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Havia chegado em Lucerna, Suíça, na noite do dia anterior. Como eu estava desgastada, mentalmente e fisicamente, desisti de sair e aproveitar a primeira noite na cidade.

No outro dia me levantei com um ótimo humor, o que era bastante raro. Me arrumei, sabendo que eu e as outras meninas da Puma daríamos voltas por toda a cidade e até mesmo entrevistaríamos algumas pessoas para coletar informações e curiosidades para o nosso futuro projeto. 

A cidade era incrível, por mais que o frio fosse muito presente, deu pra aproveitar e conhecer alguns — dos poucos — pontos turísticos.

O jogo havia sido espetacular, Suíça venceu de seis a zero, deixando a cidade extasiada e me deixando felicíssima por ser pé quente.

O homem riu assim que me viu e logo caminhou em minha direção.

— Quando contaram que você estava aqui eu achei que era brincadeira — o goleiro zombou, me dando um de seus abraços gostosos. — Como você está, Allen?

— Roman, meu querido... eu estou sempre bem! — revirei os olhos, ouvindo outra risada. — Posso estar um lixo internamente, mas vocês de fora nunca saberão disso — suspirei. — Não vou te perguntar sobre as crianças porque acabei de conversar com sua esposa e preciso adiantar quando eu já admiro sua filha do meio, é amor pelo signo, você vai sofrer, Roman. 

— Você acabou de me lembrar o motivo de eu mantê-la afastada de você, bem longe... — fez uma careta, me fazendo rir. — Você tá diferente!

Eu ri, esperando ele me olhar da cabeça aos pés.

— Diferente? Eu estou a mesma de sempre.

— Não, Ev! Você está mais... — pareceu pensar um pouco, tentando formular a palavra certa — leve. Não sei explicar, mas me sinto até bem te vendo assim.

Sua conclusão me tirou um pouco do chão e pude sentir um aperto no peito. Eu não queria falar dessa situação louca pra ninguém, principalmente no lugar em que estávamos.

— Ah, Bürki... Eu me sinto bem vendo você de todos os jeitos — falei dando uma piscadinha em sua direção, fazendo o goleiro jogar a cabeça pra trás rindo. — Com todo o respeito, amigo.

— Você é terrível, Evil — disse ajeitando a mochila em suas costas. — Mas sério, fico feliz em termos criado esse laço depois de tudo — riu sem jeito, me fazendo gargalhar. — Você é uma boa pessoa e que mesmo tentando mostrar pra gente o contrário, você tenta fazer o bem pro próximo.

Sorri com suas palavras, sabendo o quão verdadeiras ele estava sendo comigo.

Eu tinha sim a temida lista, mas a maioria presente ali viraram algum tipo de relacionamento mais leve. A cada nova pessoa havia um ensinamento e uma aprendizagem. E com Roman Bürki havia  tornado um tipo de amizade e pelo goleiro ter marcado presença nesta lista, o suíço me conhecia um pouco mais do que os outros 60%.

— A primeira vez que você disse palavras tão bonitas assim pra mim eu te calei com um beijo. Hoje em dia o máximo que eu posso fazer é dar um soco na sua cara e pedir pra você me apresentar o Sommer — falei baixinho.

— Eu preferia o soco no lugar de ouvir isso — revirou os olhos. — Justo ele? Já escolheu melhores... — cantarolou.

— Eu entendo que você tenha sido titular hoje, mas eu gosto de titulares absolutos, Roman — murmurei arqueando uma sobrancelha.

— Tá, tudo bem, já entendi que você está pior do que era há alguns meses — ele riu fazendo uma careta — Mas a parte do titular magoou.

Antes de eu poder tirar ainda mais onda com a cara do goleiro, uma voz já conhecida por mim, nos interrompeu.

The WorstOnde histórias criam vida. Descubra agora