O Grande dragão da Água

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O caminho do lago até o palácio foi longo, porém eles mal a notaram. Por todo o caminho eles viam e se encantavam com criaturas mágicas maravilhosas, todas eles pensavam estar extintas desde a época da Primeira Guerra Mágica, onde bruxos do mal, criaturas das trevas e aqueles do bem entraram em guerra pelos animais mágicos. O lado do mal queria utilizá-los para fazer armas com suas energias e colocar os mais poderosos em seu exército. O lado do bem queria manter aquelas criaturas vivas e preservar a natureza. Nesse período muitas criaturas mágicas morreram, porém a maioria estava ali naquele lugar, isso graças a Grymonthen que junto ao grande dragão Krac'lor criou esse mundo.
Eles estavam na metade do caminho quando passaram por uma enorme lagoa, suas águas eram de um verde escuro, nem com a luz do sol eles conseguiam ver o que havia abaixo da superfície. De repente uma criatura pulou de dentro da água, subindo alguns metros no ar e depois voltando a cair na água. Aquela mesma criatura nadou até a margem da lagoa e sentou ali, olhando para os visitantes daquele mundo paralelo.

As feições dessa criatura lembrava muito as de um ser humano, porém suas pele era de um bronzeado um pouco puxado para o dourado. Ela tinha cabelos longos, porém não igual aos dos humanos, eram um pouco mais grossos e como se fossem feitos de pele e carne. Seus olhos eram um pouco grandes e verdes. Seus dentes eram parecidos com os dos humanos, porém afiados. Os seios estavam nus, nem os seus cabelos o tampavam. No lugar de suas pernas tinha uma enorme cauda de um bronze mais escuro na parte de cima e dourado na parte de baixo, fazendo um degradê.

O grupo parou por alguns instantes para observar aquela criatura conhecida como sereia. O professor e os dois alunos, Eduardo e Léo, começaram a ouvir uma música na qual se sentiram apaixonados e tentados a segui-las, eles precisavam chegar à sua origem. A voz que ecoava em suas mentes era encantadora, eles nunca tinham ouvido algo tão belo. Então começaram a andar em direção a sereia como se fossem zumbis.

-Ei, Fuva! Deixe-os em paz! – Hellax, o centauro, trotou em direção a Sereia, fazendo-a entrar na água e libertar os rapazes do encanto.

- Gente nova? Algum herdeiro? – ela apoiou os braços dobrados na margem, deixando seu corpo para dentro da água, e sorriu.

- Ainda não temos certeza, então se afaste deles – ele falava firme com o rosto fechado, como se estivesse bravo.

- Pode deixar, eu e minhas meninas aqui ficaremos bem longe deles – mais algumas sereias pularam da água e depois mergulharam novamente. Elas eram parecidas com a Sereia de bronze, porém suas cores eram diferentes, verde, azul, vermelha e muitas outras cores. Eles olhavam maravilhados, mesmo elas provocando um pouco de medo eles não conseguiam não admirá-las.

- Vamos rapazes, vamos – Hellax colocou a mão neles e os fez andar, voltando para o caminho que estavam seguindo. O resto da viagem correu bem e logo eles haviam chegado ao palácio de Lia'or, o líder dos elfos.
Quando chegaram ao seu destino o sol já estava se pondo e o horizonte tinha uma cor alaranjada. Eles se depararam com enorme palácio atrás de uma enorme jardim cheio de árvores e flores coloridas. De um lado tinha um espaço com bancos e um chafariz no meio, do outro lado apenas grama e plantas. O palácio era um branco de um tom rosado, na chegada tinham algumas pilastras e escadas que subiam para porta principal. Ali do lado de fora tinha uma área com alguns canteiros e bancos.

Dois guardas elfos estavam parados no pé da escada olhando fixamente para frente com expressões sérias. Lia'or direcionou o grupo até eles e parou ali perto se virando para Hellax e sorrindo.

- Muito obrigado por nos trazer até aqui, bom amigo – ele estendeu a mão em direção ao centauro.

- Nada. Nos vemos por aí, pessoal – ele começou a trotar de volta pelo mesmo caminho que vieram.

- Ele não vai vir com a gente? – Luna perguntou olhando-a partir.

- Hellax tem que resolver algumas coisas como Líder dos centauros - Lia'or sorriu e se virou para escada – vamos – começou a subi-la.

