The Worst

08.

Acordar com a ligação da minha irmã mais nova fez com que meus batimentos cardíacos batessem mais fortes e foi inevitável não pensar o pior. A sua voz de choro e o pedido para eu ir pro hospital mais perto fez minha cabeça girar e vestir a primeira roupa que encontrei pela frente e sair batendo à porta de casa e dirigindo as presas cheguei ao hospital.

— Que merda aconteceu, Alice? — perguntei assim encontrei a menina roendo a unha — O que vocês estão fazendo em Londres?

— Peter saiu pra uma festa, parece que ele bebeu demais e teve coma alcoólico, um amigo dele nos ligou avisando que ele estava vindo pro hospital — ela despejou enquanto me abraçava. — A mamãe desmaiou e bateu a cabeça na quina da mesinha que tinha lá, tinha muito sangue, Lou — a mais nova disse meu apelido e instantaneamente eu me acalmei. — E nós estamos aqui porque nosso pai quer mudar pra cá e tentar consertar as coisas com você.

— Vamos com calma, é muita informação para as quatro da madrugada — respirei fundo, puxando Alice pra se sentar comigo na poltrona que havia ali no corredor. — Como o Peter está? E a Becca? E que porra é essa de vocês mudarem pra cá?

— Eu sei que ela precisou levar alguns pontos, mas já está bem. Não sei qual foi o diagnóstico do nosso irmão, papai está lá — ela murmurou, se encolhendo ainda mais em mim. — Sobre mudar pra cá... Ele vai ser transferido, poderia escolher entre três lugares e achou melhor Londres por ter você, ele quer tentar consertar as coisas.

Meu sangue ferveu, se eu era louca, Charles estava sendo quinhentas vezes mais.

— Quem te chamou aqui? — A voz de Charles ocupou todo o espaço e por instinto eu me levantei.

— Fica tranquilo que eu não vim por você.

— Por que, veio fazer o papel de irmãzinha? Você deve estar feliz, não é mesmo, Evie Louise? — ele despejou com sangue nos olhos. — Deve ser muito gratificante saber que seu irmão puxou a você nessas merdas.

— Pai, não precisa fazer isso! — Alice tentou repreender o homem mais foi em vão.

— Eu vim pra porra dessa cidade tentando fazer o certo. Tentando mudar o passado e ter bons laços com você, mas assim que pisamos aqui acontece essa merda! — Gritou, e eu apenas revirei os olhos. — Sabe onde o Peter aprendeu a achar lindo quem bebe até desmaiar? Com você, porque você é um exemplo pra ele.

— Você deve ser um péssimo pai então, porque eu há milhares de quilômetros de distância consigo ser um exemplo presente na vida do seu filho e você que mora com ele não consegue dar o mínimo pra ele — falei calmamente, sabendo que assim eu o tiraria do sério. — Não vem me culpar por nada disso, eu nunca pedi pra você vim pra Londres e muito menos se aproximar de mim, o que você fez no passado não tem jeito de apagar, aceite essa dor de culpa que eu sei que você sente sempre que coloca a cabeça no travesseiro.

— God, o que eu fiz pra ter uma filha igual a você? Onde foi que eu errei? - ele ralhou mais uma vez, passando as mãos pelos cabelos grisalhos. — Sua mãe não soube te dar educação, não?

Avancei três passos, mas as mãos frias de Alice me seguraram, mantendo meus pés no chão.

— Nunca questione a forma que minha mãe me criou, nunca duvide que ela foi capaz de fazer isso muito bem, sem você... que não foi homem o suficiente pra assumir seu papel de pai e marido.

Dessa vez quem avançou alguns passos foi o mais velho e juntamente com sua mão direita e sem pensar duas vezes segurei seu braço, com uma força que até então era desconhecida por mim.

— Se você levantar essa mão pra mim mais uma vez, eu vou esquecer que você um dia foi meu pai e é pai das duas pessoas que mais amo na vida — murmurei tentando controlar minha raiva. — Não coloque a carga de você ser uma péssima figura paterna em cima de mim, pelo menos uma vez arque com seus problemas... A consequência de você sempre estar ausente para sua família e pra sua esposa que é uma mulher incrível.