06.

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Aproveitei meu crachá dando acesso à zona mista do estádio e fui em direção ao corredor dos vestiários. A primeira pessoa que vi foi o Özil, encostado em uma porta, conversando com alguém da comissão técnica do Arsenal.

Diminui meus passos e encostei na pilastra esperando sua conversa terminar.

– Evie? – Uma figura masculina entrou na minha frente, exibindo um sorriso maravilhoso do qual eu havia me esquecido. – Você mudou de número? – Riu. – Desde aquele dia eu te tento te ligar, mas cai na caixa postal.

Merda!

Olhei pro Turco, que estava bem atrás do moreno com uma a cara nada boa.

– Oi, Kolasinac! – Sorri, ainda sem tirar os olhos de Özil. – Pois é, mudei.

– Eu posso anotar...

– Sead, Wenger está te chamando. – Mesut disse, olhando diretamente para mim.

– Fala com ele que já vou, irmão. – O moreno falou, voltando a olhar pra mim.

– Ele quer falar com você agora. – Özil voltou a repetir.

– Nós podemos sair hoje, Ev?

– Hm, não dá. – Soltei um sorriso, sem mostrar os dentes.

Desconfortável.

– Tudo bem, me manda seu número pra gente marcar alguma coisa. – O jogador se aproximou de mim, dando um abraço sem jeito, depositando um beijo em minha bochecha que se não fosse por mim teria sido um selinho bem na frente de Özil. – Você continua sensacional.

Soltou uma risada e, quando foi passar por Özil, deu dois tapinhas em seu ombro.

– Você continua sensacional – o turco explodiu, imitando o tom de voz de Kolasinac assim que o jogador entrou no vestiário. – Você só pode estar brincando... – falou, puxando meu braço.

– Me solta! Você vai showzinho na frente de todo mundo?

Ele me soltou, passando as mãos pelos cabelos. 

– Eu não estava pronto pra passar por isso, scheiße!

– Mas já te falei dessa parte da minha vida, que saco. Você não achou que não iria jogar ao lado de nenhum, né? – rebati, fazendo ele respirar fundo.

– Nós precisamos conversar porque eu cansei. Preciso saber o que você sente, se vamos continuar ficando ou se iremos ter algum relacionamento que vise a um futuro e não um talvez.

– Vai trocar de roupa, eu te espero no carro. Não quero que ninguém veja seu showzinho, principalmente aqui no seu local de trabalho.

Abri a porta da minha casa dando espaço pra ele entrar e assim que fechei a porta, Özil explodiu.

– Por quê? Para que se machucar se você mesmo fala e assume que gosta de mim? Você não precisa fingir ser essa mulher que demonstra ser por outros pra mim, assume um relacionamento comigo. – Passou a mão na testa, onde já era possível ver uma ruga. – Não aguento mais a sensação de ver um jogador e ficar imaginando se você já pegou esse cara e que ele pode ir atrás de você a qualquer momento.

– Se eu abaixasse completamente minha guarda e aceitasse, quanto tempo duraria esse relacionamento? – falei, cruzando os braços. – Ontem à noite quando você saiu daqui, você foi encontrar com a Amine – falei simplesmente. – Esse é o sentimento que tenho quando você sai da minha casa.

Ele se retraiu e eu pude ver nitidamente o jogador  engolir seco.

– Eu fui resolver algumas coisas com ela, dar ponto final nas poucas coisas que aconteceram entre a gente.

The WorstOnde histórias criam vida. Descubra agora