Mais dois guardas elfos estavam parados em frente à porta de entrada. Ao virem seu rei chegar, cada um andou para um lado e abriu a porta, dando passagem para eles entrarem. Lia'or sorriu e acenou com a cabeça para eles e entrou sendo seguido pelo grupo.

O lugar era lindo. Em frente tinha um corredor bem largo que dava para parte de traz do palácio, onde eles conseguiam ver uma cachoeira. Em cada lado do cômodo onde se encontravam tinha uma escada que levava para um mesmo andar, seus corrimões eram dourados e brilhavam com as luzes mágicas que ficavam no teto. Seus degraus eram de madeira, mas estavam cobertos por um tapete vermelho. Eles seguiram o Rei dos Elfos para a escada da direita e subiram.

- Primeiro vou apresentar o quarto de casa um. Tem roupas novas para vocês lá, tomem um banho e descansem um pouco. Quando o jantar estiver pronto eu chamo vocês – Lia'or diz enquanto termina de subir a escada.

Quando o grupo termina de subir se deparam com uma grade feita de ouro, com desenhos esculpidos que representavam o mar. Ao se empatarem ali conseguiam ver o andar de baixo. Eles se encontravam em uma ponte que ligava um corredor ao outro. Eles viraram para o corredor da direita.

O corredor era tão belo quando o resto do palácio. Seu chão era de madeira que brilhava de tão limpo. Luzes mágicas nas paredes, como sua fossem luminárias, clareavam o local. As paredes eram de madeira da metade pra baixo e pintadas de branco com desenhos dourados da metade pra cima.

- Aqui é o quarto de Bruno e Rita, eu soube que vocês são um casal – Lia'or falou ao parar na primeira porta de madeira com maçaneta de ouro e abri-los.

- Obrigada – os dois disseram juntos enquanto sorriam e entraram no quarto.

- Sintam-se em casa – o Rei dos Elfos sorriu e fechou a porta em seguida, dando continuidade a caminhada em direção aos demais quartos.

O grupo continuou seguindo Lea'or e se hospedando no quarto que ele determinava. Eduardo e Luna ficaram no mesmo quarto e os outros três alunos em quartos separados.
Luna e Eduardo entram em seu quarto e vão logo tirando os sapatos, colocando os pés no chão frio e sentindo-os relaxar. O quarto tinha uma cama de casal, seus lençóis eram de seda com mistura das cores marrom e dourada. O chão era feito de madeira igual ao resto do palácio. As paredes eram pintadas de vinho com desenhos dourados. Na parede em frente à porta tinha uma enorme janela e em baixo dela um sofá de couro marrom de dois lugares.

- Eu vou tomar meu banho primeiro, tudo bem? – Luna falou enquanto pegava sua roupa no guarda roupa. Ela começou a andar em direção ao banheiro.

- Tudo bem, pode ir – ele sorriu e andou até um canto onde tinha uma mini cachoeira na parede e do lado tinham dois copos em cima de um degrau.

Ele tirou um frasco com um líquido vermelho de dentro de seu anel mágico, pegou um copo e o encheu com água da cachoeira e jogou um pouco do líquido vermelho ali. Em seguida misturou, tornando todo água vermelha.

- O que é isso? – Luna disse após andar até a porta do banheiro e vira para ele.

- É uma vitamina que minha família toma para fortalecer nossos poderes – ele da um gole na bebida e sorri.

- E belos também né – Luna sorri e entra no banheiro, fechando a porta em seguida.

Eduardo sorri de volta e anda até o sofá, se sentando em seguida. Os minutos se passaram e Eduardo já tinha terminado de tomar a vitamina e cochilava deitado no sofá quando Luna saiu do banheiro e foi em direção a ele, beijando levemente seus lábios.

- Acorda, já terminei – sua voz era suave enquanto sussurrava no ouvido dele.

- Oi, linda – ele sorri e beija levemente os lábios dela, se levanta e vai em direção ao banheiro.

Luna sentia um gosto de frutas vermelhas na boca, fazendo-a ficar levemente dormente. Ela olha para Eduardo encantada, a cada passo que ele dava seu coração palpitava. De repente flashes do ocorrido no lago, seu beijo com Eduardo e Raquel saindo correndo, ela precisava se desculpar com sua amiga. Ela sai do quarto e vai em direção ao quarto de sua amiga loira.

