Capítulo 10

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Sem Energia

   Mais uma vez sem energia elétrica. Eu não conseguia me acostumar com isso. Todos os dias o governo liberava a energia às duas e às três desligava, ligando apenas no outro dia. O governo implantou placas para captação de energia solar em algumas áreas mais afastadas dos grandes centros urbanos, algumas usinas eólicas em campos inabitados e doavam algumas placas de tamanho suficiente para abastecer uma casa, para beneficietes de programas sociais.

   Revirei os olhos e fui ligar a minha bateria. Eu havia comprado uma placa solar por conta própria e optei por baterias como forma de armazenamento. Pressionei o "interruptor" e logo a energia começou a funcionar. Observei pela janela de vidro que tinha em meu quarto a chuva calma e serena que caia lá fora. Notei que o céu estava escurecendo indicando que a chuva se fortaleceria mais tarde. Eu gostava tanto da chuva. Ela me transmitia uma calma infinita sem falar que poderia ajudar a elevar o leito dos rios, favorecendo na usina hidrelétrica da cidade.

   Me assustei com um raio rasgando metade do céu à minha frente. Coloquei a mão no peito me acalmando e virei as costas para me deitar. Puxei a coberta até a altura do meu pescoço e fechei meus olhos apreciando o frio que presenciava aquela noite. De vez em quando, meu quarto era clareado pela luz dos raios agitados lá fora.

   Não durmi muito, pois acordei com o som estrondoso de um raio. Me levantei rápidamente e fui até a janela. A cidade se encontrava obscura. Escutei barulhos violentos e percebi que a chuva estava se intensificando. A quantidade de água pluvial que escorria pela rua ia aumentando cada vez mais. Meu corpo estremeceu só de pensar em um possível alagamento.

   Olhei para o jardim onde já de encontrava inundado. As árvores e pequenas plantas pesente nas calçadas se inclinavam para todos os lados com desespero. Algumas já estavam com galhos quebrados, outras já estavam completamente no chão. Carros transitavam com muita dificuldade pelo mar de água sobre a rua. A cidade estava ficando em estado calamidoso. Desviei o olhar do vidro e encarei o interruptor presente próximo a porta do meu quarto. Me aproximei, fechei os olhos e apertei-o, mas não havia energia. Respirei fundo e voltei para minha visão anterior e fui recepcionado por um forte relâmpago. Só então percebi do volume de água presente no asfalto. O vento jogava a água contra as paredes dos condomínios. Vez ou outra formava um pequeno redemoinho nas água espalhando para todo lado.

   A natureza estava furiosa com as ações humanas. Eles abusaram cada vez mais dos recursos hídricos, principalmente da água, até deixá-los totalmente extintos. Eles usavam até acabar e depois ficavam desesperados atrás deles. Mas a natureza respondia, e de forma bruta. Ela não tinha dor nenhuma. Não se importava nenhum pouco da com as desculpas humanas para praticar tantos crimes contra ela. E foi olhando por aquela janela que pude perceber o quanto erramos a respeito de nossos hábitos.

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