Ataque
Alguns tempos atrás...
Finalmente hoje. Estava muito empolgado com minha volta à Nova York. A ansiedade me pertubava o tempo todo. Já havia esgotado todo meu frasco de calmante nesses últimos dias. Minhas poucas malas já estavam prontas. Estava esperando apenas minha esposa e minha pequena filhinha.
-- Vamos, amor! -- chamei minha esposa.
-- Estou indo.. -- disse meio com dificuldade com suas malas.
Sorri da situação.
-- Papaaii! -- falou Ally, minha filha, abraçando minhas pernas.
Apenas abaixei e lhe depositei um beijo na testa. Ajudei Wilmma, minha esposa, com as malas. Tranquei o quarto e coloquei a chave no meu bolso de trás da minha jeans. Entramos no elevador e o destinamos para o primeiro andar. Assim que a porta abriu, Ally saiu em disparada na frente, mas parando logo em seguida e olhando para trás sorrindo para nós. Retribui seu sorriso enquanto a acompanhava. Seguimos até a recepção e devolvemos as chaves agradecendo. Saímos do Hotel e um taxi já nos aguardava. Entramos, eu na frente e Wilmma e Ally atrás. O caminho foi silencioso e tranquilo.
-- Papai, nós vamo ver torre Efel? -- interrogou toda atrapalhada e com uma voz infantil.
-- Não filha! -- falei sorrindo -- A torre de Eiffel fica na França e nós vamos para Nova York. -- expliquei.
-- Ahh.. Que pena! -- disse meio decepcionada.
-- Chegamos. -- anunciou o taxista com a cara amarrada.
Paguei ele e adentramos calmamente o aeroporto. Tínhamos ainda tempo o suficiente. Passeamos pelas lojas emquanto nosso voo saia.
-- Mamãe, tô com fome! -- disse Ally puxando a blusa da mãe e massageando a barriga com a mão livre.
Paramos numa pequena lanchonete e fizemos nossos pedidos. Logo nosso lanche foi servido. Apesar de um ambiente simples, aquela lanchonete tinha um sabor incomparável. Seguimos até o local de embarque e notamos que já havia passageiros ocupando seus lugares na aeronave. Fizemos o mesmo e nos acomodamos em nossos devidos lugares. Aquele estava sendo o dia perfeito para aniversário da minha filha. Ela estava sentada na poltrona entre mim e Wilmma, observando o movimento de algumas pessoas.
O piloto ordenou para colocar o cinto e assim fizemos. Quando já estávamos no alto a Ally já se encontrava dormindo profundamente.•••
"Atenção senhores passageiros, ja estamos próximos a Nova York, faltam apenas 10km para sobrevoarmos a cidade. Epero que tenham tido uma ótima viajem!"
Acordei meio assustado, havia tido pesadelos horríveis, mas ao me lembrar que estava voltando a minha cidade um sorriso brotou de meus lábios. O sorriso se desfez quando vi alguns homens estranhos cruzando os corredores do avião em direção a cabine. Logo minha esposa também acordou. Trocamos sorrisos mas logo senti uma leve turbulência fazendo meu sorriso desmanchar. Wilmma mexeu-se desconfortavelmente na poltrona fazendo Ally acordar com um sorriso enorme no rosto e pronunciar um "Mamãaee!" animadamente. Ela tentou forçar um sorriso, porém falhando miseravelmente. Logo ouviu-se um estrondo muito forte fazendo o avião estremecer mais ainda. Os olhos de Wilmma lacrimejaram, me deixando mais reação.
-- O que tá acontecendo mamãe? -- perguntou receosa.
Wilmma desviou o olhar e não a respondeu.
-- Pa.. Papai.. Por favor.. -- insistiu ameaçando chorar.
A essa hora só se ouvia gritos de desespero por todo o avião.
Três... Dois... Um... ZERO
Acabou. Uma única explosão e tudo se despedaça. Vidas inocentes. Vidas felizes. Vidas destruídas. Acabou. Pela falta de coração das pessoas.
11 de Setembro de 2001
†
11 de Setembro de 2017