Cap. III - Xanthus

7 1 0
                                    



A ponte levadiça subiu com um rangido de protesto assim que a carruagem passou por ela. Ela ainda rodou por vários metros antes de parar. O pátio do castelo era uma pequena aldeia. Ali tinha marceneiros, ferreiros, estábulos, casas dos funcionários.

Os dragões sobrevoaram o castelo observando seu interior, quando tiveram certeza da segurança pousaram em seus pontos de vigia e recolheram suas imensas asas junto ao corpo. Seus mestres desceram de suas costas e também tomaram seus postos. Lá em baixo os cavaleiros rodearam a carruagem assim que ela parou. O primeiro comandante desceu de seu cavalo e abriu a porta da carruagem.

Xanthus era um homem de sessenta e três anos, alto, forte e muito vigoroso. Os cabelos traziam algumas pequenas mechas prateadas, o que lhe conferiam um charme especial. A barba cortada rente trazia um ar de nobreza ainda maior. O manto vermelho esvoaçando em suas costas e a coroa que trazia na cabeça também ajudava muito.

Os homens se curvaram para que o rei passasse, mas os cavaleiros não ajoelharam, eram dispensados dessa formalidade. Xanthus passou por eles e subiu as escadas até a entrada do castelo. Ele tinha ficado duas semanas fora de casa e estava ansioso em ver seus filhos. Estranhou que nenhum deles foi ao seu encontro. Quando mandou um mensageiro na frente avisando que estava dentro das fronteiras de Noithcent, apenas dois Capitães de Ferro apareceram.

Edvar foi o primeiro a aparecer.

– Meu pai, estava sentindo falta de sua presença nesta casa.

O príncipe Edvar era o filho de meio do rei Xanthus.

– Eu também estava com saudades de casa e dos meus filhos.

Gweneth, esposa de Edvar também estava ali para receber o rei, junto com o filho do casal, Ardin.

– Sua bênção meu avô e rei.

Ardin pôs-se sobre um joelho e beijou a mão do avô.

– Que os deuses derramem suas bênçãos sobre sua cabeça Ardin.

Cumprimentos feitos e bênçãos dadas Xanthus voltou à árdua tarefa se ser rei.

– Onde estão Joarque e Ásvila?

– Eles estão fora do castelo, caçando. Não sabiam que o senhor chegaria, saíram antes de sua mensagem.

Rei Xanthus caminhou até a sala do trono e se sentou. O trono gelado e duro era reconfortantemente familiar.

– Como estão os saques nas as províncias?

O príncipe Edvar estava de pé ao lado do pai.

– Controlados. Por enquanto. Alguém está assaltando as caravanas, preciso descobrir quem é. Cortar o mal pela raiz.

– Isso pode ser difícil, meu pai. Muitas são as pessoas que podem se beneficiar com esses saques. As caravanas transportam muitos produtos valiosos.

– O que me preocupa, Edvar, é a precisão com que os meliantes atacam. É como se soubessem o etinerário das caravanas.

– O senhor acha que há um traidor? Alguém da alta cúpula que pode estar fornecendo informações aos bandidos?

Xanthus passou a mão pela barba e ponderou. Realmente não seria uma tarefa fácil descobrir quem estava por detrás daquilo. Edvar continuava falando.

– Ele pode nem estar entre nós. Pode não ser um dos homens do castelo e sim um grupo bem organizado que fica de tocaia aguardando a próxima caravana. Não temos tantas estradas assim...

Escamas de SangueWhere stories live. Discover now