Entraram na casa e a primeira coisa que Inara notou é que a sala era um pouco diferente do que imaginou. O espaço estava tomado por tapetes, tanto no chão quanto pendurado na parede de pedra.
Sentado em um monte de almofadas estava um homem de meia idade, o porte severo de quem comanda uma nação, e o olhar curioso... Em sua direção... Inara baixou o olhar. Chamar a atenção daquele homem não pareceu uma boa ideia.
— O que temos aqui, Argo?
Inara procurou entre os tantos na sala, pelo homem a quem ele se referia. E justamente o forasteiro foi quem respondeu. Argo... Então era esse o nome do maldito.
— Minha, a encontrei na floresta e convidei meus homens a fazer uma última caçada antes de voltarmos para casa.
Alguns homens no meio do grupo riram alegres com o comentário, no entanto o velho não pareceu satisfeito.
— Seus? — Ele levantou de modo brusco o olhando de maneira severa. — Estou vivo ainda, por isso, você não tem homens que respondem a você aqui.
Ao dizer isso o líder caminhou ignorando Inara completamente e deu um tapa com as costas da mão no rosto de Argo.
O riso morreu entre os homens, o silêncio e a tensão reinaram, mas Argo não manifestou reação. Continuou olhando para o velho com o semblante calmo como se nada tivesse acontecido. Isso pareceu deixar o líder mais irritado, soltando saliva pelo canto da boca ele falou alto, o nariz quase encostando ao de Argo.
— Está querendo tomar o lugar do seu líder na guilda? Está querendo me testar?
Argo sustentou o olhar afiado do líder. — Não preciso tomar algo que virá a mim naturalmente, Astor. Esse dia virá pela lei da natureza, e espero que demore, pois não quero responsabilidades por agora, como você bem sabe.
Astor pareceu se acalmar com aquelas palavras e assentiu. Por fim para surpresa de Inara, o velho o abraçou afetuosamente, mas Argo não retribuiu o gesto, manteve os braços caídos ao lado do corpo, porém o velho não pareceu notar ou não se importou. Logo como se tivesse cumprido um importante dever, ele o soltou e falou agora com a voz de seda.
— Seja bem vindo de volta meu sobrinho e herdeiro. Trouxe coisas para mim? Se não tem nada, pode sempre me dar essa camponesa.
Argo se afastou dois passos para trás, o semblante ainda estava tranquilo, mas Inara viu um brilho naqueles olhos que eram diferentes da calma que aparentava. Ele fez um sinal para os homens que logo trouxeram vários sacos e deixaram aos pés de Astor que abaixou para avaliar cada item.
Havia um pouco de tudo, joias, moedas, rolos de tecido e especiarias. Em um único saco continha mantimentos e pelo que Inara observou, eram produtos caros e raros. Iguarias que somente os mais abastados se dariam ao luxo de obter. Mas algo que Astor avaliava com extremo interesse também chamou sua atenção.
O naco de carne que ela tinha roubado estava junto com os outros alimentos no saco. Inara apertou os lábios para não rir, ele não podia realmente acreditar que aquela carne defumada era algo raro e caro!
Caro até poderia ser, para os padrões de um camponês, mas... Sentiu os olhos de Argo em cima dela. Encontrou o olhar dele que parecia divertido ao observar sua reação.
Inara voltou a olhar para o velho, disfarçando seu sorriso. Argo também tinha sido feito de idiota. O naco de carne estava em sua bolsa, se estava ali naquele saco, então ele revistou suas coisas.
Com certeza procurava pistas de onde ela vinha, mas a primeira coisa que Inara fez quando partiu naquele dia do reino de Sanoar, foi parar no campo dos dragões. Lá ela deixou sua patente, sua insígnia e sua capa com o símbolo dos guerreiros Alados. Nada em suas coisas denunciaria sua origem.
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Sanoar 3- Herança Cósmica- (DEGUSTAÇÃO)
FantasiEm sua busca incansável pelo dragão do equilíbrio Inara corre atrás de cada pequena pista, até que perto de Bendize ela perde o próprio dragão e se vê prisioneira. Agora ela precisa correr contra o tempo e arrumar um jeito de reaver Ônix. Em meio...