Eu não me prendia a ninguém. Eram muitos colegas, mas raríssimos amigos, tipo dois. Eu tenho a plena convicção que o problema sou eu e meus traumas. Homens? Nunca tive interesse de passar mais de um mês com um. Mas com ele era diferente, sempre foi diferente, mesmo com nossos altos e baixos eu sempre voltava pra ele.
Özil tocou a campainha às sete em ponto. E eu estava pronta há mais de uma hora, porra Evie!
– Pode entrar. – Dei passagem para ele entrar e fechei a porta. – Eu pedi comida turca. – Sorri.
– Você me deixa tonto, Ev, olha a diferença do jeito em que me tratou lá no centro de treinamento e aqui. – Se sentou no sofá. – O que acontece com você?
– Vamos comer primeiro. Depois a gente conversa sobre isso, por favor. Tô com muita fome. – Nós fomos para minha pequena mesa de jantar para quatro pessoas e nos servimos. – Por favor, não vamos agir como se fôssemos dois estranhos.
– Você quer o quê? – Ele deixou os talheres ao lado do prato e colocou as mãos no queixo. – Eu não sei como agir ao seu lado, Evie. Tenho receio de falar qualquer "a" e você me dar patada.
– Eu sempre fui assim, Özil, nem vem. – Suspirei e tomei um gole do whisky que eu já estava tomando antes dele chegar. – Mas eu não serei hipócrita em falar que eu não te evitei. Porque eu realmente evitei. Mas parece tudo conspirava para a gente se encontrar, ou para eu não deixar de pensar em você. – Ri jogando o guardanapo em cima da mesa.
– Então para de ignorar toda essa situação, Ev! A única coisa que eu te peço que não me faça de idiota, seja sincera. Sem mentiras.
– Você sabe que eu sou super sincera. – Ele gargalhou e me encarou levantando a sobrancelha. – Tá, eu vou tentar ser mais transparente. – Revirei os olhos rindo. – Mas quero o mesmo de você, não nasci pra ser chifruda de jogador de futebol.
– É mais fácil eu ter nascido pra ser chifrudo de Evie Allen.
– Ainda bem que você sabe, corno manso! – Gargalhei, mandando um beijinho no ar.
– Vai se foder, Evie Louise. – Jogou um guardanapo em mim, segurando as risadas. – Tô de olho em você.
– Oh, e como tá! Fica bem explícito... não disse o porquê! – Gargalhei e ele quase cuspiu o refrigerante que estava em sua boca.
– Você é uma babaca, já perdeu a graça essas piadinhas... – Fingiu fechar a cara.
– Nunca perde, meu amor. – Soltei uma piscadinha, fazendo ele rir.
– O que você fez durante esses meses?
– Nada, apenas viajei a trabalho pra Alemanha e México. E você, vai voltar a jogar quando?
Terminamos de comer e continuamos conversando normalmente, ele me contou como estava a família dele, de todas as artes que Mira, sua sobrinha, tem aprontado. Eu dividi alguns projetos e dores de cabeça com ele... era sempre assim, ele era uma das únicas pessoas que realmente me ouvia e aconselhava. Esse era um dos milhares motivos dele ser tão especial para mim.
– Quero te fazer um pedido. – Özil falou assim que nos deitamos na minha cama.
– Não vou casar não. – Rimos e ele fez uma careta. – Fale.
– Amanhã depois do jogo vai ter uma social na casa do Bellerín, quero que você vá comigo. – Ele ligou a televisão, colocando em um filme qualquer. – Mas não vai muita gente.
– Hm, pode ser, mas só vou pelo álcool. Tem certeza que não vai muita gente, né? – Ele fez um sinal positivo com a cabeça.
– Aliás, por qual motivo você não me deixa te seguir no Instagram? – Me olhou com cara de tédio.
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The Worst
Short StoryEvie Allen sempre foi uma mulher independente, que nunca precisou de ninguém para conquistar tudo aquilo que sempre quis. Aos vinte e quatro anos possui uma carreira com excelências, trabalha em uma grande empresa do mundo, domina quatro idiomas, um...