Ela para em frente à porta de madeira onde Raquel estava e da três batidas na porta. Luna esperou alguns segundos até que a porta se abriu e lá estava Raquel. Seus olhos estavam um pouco vermelhos e inchados. Luna sentia-se culpada por aquilo.

-Posso entrar? – Luna pergunta receosa. Raquel a encara por alguns segundos, decidindo se permitia ou não. Ela então vira de lado dando espaço para a amiga entrar.

Luna entra e senta no sofá que também tinha em baixo da janela. Raquel fecha a porta e senta em sua cama. As duas permanecem em silêncio por alguns segundos enquanto se encaravam. Luna não sabia o que falar ou fazer para se desculpar, nem ela sabia o que tinha acontecido naquele momento, apenas que se sentiu muito atraída por Eduardo e aquilo tinha superado todos seus sentimentos e isso tudo num passe de mágica. Raquel só conseguia pensar em como ainda gostava de Luna, mas seu coração estava tão machucado que ela não conseguia falar, esperava apenas que sua amiga falasse alguma coisa.

- Desculpa – Luna falou depois de longos minutos, quebrando o silêncio angustiante em que elas haviam mergulhado.

- Uhum – Raquel segurava as lágrimas e sentia que se falasse algo, elas acabariam saindo.

- Eu não consigo explicar o que aconteceu, foi como mágica. Estávamos longe dele e eu estava normal, me aproximei e só conseguia pensar nele. Eu gosto muito de você, mas gosto mais ainda dele. Não quero perder sua amizade – Luna falava calma, tentando se explicar.

- Você é terrível – as lágrimas começaram a rolar pelo rosto de Raquel – mas eu sou uma idiota e te perdoo, mas seremos apenas amigas de agora em diante – ela começava a controlar o choro.

- Desculpa mesmo, não queria te magoar – Luna se levantou e andou até sua amiga, a abraçando em seguida.

As duas ouviram uma batida na porta e Raquel foi ver quem era. Ao abri-la pôde ver um guarda em sua porta. Sua armadura era toda prata com alguns detalhes em dourado. Ele estava sem capacete, deixando seus cabelos longos e ruivos a mostra. Suas orelhas eram pontudas iguais as do rei e seus olhos eram castanhos bem claros.

-Venho informar que o jantar já será servido e peço que me acompanhem – o guarda falou bem educado, dando espaço para as duas passarem.

-Luna! Fiquei preocupado, você sumiu do nada do quarto – Eduardo foi até ela, logo assim que a viu.

- Desculpa. É que eu precisava conversar com a Raquel – ela sorriu e deu as mãos a ele, seguindo o guarda junto a ele e a Raquel.

Eles passaram pelos quartos dos outros integrantes do grupo e logo foram em direção ao salão de jantar. O local era grande e encantador. O teto era redondo, com quatro listras feitas de ouro. Entre essas listras passavam imagens de criaturas mágicas. O chão era feito de madeira e as paredes eram vermelhas. No meio desse salão tinha uma enorme mesa de madeira toda esculpida com lugar para vinte pessoas. As cadeiras eram do mesmo estilo da mesa e acolchoada com almofadas vermelhas. Os pratos, copos e talheres já estavam distribuídos em onze lugares.

Lia'or estava sentado na cadeira da ponta, ao seu lado direito tinha uma linda elfa. Seus cabelos eram negros e brilhosos, seu nariz era fino e delicado, sua boca era rosada e bem desenhada. Suas orelhas também eram pontudas, porém tinham quatro argolas douradas pequenas perto da parte pontuda. Seus olhos eram azuis iguais ao céu. Essa era chamada de Ril'xa, a rainha dos elfos.

Ao lado de Ril'xa tinha uma menina sentada, aparentava ter dez anos. Suas feições lembravam muito a mãe, porém seus olhos eram verdes iguais ao do pai. Ela era linda e se comportava graciosamente. Ela era conhecida como Lia-su, filha de Lia'or e Ril'xa, princesa do elfos.

Ao lado direito de Lia'or, o rei, tinha um rapaz jovem que aparentava ter dezoito anos. Seus cabelos eram loiros iguais aos do pai, seus olhos eram azuis iguais aos da mãe e suas feições eram a mistura dos dois. Ele era conhecido como As'griel, filho do rei, príncipe e herdeiro do trono dos elfos.

