Estou sentada no meu sofá, a impaciência já tomou conta de 80% do meu ser, e Sirena ainda está testando-a.
Já é a quarta vez que ela troca de roupa e vêm até mim para perguntar se está boa. Me sinto como aqueles caras que acompanham as esposas e passam pela mesma situação.
Respondo que todas estão boas, o que a faz mudar novamente.
– Sirena, responde uma coisa. Há algo de errado na minha opinião?
– Por que está perguntando isso? – ela diz enquanto se olha no espelho.
– Toda vez que eu digo que sua roupa está boa, você vai se trocar.
– Ah sim, eu apenas estou checando o que eu definitivamente não vou usar. Você tem opiniões terríveis.
Sinto como se tivesse levado um soco no estômago. Apenas a encaro, sem definitivamente saber o que dizer. Faço menção de falar algo três vezes, mas nada sai.
Sirena começa a rir e apontar pra mim, o que me faz querer socá-la.
– Megan! Eu estou apenas brincando! Você realmente acreditou nisso? Meu Deus, eu não sou uma pessoa tão ruim assim! E eu considero sua opinião, eu apenas estou mostrando todas as combinações que eu poderia fazer, mas você não ajuda dizendo a mesma coisa em todas elas.
– Você está jogando isso contra mim agora? Por favor, Sirena! –digo e vou em direção ao banheiro em pisadas fortes.
– O que está acontecendo com você? Desde quando ficou tão sensível? Está no seu período?
É o que tenho me perguntando esses dias. E meu período está longe o suficiente para me afetar. Exagerei para uma coisa tão simples, afinal foi apenas uma brincadeira.
– Desculpe, só estou impaciente com você e suas combinações eternas de roupas! – minto.
Lá no fundo, sei o que me incomoda.
Hoje é sexta, dia da festa do Jimmy, e eu não estou com quase nenhuma vontade de ir, mas Sirena insistiu e o que ela quer, ela consegue. E também, eu não gostaria de passar a noite sozinha em casa.
Faz uma semana desde que Bruce falou comigo, desde que o vi pela última vez.
Que tipo de pessoa te provoca em um momento e depois some? Não sei qual é o sentido disso. Jogo esse pensamento para o fundo da minha mente e saio do banheiro. vou em direção ao quarto. Tiro o pijama e o substituo pelo vestido que comprei no sábado. Nem sequer experimentei-o, apenas escolhi o que mais me agradou e o comprei. Poupei bastante tempo.
Quando termino de ajustá-lo, Sirena entra no quarto.
– Uau!! Olhe só para o seu corpo, a sua bunda parece maior! – ela diz impressionada.
– Não é pra tanto. Estou em uma roupa apertada, deveria parecer maior!Me olho no espelho e vejo que o vestido realmente acentuou algumas curvas que eu tenho, o que me deixa aliviada. Por eu ser magra, raramente encontro algum que se apegue ao meu corpo, então fiquei bastante feliz com esse.
– Bem, você está linda! Sei que vai atrair muitos olhares. – penso sobre isso e controlo a pequena vontade de trocar de roupa, não sou do tipo que gosta de chamar atenção.
– Então espero que eu não os sinta. Pode me ajudar com a maquiagem? Só não exagere por favor!
– Claro, vou pegar minha necessaire.
Quando está tudo pronto, dou uma última olhada no espelho e gosto do que vejo. Me sinto diferente, mais bonita.
Após organizar as coisas no quarto, desligo algumas luzes e checo se há alguma janela aberta. Segurança em primeiro lugar.
Antes de irmos para fora, sinto o ar gelado e os pelos das minhas pernas arrepiam, mas ignoro e continuo andando até um ponto onde os táxis mais passam. Por mais que meus saltos sejam pequenos, não estou acostumada a usá-los, o que dificulta um pouco minha caminhada.
Sirena olha o endereço em meu celular pela terceira vez e quando pegamos um táxi, ela fala sem precisar olhar ler na tela novamente.
Sinto uma animação, por mais profunda que ela esteja. Até que pode ser boa essa festa, se ninguém encher o meu saco. Paramos em uma rua sem saída, quase todas as casas por ali têm muros altos e câmeras, a última casa da rua está iluminada e cheia de pessoas entrando e saindo, ok, deve ser ali. Observo a quietude da rua e o quão fria ela é. Os vizinhos nem devem ter algum tipo de comunicação. Não que eu tenha como exemplo esse tipo de coisa, mas há barreiras entre essas casas.
