Capítulo 9

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Correndo  Para  Trás

   A multidão desesperada atropelava quem estivesse pela frente. Logo uma roda de pessoas se formou. Algumas outras, corriam desesperadas perfurando todas aquelas pessoas, apenas para chegar ao "centro das atenções". Ao centro, dois garotos rodeavam um o outro, trocando algumas poucas palavras. Vez ou outra as pessoas da platéia gritavam incentivando o que estava prestes a acontecer.

-- Não é minha mãe que tem que roubar para me sustentar.. -- ironizou um garoto alto e aparentemente mais forte que o outro, atraindo  gritos das pessoas.

-- Você não fala da minha mãe não que eu não tô falando da sua não -- falou o oponente loiro e um pouco mais baixo que o outro, apontando o dedo na cara do outro e fazendo acontecer outra explosão de gritos e vaias.

   O mais forte pegou o dedo do loiro e torceu.

-- Nunca mais aponte o dedo na monha cara -- ordenou.

-- E você nunca fale da minha mãe -- falou o loiro tentando se recuperar do ataque.

   Não muito longe dali, um outro garoto andava tranquilamente escutando em fones de ouvido uma de suas músicas preferidas. Quase foi ao chão quando todos aqueles jovens desesperados passou por ele. Chocou-se em pelo menos dez pessoas. Curioso para saber o que estava acontecendo ele retirou um de seus fones e olhou diretamente para frente. O amontoado de pessoas o fez sorrir da situação. Imaginou duas pessoas trocando socos, pancadas e empurrões e um monte de idiotas sem o que fazer assistindo. Eram pessoas que estavam correndo para trás. Ele colocou a mão na barriga e sorriu mais ainda. Sentou-se despreocupadamente nas raízes expostas de uma árvore próxima. Colocou novamente seus fones e fechou os olhos relaxando.

   Gritos e mais gritos soavam ao redor do espetáculo. A cada soco compartilhado a platéia se animava ainda mais. O supercílio do garoto loiro estava banhado de sangue. Alguns outros hematomas eram distribuídos pelo rosto dele. O maxilar do outro garoto também estava prejudicado. Pelo nariz escorria uma gota de sangue e ainda havia algumas feridas sobre o nariz. Mesmo assim eles não paravam de se atacarem.

   Ninguém tinha corajem de chegar e separar a briga. Todos queriam apenas curtir o acontecimento.

   Um outro grupo de pessoas se aproximavam. Alguns jovens se afastaram, outros apenas abriram caminho para eles passarem. Alguns ainda saiam desfarçadamente querendo não ser visto ali. Ao longe, encostado na árvore Renato apenas observava a cena. Alguns desesperados, com medo de serem flagrados incentivando aquela briga.

-- Parem! -- gritou o diretor para os dois garotos, e o mesmos obedeceram imediatamente.

-- Para a minha sala -- foi a vez da coordenadora -- agora!

   Os dois seguiram para a coordenaçao envergonhados, prevendo o que aconreceria.

   •••

-- Desculpa! Desculpa! Desculpa...

   Lá estava os dois "rivais" se desculpando cem vezes um pra o outro. Aquilo, de certa forma havia resolvido o problema, pois eles se desculpavam fazendo palhaçadas e gargalhando juntos.

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