrava no feitiço em sua mente “Praesidium” que daria proteção aquela casa.

-Nós já estamos seguros aqui, tia Maria? – o menino perguntou, tentando procurar ficar mais tranquilo com a situação que estava passando.

-Estamos sim, meu filho – a mulher disse calma e com um sorriso no rosto – creio que aqui ficaremos seguros por um tempo – ela disse olhando em volta – agora vá tomar seu banho que já está na hora de dormir.

A casa em que estavam agora, é uma propriedade dos Velasques que ninguém sabe da existência, nem mesmo aparece que alguém mora ali. Mesmo sendo de total segredo, os pais de Luna e Bruno mantinham o lugar limpo, preservado e com suprimentos por já saberem que algo assim poderia acontecer a eles depois de suas últimas ações. O local era em um todo aconchegante, lembrava a antiga casa das crianças, mas um pouco menor.

O feitiço de proteção que a parteira tinha colocado na casa, fazia com que as pessoas que estavam do lado de fora, vissem a casa como se ninguém estivesse nela, com luzes apagadas e sem nenhum movimento do lado de dentro. Também não conseguiriam ouvir os sons emitidos ali.

Bruno saiu da sala indo em direção ao banheiro, seguindo as ordens de sua mais nova tutora.

Maria foi para o banheiro secundário, preparou a banheira de Luna e começou a dar banho na menina. Ela teria que ser o mais rápida possível, pois ainda tinha que avisar ao Clã Angeli (clã considerado a lei do mundo dos feiticeiros, podemos dizer que são os “policiais”) o que havia ocorrido aos Velasques.

Após alguns minutos Bruno aparece no quarto onde Maria já secava Luna e começava a vestir a menina. Ele já estava vestindo seu pijama e com meias nos pés.

-Maria, tô com fome, pode preparar alguma coisa? – o menino deitou na cama enquanto falava e se cobriu.

-Posso sim, pequeno. Espere só alguns minutos – a parteira colocou Luna dentro do berço e então saiu do quarto indo em direção ao escritório que tinha no andar de baixo.

O Mundo dos Feiticeiros - ÁguaOnde histórias criam vida. Descubra agora