O grupo sentou nas cadeiras, ocupando o restante dos lugares e logo outros elfos vieram servi-los. Primeiro veio uma entrada de frutas que o grupo nunca tinha visto, eles trocaram olhares receosos de comer aquilo.

- Muito bem, irei esclarecer algumas dúvidas agora - Lia'or começou a falar, sua postura era perfeita – Esse é um mundo paralelo ao dos humanos, ele foi criado pelo grande Feiticeiro da água, Grymonthen, junto ao dragão da água, Krac'lor, para proteger as criaturas mágicas que estavam com risco de extinção na última guerra. Ele passou a viver aqui e tomar conta de nós, porém ele precisou fazer uma jornada até Argon, reino do fogo e até hoje não voltou. Nosso oráculo há alguns anos atrás nos deu uma profecia de que um dia um herdeiro dele iria voltar e até hoje o esperamos – ele finalmente faz uma pausa para tomar um pouco de água.

Todos olhavam para o Rei sem nem tocar nas frutas em seus pratos, eles ficaram perdidos em meio a tanta informação. O que era Argon? Nunca ouviram em falar em reino algum, pra eles só existiam eles vivendo na terra além dos impuros, humanos que não são feiticeiros. Eles mal tinham começado a aventura e já estavam descobrindo coisas que eles nunca imaginaram existir.

- O dragão dorme em uma caverna no meio do nosso rio. Ele espera o retorno de seu amigo e somente o herdeiro poderá obter sua lealdade – ele recupera o fôlego e sorri – mais duvidas?

- Eu tenho. O tempo aqui passa na mesma velocidade que na terra? – Bruno se pronunciou.

- Não. Uma hora aqui equivale a oito horas na terra – ele responde a pergunta gentilmente.

- Quer dizer que já passamos quatro horas aqui e lá na terra já se passou um dia e oito horas? – Bruno se espantou. Seu pensamento estava nos cavalos alados que haviam ficado na terra.

- Isso mesmo, certíssimo - Lia'or assente com a cabeça – quando pretendem ir até Krac'lor?

Eles trocaram olhares novamente, eles não estavam esperando isso, como eles iriam chegar perto de um dragão? E se ele comessem eles? Apenas Luna não estava surpresa, era a única que já sabia que eles teriam que fazer isso.

-Amanhã mesmo, só precisamos dessa noite para descansar e amanhã cedo partiremos – Luna falou enquanto olhava para Lia'or. O grupo todo a encarou, como assim ela estava decidindo isso?

- Tá de brincadeira né, Luna? – Léo falou, sua voz estava carregada com ironia – vamos virar churrasquinho ou picolé, sei lá se ele solta fogo ou gelo, né?

- Vocês não precisam entrar, eu entrarei sozinha – ela explica aos amigos enquanto sorri.

- É claro que não, eu irei com você – Bruno logo fala, encarando a irmã – até parece que eu deixaria você enfrentar esse perigo sozinha.

- Como se você estando lá fosse mudar em algo se ele quisesse me atacar – Luna rola os olhos e faz os demais rirem – de qualquer modo partiremos amanhã.

Depois das dúvidas esclarecidas foi dado continuidade ao jantar. Eles finalmente comeram as frutas e pareceram gostar, elas eram bem doces e saborosas, algumas continham grande quantidade de água. Duas horas se passaram e o jantar chegou ao fim. O rei e sua família se despediram do grupo e o mesmo guarda que os trouxe, os levou novamente para os quartos. Eles logo foram dormir, no dia seguinte passariam uma situação delicada.

Escola Wizard
Toda a escola agora estava tomada pelo clã Selith, os soldados do clã Angeli não conseguiram enfrenta-los, durante os doze anos que se passaram eles recrutaram mais feiticeiros e poderosos e investiram em treinos, deixando-os bem mais forte.

Os alunos estavam vivendo situações traumáticas, eles não podiam se opor a eles, não podiam sair da escola e os mais fortes estavam sendo obrigados a fazer a marca dos Selith. Enquanto os mais novos e fracos começavam a ser treinados e se não dessem resultados seriam descartados.

