Percy's Pov.
E lá estava ela, de cabeça baixa com seu bom e velho boné dos Yanks, os cabelos loiros soltos tentando esconder a vergonha. E eu aqui parado, só a olhando porque sou um idiota por não conseguir fazer nada por ela. Todos na escola, riam quando ela passava, gritavam "garçonete", e debochavam dela.
Eu sei, eu deveria ter levantado aquele dia, ido atrás dela, mas não consegui. Pelo contrário continuei sentado como se nada tivesse acontecendo.
—Tem alguma ideia do que isso quer dizer? – O treinador perguntou para mim.
—Não. Nem faço ideia.
Mas no fundo eu estava magoado. Por ela, e por mim também. Como é que aquelas loucas descobriram?
Na sexta era o grande jogo, eu deveria estar concentrado – na verdade eu estava, mas minha mente sempre vagava para Annabeth. Não conseguia falar com ela. Na última noite fiquei horas na frente do computador e a única coisa que eu escrevi foi "Querida Annabeth", nada mais que isso.
Eu estava na escola, encostado no meu armário, a vendo passar envergonhada no corredor, quando senti alguém atrás de mim.
—Ela não faz parte do nosso mundo Percy... – Ouvi Drew falar em meu ouvido.
Não a respondi. Só me virei e sai de perto dela. Como ela pode falar isso? Que mundo em que a "gente" vive então? O mundo dos populares? Será que ela não sabe que isso um dia acaba? Que tudo isso não passa de futilidade?
Balancei a cabeça afastando os pensamentos e entrei na sala e me sentei em meu lugar esperando o professor chegar.
Annabeth's Pov.
Depois da aula eu fui direto para a lanchonete. Sinceramente, minha vida já estava uma droga mesmo, então nada mais para mim fazia diferença. Peguei o balde e a escovinha para tirar a sujeira do chão.
Me sentei, e comecei a limpar, e mesmo que eu quisesse não conseguia controlar as lágrimas. Além de humilhada em público tinha sido rejeitada na faculdade. Isso era demais. Não podia mais suportar essa vida. Não era justo comigo.
—O que você está fazendo? – Ouvi Kate me perguntar.
—Limpando o chão. – Respondi sem olhar para ela. Não queria que as pessoas tivessem dó de mim.
—Levanta já daí. – Ela disse me puxando pelo braço. —O que está acontecendo com você?
—Sou uma garçonete. Estou fazendo o trabalho de uma. – Disse irritada.
—Não. Não está não. —Ela disse também brava. —Cadê a Annabeth que eu conheço? A menina forte e inteligente?
—Ela não está mais aqui. – Disse, mas sem tanta raiva na voz. —Eu... Kate, eu não fui aceita. A Stanford não me aceitou... – disse chorando e ela me abraçou.
—Ah, Annie... sinto muito.
—Eu também... – disse me afastando do abraço e enxugando as lagrimas. —Eu... é melhor eu terminar de limpar...
Na hora Michelle, entrou na Lanchonete, toda na pose de madame. Revirei os olhos quando a vi, era tanta futilidade que eu estava ficando farta.
—Ótimo você está aqui. – Disse olhando para mim. —Preciso que faça uma coisa para mim. – Foi em direção ao caixa e pegou alguns dólares e colocou entre os peitos. —Depois que terminar suas coisas aqui, vá ao Lava Rápido e pegue meu carro.
"Você tem que ser forte, e seguir em frente, mesmo quando todos dizem que não. "
Era uma coisa que meu pai sempre falava para mim. Para eu nunca desistir dos meus sonhos. Que eu tinha que seguir em frente e não ser puxada para trás como eu estava sendo. Tenho certeza que se meu pai estivesse aqui ele não deixaria isso acontecer. Então porque eu deixaria?
—Não. – Respondi para ela.
Ela se virou e olhou para mim. – O que disse?
