8 - O presente de Darrin

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  -Até que enfim. –Disse Ben dando um suspiro de alívio. –Olha só essa belezinha. Nem parece que era um lar de centenas de zinkes.

A sala estava completamente limpa. Os dois tiraram até os últimos grãos de pedrinhas que se soltam normalmente de um chão de pedra. Não havia nenhum resquício de teias de aranha (ou teias de qualquer bicho que fosse. Lenn parara agora para se perguntar se existiam aranhas ali naquele lugar. A aparência ainda continuava de uma câmara completamente feita de pedra e antiga. Porém, sem os adereços que ajudavam a torná-la esquisita.

Estranhamente, Lenn não estava mais se incomodando com as dores. Havia se acostumado com elas. Porém, ainda continuavam ali. Realmente os exercícios foram bons do jeito que Ben falara.

Este episódio serviu para que Lenn se interessasse em relembrar a origem das dores. Apenas as sentia, mas não parara para tentar lembrar-se das causas. A das costas era indiscutivelmente resultado das imensas unhas do Ragshack rasgando sua carne no último dia. As dores nas costelas poderiam ter sido causadas pelo momento em que o Ragshack o agarrou e o apertou com as imensas mãos. Algum tipo de ferimento interno, mas pelo visto não tão grave. As dores nos seus antebraços e na perna com certeza são por causa das mordidas dos lobos que enfrentara.

Realmente um dia corrido. Não havia se tocado de que estivera em duas batalhas em tão pouco período de tempo. Bem... não fora tão pouco assim. Lenn havia dormido bastante depois que desmaiara na caverna. Porém, o pedaço cortado de sua realidade pelo sono, fez com que parecessem eventos muito próximos. Estava satisfeito por ter conseguido sair com vida destes. Foram situações extremamente perigosas. Tanto que a lembrança deixada por essas batalhas havia o impedido de andar direito a manhã inteira e, lhe proporcionado bastante dor no final da noite anterior.

Teria que se recuperar rápido. As feridas tinham que cicatrizar em breve. Ao menos tinham que parar de doer. Estava ansioso para o que as pessoas que Victor fora buscar iriam falar. Estava ansioso para ouvir suas partes da história e receber um pouco do conhecimento de cada. Se por acaso eles se recusassem a ajudar, ele mesmo bolaria um plano a partir do conhecimento adquirido por todos os integrantes. Queria agir rápido e o mais cedo possível. Tinha que se recuperar logo.

Ambos, ele e Ben, subiram pelas escadinhas de pedra saindo daquela câmara subterrânea. Ben levava a bacia com as duas mãos e uma vassoura embaixo do braço direito. Lenn levava apenas uma vassoura e a sua espada, que trouxera para baixo receando a confusão que acontecia por causa do zinke fugitivo. Ao passar pela porta de carvalho bem detalhada com símbolos, a luz forte do sol à sua esquerda entrando pela porta e pelas janelinhas invadiu seus olhos desacostumados, forçando-os a ficarem semicerrados. Era estranho não sentir as dores tão intensamente como sentia mais cedo. Apenas em alguns movimentos mais bruscos que podia sentir suas costelas doendo e, apenas em outros que exigiam uma elasticidade do tecido de suas costas que o fazia as sentir também.

-Terminaram? –a voz de Theía emanara agora da luz ofuscante que vinha da porta. –Já não era hora. Não sei que maluquice foi essa de vir cuidar da Thandra bem na hora em que vocês limpavam lá em baixo! Eram zinkes passando por aqui toda hora. –ao terminar a frase pôde-se ouvir um relincho moderado de um cavalo.

-É difícil determinar quem tem mais medo de quem. Eles de você ou o contrário. –disse Ben rindo levemente.

A visão de Lenn agora se acostumara e ele pôde enxergar o exterior da porta de onde Theía falava. Ben despejou o que carregava no chão e começou a andar naquela direção, seguido de Lenn, que despejou apenas a vassoura e continuou com a espada. Um pequeno quintal com chão de pedras redondas e muito bem encaixadas entre si foi revelado.

Anjo de Duas CarasOnde histórias criam vida. Descubra agora