Um homem agora substituía a antiga diretora. Ele se chamava Danilo, aparentava ter quarenta anos. Seu rosto era todo desfigurado, resultado de treinamentos do clã, e devido a isso ninguém conseguia reconhecê-lo o que fazia dele ótimo para aquele cargo.

A cidade ao redor da escola já não estava mais em chamas, porém o rastro de destruição ainda se encontrava lá. Poucas pessoas andavam nas ruas, a maioria estava com medo da situação em que se encontravam. Já não tinha mais fumaça no céu e soldados do Clã Selith andavam pelas ruas vigiando o local.

No centro da cidade onde antes era um parque agora se encontrava a mansão do clã Selith. Ela era toda preta e sombria, os moradores não arriscavam passar ali em volta. Dentro dessa mansão tinha uma enorme sala onde os membros mais importantes do clã estavam presentes. Aquela era a sala de reuniões, seu interior era escuro e pouco iluminada, apenas algumas luzes mágicas que estavam no teto. O chão era coberto por um carpete vinho e as paredes eram prestas com detalhes vermelhos, como se elas fossem sujas de sangue. Nos cantos tinham estantes com livros, bebidas e alguns papéis. No meio tinha uma mesa comprida e de madeira com sete lugares que estavam ocupados pelo chefe e capitães do clã.

-Como está nossa busca pela menina? – o Líder que estava sentado na ponta da mesa falou.

-Localizamos os cavalos alados do grupo no lugar em que fomos informados, porém não tinha ninguém lá e o rastro deles acaba no meio do nada – o capitão mais perto do chefe, do lado direito, respondeu.

-E não tivemos mais contato com a pessoa que nos informou? – o chefe perguntou.

-Não, perdemos o contato e estamos tentando estabelecer novamente – um outro capitão responde.

-Melhor irem mais rápido, quero a menina o quanto antes – a voz do chefe era firme, impondo suas vontades a seus subordinados.

- Sim, senhor – os capitães responderam todos juntos.

- Dispensados – o chefe se levantou e deixou a sala, seguido por seus subordinados.

Lebrook
Dez horas já haviam se passado e agora o sol já começava a iluminar o céu. Um raio de Luz entrou pela janela, iluminando o rosto de Luna e a fazendo acordar. A menina virou para o lado, fugindo a luz que irritava seus olhos e se espreguiçou. Ela acordou Eduardo e logo os dois começaram a se arrumar, hoje seria o dia em que eles estariam frente a frente ao grande dragão.

Uma hora se passou e eles saíram do quarto e desceram para o hall de entrada do palácio. Os minutos foram se passando e o restante do grupo ia descendo. Assim que todos estavam presentes eles saíram e começaram a andar em direção ao destino; o rio onde morava o dragão. Eles caminhavam por entre a floresta.
Quanto mais eles se aproximavam do local, mais o frio ficava intenso. Cada vez que eles respiravam, uma fumaça branca se formava em suas bocas. O grupo tremia com exceção de Luna e Bruno que seguiam tranquilamente.

-Gente, se continuarmos acabaremos sendo congelados. Nós não viemos com roupa para isso – Raquel falou enquanto se abraçava tentando produzir calor.

-O engraçado é que não estou sentindo frio – Luna para junto ao grupo.

- Nem eu – Bruno olha para a irmã, confuso – acho melhor só eu e Luna continuarmos daqui. Achem um lugar para ficar por esse caminho que estamos passando e se aqueçam – Bruno entregou uma, das duas sacolas que estavam com ele, para o grupo. Ali tinha comida e água – nós voltarmos por aqui mesmo.

- Mas vocês dois vão sozinhos? – Leo se mostrou preocupado.

- Nós conseguimos nos virar. Não se separem, não sabemos o que tem nessa floresta – Luna voltou a andar ao lado de seu irmão, deixando o grupo para trás.

Eles chegaram a beira do rio e o mesmo tava congelado. Do outro lado eles podiam ver um lugar totalmente diferente do que eles se encontravam agora. A floresta era escura e maltratada, a maioria das árvores estavam secas e o chão não tinha grama apenas terra escura. Um vulto passou entre dois troncos destruídos e Luna segurou no braço do irmão.

-Você viu aquilo?- A menina perguntou assustada.