Quando descemos do táxi, vejo Sirena avaliando o local e dando um pequeno sorriso de animação, o que me faz revirar os olhos. Ela não perde uma. Começamos a caminhar até a casa e o barulho invade os meus ouvidos de imediato. A música está alta e as pessoas estão conversando e bebendo animadamente. As luzes do corredor são neon e alteram as cores em questão de segundos. Observo ao redor, as paredes cobertas de quadros, que parecem ter sido mudados de lugar para não serem estragados, o piso é branco e está tão limpo que as luzes do teto quase aparecem nitidamente. Paramos na sala de estar, aonde as pessoas estão dançando e bebendo. Algumas devorando a bebida, outras já bêbadas, e uma minoria que nem um copo está segurando.
– Megan, espere um minuto aqui. Vou buscar bebidas para nós duas! - Sirena grita em meu ouvido, o que machuca, mas a única forma de nos comunicarmos. Concordo com a cabeça e me encosto um pouco na parede enquanto observo o movimento. Até que reconheço Jimmy vindo em minha direção.
– Oi, Megan! Que bom te ver novamente! – sinto o cheiro de álcool quando ele se afasta do meu ouvido.
– É bom te ver também! Veja só essa festa, você arrasou! – digo e sorrio ao me afastar. Há um pouco de mentira nisso, mas não me importo.
– Na verdade, não foi exatamente eu que planejei essa festa, mas ajudei em muita coisa. Como por exemplo, convidar pessoas bonitas para embelezar este lugar, você foi uma delas!
– Sério? Que legal! Vi que as pessoas estão bem animadas aqui. – ignoro a última coisa que ele disse e vejo Sirena através do ombro de Jimmy.
– Veja só quem está aqui! O homem lingerie! As palavras até rimaram! – ela grita e faz Jimmy rir.
– Homem lingerie? Devo levar isso como um elogio?
- Bem, se você quiser, sim! - ela passa através dele e me entrega um copo. O que está dentro do copo é preto, e ao cheirar, descubro que é uma mistura de coca-cola e cerveja. Beberico pois não faço ideia do que falar.
– Bem gatas, agora eu irei me retirar pois preciso receber alguns convidados! Mas vejo vocês por aí mais tarde, não é? - ele diz e pisca para nós duas.
– Parece que tem alguém soltinho por aí hoje! – Sirena comenta sobre Jimmy e sua alteração.
– Pois bem! Ele meio que deu em cima de mim!
– Isso já era de se esperar. O que você fez?
– Eu simplesmente ignorei o que ele falou e comentei sobre outro assunto que estávamos falando! - digo e começo a rir.
– Isso também já era de se esperar, não é? Você e seu coração de gelo!
Que de gelo não tem nada!
Depois de três copos da minha mistura de bebidas, me sinto aquecida e mais leve. O que me fez querer concordar em dançar, ou pelo menos tentar. Mas isso não significa que Sirena não tenha insistido muito, porque ela o fez.
SexyBack do Justin Timberlake sai dos autos falantes e danço com Sirena de acordo com o ritmo da música. Sinto e vejo alguns olhares em nós duas, mas não me importo, vim aqui para me divertir e é o que eu vou fazer.
Depois de três músicas, me sinto cansada então eu paro e fico observando Sirena e rindo de suas danças. Sinto uma leve queimação nas costas e viro para olhar as pessoas atrás de mim. Vasculho o ambiente e dou de cara com um rosto familiar, dessa vez um arrepio sobe através do meu corpo.
Isso só pode ser brincadeira. Viro depressa antes que ele me pegue observando-o e bebo mais um pouco.
Sento-me em um dos sofás e Sirena vem em seguida e senta do meu lado, mas não conversamos.
O que ele faz aqui?
O que todas as outras pessoas estão fazendo! Meu subconsciente me diz. Logicamente. Mas tinha de estar aqui? Arrepios não param de percorrer meu corpo, isso não é uma coisa boa.
Sinto uma pontada de raiva pelo o que ele fez comigo, mas meu corpo não parece reagir de acordo com a minha mente. O jeito é agir como se eu não tivesse o visto e torcer para que ele não venha até mim.
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Quando Você Me Toca
ChickLitO que fazer quando ficamos entre o prazer e a consciência?