—Eu disse que não. Não vou mais viver como empregada. Não sou obrigada. Eu não vou buscar o carro para você, não vou mais fazer nada que você manda. Não vou. – respondi com firmeza.
—Não? E quem é você para falar não? – Ela disse andando até mim. —Você não é nada garota, é só uma garçonete. Não tem onde cair dura.
—Tem certeza? – Perguntei para ela. —Fico pensando o mesmo de você. Quero ver o que vai acontecer, o que vai ser de você sem mim. Porque eu, eu estou fora.
—E para onde você vai? Para debaixo da ponte? – Ela disse cheia de sarcasmo.
—É melhor que ficar na mesma casa que você.
—Não se preocupe. – Eu olhei para trás e vi Thalia. —Ela tem um lugar e tem pessoas que se importa com ela.
—Você não vai sobreviver dois dias. E você vai voltar. – Michelle disse convicta.
—Não, eu não vou. – disse para ela com toda a firmeza que consegui.
Ela não respondeu. Virou-se e saiu. E então soltei o ar que eu nem sabia que segurava. Me sentia mais leve. Mesmo sem nem ter onde ficar, eu me sentia finalmente livre.
—Você vai ficar lá em casa. – Thalia me disse.
—Liah, não quero incomodar. – Disse. – E aliás, obrigada.
—Eu sou sua melhor amiga, não deixaria de te ajudar nunca. – Ela disse e me abraçou.
—Obrigada. – Sussurrei em meio ao abraço.
(...)
Voltei em casa junto com a Thalia e Jason, que me ajudaram a pegar minhas coisas. Michelle e as meninas não estavam em casa o que foi melhor para mim. Não pegamos tudo, mas o necessário. Pensei em voltar depois e terminar de pegar o que faltava.
Cheguei à casa da Thalia, que aliás era linda, branca por fora com um quintal lindo todo gramado. Por dentro era mais linda ainda, uma sala simples com várias fotografias da família, uma cozinha grande, estilo americano, no andar de cima os três quartos. O de Jason, Thalia e o de seus pais.
Eu ficaria no quarto de Thalia, que era bem "a cara dela", as paredes eram pintadas na escala de cinza, e pôsteres de bandas de rock. Cheguei jogando minhas coisas no quarto dela, sem me importar muito com as formalidades, já que "era de casa".
—Nada folgada né? – Thalia perguntou.
—Sou de casa, querida... – disse me jogando na cama dela.
—Tem razão. – Eu olhei para ela. Ela sorria para mim, como se não quisesse nada.
—Nem ouse. – Disse para ela.
—Não? – Ela perguntou segurando o riso.
—Não. – Eu disse já sabendo o que ela ia fazer.
—Bom... – ela começou se aproximando. —Você sabe que eu não sou muito de seguir regras, então...
—Thalia! – Gritei quando ela pulou em cima de mim.
— Cócegas! -- ela gritou me atacando.
Eu não conseguia parar de rir, me contorcia por baixo dela e pedia para ela parar. Um dos motivos de sempre ter a Thalia como é amiga é que os melhores momentos da minha vida – tirando os momentos que tive com meu pai – foram com ela.
—Thalia... Por... Favor. Chega! – Pedi para ela ainda rindo.
—Ok. Ok. – Ela respondeu ainda rindo, e saindo de mim, se deitando ao meu lado. —Quer saber de uma coisa. Isso vai ser muito bom.
—O quê?
—Você aqui em casa.
Olhei para ela sorrindo. Eu estava feliz, porque eu sabia que independente do que acontecesse comigo Thalia estaria ao meu lado.
—Vai. Vai ser maravilhoso.
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Eu, Cinderela?!
Fanfiction[CONCLUÍDA] Uma releitura do clássico conto da Cinderela, esta história vai contar a vida de Annabeth, uma garota de New York, que perdeu seu pai ainda muito cedo, e agora vive com sua madrasta e suas duas filhas. Nesse conto moderno, vamos ver Anna...