Cap. X- Novos recrutas

5 1 0
                                    

Ver um dragão alçando voo é impressionante, mas a visão de um exército de dragões é algo inesquecível. Ronald tinha os olhos tão arregalados que quase saltavam das órbitas. Olhava para todos os lados ao mesmo tempo tentando não perder nenhum dragão, mas era impossível, pois havia muitos e eram tão rápidos que o menino não conseguia acompanhá-los. Finalmente, acabou. Os animais se foram todos, para sabe-se lá onde, esconder seus ovos.

Ronald nunca tinha visto tantos dragões, nem tanta gente. Os moradores se acotovelavam disputando lugar com os visitantes. Todos os moradores dos reinos de Noithar que possuíam um dragão estavam ali, assim como as famílias dos trinta rapazes que entrariam na Academia.

Jason estava ali com sua família. O nome de Kearney estava na lista e havia chegado o dia em que ele se tornaria um guerreiro. Jason estava feliz e orgulhoso do filho mais velho, mas também um pouco receoso. Nunca havia ficado mais de uma semana sem ver o filho e agora ele estava prestes a começar a Academia e a vida adulta. Amarantha também estava aflita, mas tentava não demonstrar, queria que o filho fosse um guerreiro e não faria nada que pudesse atrapalhá-lo.

Kearney estava radiante. Seu rosto brilhava, tanto pela excitação quanto pelo sol escaldante. Olhava as pessoas ao redor imaginando qual daqueles meninos seriam seus companheiros de Academia. Vez ou outra apontava para algum deles confabulando com Mikhail, "será que aquele vai?"

Eram admitidos sempre seis meninos de cada tribo dos reinos de Noithar, ele conhecia os de Noithcent, mas apenas de vista, somente com Mikhail já tinha realmente conversado.

Orion estava descendo de seu posto para se juntar à família, entre os guardas de ferro apenas ele e Tikar tinham filhos com idade para ingressar na Academia. Nunca era fácil para Orion se separar de Brisa, uma parceria que havia sido construída e solidificada por anos. Hoje Brisa era como uma extensão do próprio corpo de Orion.

Kendra estava ao lado de Amarantha esperando pelo marido. Ao seu lado Willa usava seu melhor vestido, os cabelos claros presos no alto da cabeça, Orion olhou a filha e pensou que nunca encontraria um homem que fosse merecedor dela. Willa era famosa na aldeia por sua beleza, assim como Mikhail, tinha herdado os olhos azuis da mãe, mas tinha traços fortes e bem definidos. Estava com treze anos e já era hora de começar a estudar os pretendentes, que não eram poucos, mas era tão difícil pensar que sua pequena joia estava na idade de deixá-lo que Orion sempre adiava o assunto.

Foster continuava no castelo ao lado do rei, por isso Kendra segurava Elhisia pela mão. Há dez anos Foster encontrou uma mulher perdida na floresta, ela estava ferida e morrendo de fome. Ele tentou ajudá-la, levou-a para sua casa e buscou ajuda, mas a mulher morreu antes que o curandeiro do castelo chegasse até sua cabana. Ninguém nunca soube o nome da mulher ou como e por que ela estava na floresta, mas ela tinha um bebê.

Durante meses procuraram por alguém que soubesse quem era a mulher ou se tinha parentes, mas ninguém a conhecia. Foster tinha ficado com a criança até que algum parente fosse encontrado, mas nenhum apareceu. Então ele ficou com a criança até que algum casal quisesse adotá-la, mas também ninguém apareceu. Todos acabaram se esquecendo da criança e hoje ela era uma linda menina de cabelos esverdeados e o chamava de pai. Foster a amava mais que qualquer outra coisa no mundo.

Todos da aldeia esperavam por esse dia o ano todo. Barracas com todos os produtos imagináveis se estendiam pelas ruas vendendo carnes assadas, legumes no espeto, caldos, doces coloridos que ninguém sabia como eram feitos.

Uma fila enorme se estendia pela rua. Roni foi até lá na frente tentar ver o que aquelas pessoas estavam comprando, um homem de pele tão escura que Roni nunca tinha visto igual estava ajeitando uma família em cadeiras bonitas, depois ficou na frente deles e levantou um objeto de luz que fez um barulho que assustou Roni e a família. O homem mexeu em uma mesinha, pegou umas varetas, arrumou-as e lentou para que todos vissem. Roni arregalou os olhos. Era a mesma família que estava ali sentada há um minuto, tinha ficado sua imagem naquele quadrinho. Mas como aquele homem conseguia pintar tão rápido! Roni correu para junto de seu pai.

Escamas de SangueWhere stories live. Discover now