- Tenham cuidado, as criaturas que vivem daquele lado não são flor que se cheire – uma voz feminina os assustou. Os dois olharam para trás e não conseguiram ver nada.

- Quem está aí? – Bruno perguntou olhando em volta.

- Aqui em cima – a voz falou novamente e logo uma mulher apareceu na frente dos dois.

- Você é uma das fadas que me levou até a caixa! – Luna se sentia mais tranquila.

- Na verdade não, eu me chamo Elyn e sou uma das guardiãs das Fadas. Você deve ter visto a minha irmã mais nova que é bem parecida comigo – a fada sorriu. Ela era linda, seus cabelos eram negros e compridos até os ombros. Em sua cabeça havia uma coroa de flores de ouro. Seu vestido parecia ser feito de seda e eram coladas em seu corpo, deixando seu corpo bem desenhado, ele se alongava até a metade da coxa e tinha vários tons de rosa. Seus pés estavam descalços. Suas asas eram grandes e graciosas, elas também eram rosas, porém transparente.

- O que tem naquela floresta? – Luna perguntou curiosa.

- Na época em que esse mundo foi criado, pensávamos que apenas criaturas boas tinham conseguido vir para cá, porém uma bruxa terrível chamada Kenfrea conseguiu entrar sem que nós a notássemos e se escondeu daquele lado. Ela passou anos criando novas criaturas, nunca vista antes, e montou um exercito. Grymonthen junto a nós, criaturas desse lado, conseguiu selar ela e todo seu exército daquele lado. Ele criou uma barreira com os poderes de Krac'lor e é aí onde eu entro e logo depois vocês – ela sorri e voa em direção ao lago congelado – vim avisar que ao retirarem Krac'lor de sua caverna vocês vão eliminar a barreira e as criaturas do mal vão invadir nosso lado, usem o poder do dragão para eliminá-los – e como num passe de mágica a fada diminuiu e saiu voando, deixando-os ali com aquele enorme fardo.

- E agora? – Luna olha perplexa para o lugar onde antes se encontrava a fada.

- Esse dragão seria de grande ajuda para nós, vamos ter que arriscar – Bruno começou a andar na água congelada do rio até que ouviu um parulho em baixo do seu pé e parou, o gelo estava se quebrando – era só o que me faltava. Luna preciso que você espere até eu dizer que pode vir.

- Tudo bem – Luna permaneceu parada na margem do rio.
Bruno começou a controlar a água que havia em baixo daquele imenso tapete de gelo. Ele fazia com que o líquido que estava bem próximo do gelo virasse gelo também, deixando o caminho mais firme para eles poderem passar. O professor deu mais alguns passos e o gelo não se partiu mais.

-Pronto, agora pode vir – ele esperou que Luna chegasse perto dele e continuou andando enquanto controlava a água para virar gelo em todo o caminho.

Eles chegaram numa pequena ilha que tinha uma pequena caverna no meio. Todo o local estava coberto por gelo, menos a entrada que estava totalmente livre. Eles conseguiam sentir o poder emanando dali, os pelos de seus corpos se arrepiavam respondendo a ele. Assim que eles entraram no local, perceberam que seus olhos haviam sido enganados com o tamanho daquela caverna, por dentro ela era enorme. Eles se depararam com três caminhos.

-Ok, e agora? – Luna olhava para seu irmão, esperando que ele a guiasse.

- Não sei, mas com certeza existem armadilhas por aqui – ele pegou três bastões com luz mágica no bolso e jogou um em cada caminho.

Todos eles eram aparentemente iguais, nada os diferenciava. Os corações de ambos estavam acelerados, poderiam ter armadilhas que os matariam caso eles estivessem desatentos. Bruno se abaixou, pegou uma pedra o chão e tacou no primeiro caminho da direita. Eles esperaram alguns segundos e nada aconteceu. Ele olhou em volta e achou um pedaço de madeira, ele o pegou e parou em frente ao mesmo caminho que tinha jogado a pedra.

-Vamos. Só pode onde eu pisar – ele andou até o bastão de luz e o pegou. Eles começaram a andar por aquele caminho.

O lugar que eles passaram era úmido e o cheiro de mofo pairava no ar. Quanto mais eles se aprofundavam naquele caminho, mas forte o cheiro ficava. Bruno andava tateando o chão com a madeira, tentando evitar qualquer armadilha que pudesse ter.

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