Os três se dirigiram para uma escadinha que ficava bem ao lado esquerdo do balcão grudada à parede. Era feita também de madeira e fazia uma curva para a direita no topo. Subiram lentamente os degraus que vez ou outra faziam algum barulho. Fazia força para ajudá-los tentando manter-se de pé.
Ao final da escadinha, na curva que fazia para a direita, havia uma porta feita de carvalho. Viu Ben tirar uma chave de algum lugar que não prestou atenção e enfiar na pequena fechadura de aço. A porta se abriu e eles se depararam com um extenso corredor iluminado por diversos lampiões onde velas geravam sua luz. Sem dúvida ia de um canto da taverna ao outro, mas para compensar, a largura não era lá essas coisas. Passaram ali os três um pouco apertados, esbarrando nas paredes feitas por tábuas colocadas horizontalmente uma em cima da outra. Não era mal feita. Parecia ter sido obra de um bom carpinteiro. Havia três portas do lado direito e mais três portas em frente a essas outras no lado oposto do corredor. O teto parecia ter um formato triangular.
-No último à direita. –ouviu Ben dar as ordens.
Atravessaram as duas portas que também eram feitas de carvalho, igualmente à que ficava no final da escada, e entraram na terceira. Encontraram um cômodo completamente escuro onde não conseguiam ver quase nada, a não ser uma luzinha azulada que entrava por uma pequena janela quadrada no meio da parede oposta da porta. Iluminava o chão em um formato quadrado bem maior do que a janela era.
Ao acostumar a visão, via que em volta daquele feixe de luz azulada, havia também uma pequena parte sendo um pouco iluminada. Do lado esquerdo da janelinha havia uma mesinha de cabeceira bem pequena e, depois desta, uma caminha que apenas parte da sua lateral menos iluminada ainda estava visível. Uma visão um tanto quando calma para Lenn.
Às cegas, Ben e Victor andaram tateando com os pés e botaram Lenn de bruços naquela caminha de solteiro. Nada nunca parecera tão confortável para ele. Não sabia se era realmente confortável ou porque estava realmente fraco e cansado, desejando loucamente um descanso.
Ben pegou algo na mesa de cabeceira e sumiu na escuridão do canto esquerdo do quarto. Pôde observar algumas faíscas iluminando algumas vezes o seu rosto, até surgir uma chama dançante e alaranjada na sua frente. Ele acabara de acender uma lareira. Uma cor alaranjada se esvaiu pela escuridão do outro canto da sala, mesmo que a luz das chamas dançantes não era suficiente para iluminar completamente o local.
Viu Ben pegar algo que parecia metálico e enfiar dentro do fogo. Deixou lá por algum tempo e retirou. O objeto agora continha também chamas dançantes em sua ponta. Voltou para onde estava a cama e depositou o objeto em algo que estava preso à parede, onde este ficou ali, ao lado da cama de Lenn, iluminando os três habitantes daquele quarto.
-Cuide dele. –disse Ben. –Vou chamar Theía. –e saiu correndo pela porta de carvalho.
Lenn virou a cabeça para o outro lado agora, onde a lua iluminava parte do cômodo pela janela. Victor passou as mãos pelo pescoço de Lenn e soltou um botão feito de ouro, logo abaixo de seu queixo, que servia para prender a sua capa. Parecia que sabia muito bem o que fazer para tirá-la. Parecia que já havia feito antes.
Jogou a capa, que continha três listras enormes e grossas rasgadas, no chão. Lenn ficou apenas com seu casaco de lã preta, um pouco mais claro que sua capa. Era bem justo e colado este. Tinha três listras enormes e largas rasgadas na parte das costas também, resultado da imensa unha daquele Ragshack que o perfurara como facas. Victor levantou o casaco de lã que Lenn vestia.
-Mas que merda. –exclamou.
Ao invés das costas cortadas de Lenn, aparecera algo branco avermelhado que a cobria quase totalmente. Era volumoso. Com certeza um curativo.
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Anjo de Duas Caras
FantasyLennon é um garoto com um coração muito grande, porém cheio de dúvidas e tristezas. Sua aventura começa quando, cego por vingança, chega em Açucena de uma maneira indesejada. Um lugar totalmente diferente de tudo que ele ja presenciara nessa vida...