Caminho faminto parte 2

84 102 1
                                    

Bruno envolveu a namorada morta em seus braços, a abraçou forte e continuou a chorar. Ele não conseguia acreditar que aquilo realmente tinha acontecido e suas lágrimas não paravam de cair. O professor ficou nessa posição por longos minutos enquanto Mari, Eduardo e Leo ficavam em volta deles, observando-os cheios de lágrimas nos olhos.

- Professor... – Mari colocou a mão no ombro de Bruno.

- Lia'or me avisou e mesmo assim eu deixei que isso acontecesse. Se eu não tivesse dormido... – Bruno falava entre soluços.

- A culpa não é sua, ninguém podia imaginar que um monstro desse iria aparecer – Léo se abaixou perto do professor e colocou a mão no braço dele.

- Bem, vou ter que perguntar; o que vamos fazer com o corpo dela? – Eduardo parou em frente a Bruno, seu rosto não expressava sentimento algum e parecia que ele tinha sido o único que não chorou.

- Eduardo! – Marianna olhou brava para o irmão – isso não é hora.

- O que? Só tô perguntando. Vocês não esperam que eu viaje com o corpo de uma morta do meu lado né? – Eduardo olhou para professora morta, um brilho de satisfação quase pôde ser visto em seus olhos.

- Sai daqui! – Mari começou a bater no braço do irmão e a empurra-lo pra trás – vai olhar a sua namorada e deixe o Bruno em paz.

Bruno largou o corpo de Rita no chão e permaneceu alguns minutos ainda a olhando. Em seguida ele se levanta, a pega no colo e a coloca na água.

- Eu não quero larga-la nessa floresta, não posso fazer isso com ela – Bruno olha pra Léo – congele o corpo dela, por favor.

- Você vai levar ela conosco? – Mari para ao lado do professor.

- Desculpe, mas sim – As lágrimas continuavam caindo de seus olhos.

- Eu entendo. Se a mantermos congelada pelo caminho, o corpo dela não apodrecerá. No templo da água poderemos fazer um enterro pra ela – Mari abraça o professor, ela sabia que ele precisaria de apoio agora.

- Vou congela-la – Léo começa a controlar a água do rio fazendo com que ela se envolvesse no corpo de Rita e logo depois a transforma em gelo, junto a um pedaço do rio próximo a Rita.

- Ela vai ficar aí resto da noite pra descongelar mais devagar – Bruno senta na margem do rio, dobra as pernas e as abraça, encostando o queixo no joelhos – vocês podem ir dormir, eu vou ficar aqui.

- Qualquer coisa me chama – Mari tocou o ombro de Bruno novamente e se afastou indo em direção a Luna e Eduardo.

- Você não tem jeito – Mari se abaixa e segura os braços de Luna – agora me ajude a leva-la pra dentro da barraca.

- Não acredito que vamos viajar do lado de uma morta – Eduardo segurou as pernas de Luna e ajudou a leva-la pra dentro da barraca.

Léo foi até Raquel que ainda permanecia imóvel com os olhos arregalados e a levantou. Ele colocou o braço da menina em volta de seu pescoço e a levou pra dentro da barraca, colocando-a deitada em sua cama. Quando ele ia se afastar, ela agarrou seu braço.

- Ei, calma. Já passou – Léo se abaixou e olhou nos olhos de Raquel.

- Dorme comigo, não me deixa sozinha por favor – Lágrimas encheram os olhos de Raquel.

- Tudo bem – Léo esperou que a menina chegasse para o lado e deitou, a abraçando em seguida.

Mari e Eduardo colocaram Luna em cima de uma cama e Mari a cobriu com um cobertor. Eduardo deitou na cama ao lado e logo caiu no sono.
Marianna sentou na cama perto dos pés de Luna e permaneceu ali olhando a amiga por longos segundos. A cena de Luna com um tronco atravessado na barriga invadiu sua mente e seu coração ficou apertado, ela poderia tê-la perdido ali e nem poderia ter feito nada, pois era fraca.

O Mundo dos Feiticeiros - ÁguaOnde histórias criam vida. Descubra agora