Dark Taste

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Cheguei a casa pouco antes das 10 horas. Estacionei o carro do meu pai e entrei rapidamente em casa. Encontrei-o já preparado para sair, sentado no sofá a beber café enquanto visualizava a meteorologia do dia de hoje na televisão.

"Demoraste." afirmou.

"Desculpa. Toma as chaves." disse entregando-as "A bicicleta?" perguntei, agora curiosa.

"Onde estás a pensar ir, Evelyn Gwen Reed?"

Detestava quando o meu pai me chamava pelo nome completo. É tão cliché.

"Ao centro da cidade." respondi à sua pergunta.

"Fazer?"

"Ler um livro, tomar o pequeno-almoço, entre outras coisas."

"Toma o pequeno-almoço com a tua mãe e com a Riley." contrariou.

"Não quero." protestei.

"Lyn..."

"Pai, faz-me o favor de dizer onde está a bicicleta. Por favor."

"Está no sótão." disse, misericordioso.

Sorri. Peguei nas chaves do sótão que se encontrava em cima da mesa da entrada da minha casa e corri velozmente até ao sítio onde se encontrara a minha velha, mas ainda boa, bicicleta.

[...]

Ouvi o som da porta a bater. O meu pai já havia saído. Mas eu ainda estava numa luta imensa para conseguir tirar a bicicleta do sotão, sem partir nada.

Dizia agora um monte de asneiras na minha cabeça, tinha acabado de riscar a parede do hall da entrada.

"Quero dizer, consigo tirar sem problemas a bicicleta do andar de cima, mas na parte mais fácil, risco a parede."  pensei, ainda irritada com o que havia acontecido "Talvez nem diga nada. Pode ser que não descubram."

Fui à sala buscar agora as minhas chaves de casa e encontrei uma nota em cima da mesa pequena que se encontrava no centro desta pequena divisão, ao lado do pequeno copo de café vazio que meu pai bebera à uns minutos atrás. Percebi logo que ele queria que eu o levasse, e assim o fiz.

Saí assim que pude de casa e pedalei até ao centro da cidade, que se encontrava a 10 minutos da mesma. Tentei procurar um café onde pudesse tomar a minha primeira refeição. "Dark Taste" era o seu nome. Encontrei uma quantidade razoável de famílias a tomarem o pequeno-almoço nesse mesmo café, que se encontrava num jardim. As mesas eram feitas de mármore preto, o que acabava por condizer com o nome do pequeno sítio onde estara agora. E até mesmo quase com a cor que as nuvens demonstravam, evitando que chovesse.

Sentei-me numa mesa vazia que se encontrava no fundo do mesmo jardim, em que fazia uma distância de alguns metros entre as famílias que tentavam apanhar a maior quantidade de sol em pleno inverno, enquanto eu ficara escondida embaixo de meia dúzia de árvores nuas que tentavam, com dificuldade, produzir a mais simples sombra.

Meio minuto passou e era possível visualizar um rapaz de estrutura alta e com corpo definido a aproximar-se lentamente da mesa onde eu me encontrara sentada, onde, em poucos momentos, ele iria fazer-me a pergunta óbvia, mas que o fazia ganhar o seu salário mensal. Eu pretendia que lia o menu, pois, não querida dar nas vistas que olhava para este ser masculino de uma forma tentadora.

"Deseja alguma coisa?" finalmente perguntou.

"O Pequeno-Almoço Britânico." disse, dizendo a primeira coisa que encontrava no papel plastificado que tinha na mão, para responder aquele rapaz interessante.

"Mais alguma coisa?" perguntou, enquanto anotava o que eu acabara de pedir.

"Nem por isso."

Tirando o facto de que ele tera um avental preto, sob o seu corpo, que ia da sua cintura abaixo, a minha primeira impressão dele não tinha sido negativa. Não de todo. O rapaz era atraente, a sua voz era uma música relaxante para os meus ouvidos. Eu tinha a certeza que iria voltar. Talvez até todas as manhãs após à minha ida à floresta. Por mais que isto só tenha sido um diálogo com um típico empregado de um café, fez-me apegar a este sítio. Não só apenas pela sua grande sensualidade, mas também pelo conforto. Os seus olhos eram azuis como o mar e quase que imaginava leves peixes a saltarem naquela água clara e salgada. O rapaz canhoto mostrava delicadesa enquanto escrevia o meu pedido no pequeno papel branco. Poderia-se dizer que este seria o meu refúgio sensual.

Esse mesmo rapaz trazia-me agora o meu prato com o que havia pedido à uns minutos, onde lá dentro estava, tal como o nome dizia, um típico pequeno-almoço britânico - torradas, ovos estrelados, bacon, salsichas e tomate era o que se encontrava neste largo prato.

Abri o meu livro e comecei a ler, enquanto ingeria os alimentos deliciosos e de pedir por mais do pedido que o rapaz loiro me entregara. 

Tinha reparado mais cedo, enquanto o visualizava de cima a baixo, na sua pequena chapa que estara presa à t-shirt no seu peito. Jack. Jack era o seu nome.

"Desculpe!" gritei.

"Sim?" disse o mesmo rapaz, vindo agora na minha direção.

"Jack, não é?" apontei para a chapa que se encontrava situada no seu peito definido.

"Sim, minha senhora." sorriu.

"Podes-me trazer um copo de água, por favor?"

"Claro. Claro." afirmou, repetindo com pressa, enquanto as outras famílias o chamavam para pedir algo a mais como eu, ou para atender as pessoas que chegavam individualmente, enquanto o tempo passara, lentamente.

[...]

O meu relógio marcara as 12h. E os meus olhos já começavam a fechar lentamente. Concluí sozinha que tinha de pagar e de sair rapidamente do café e encontrar um sítio para dormir: a minha cama.

Chamei novamente o rapaz loiro e paguei de imediato, despedindo-me e saindo de seguida, procurando desesperadamente a minha bicicleta, que deixara presa a um poste à entrada do Dark Taste. Assim que a consegui visualizar, sentei-me nela e pedalei furiosamente e rapidamente até casa. Utilizei as minhas últimas energias para esta mesma ação.

Assim que finalmente cheguei a casa, encontrei a Riley a jogar Just Dance 4 com a minha mãe. Ela nunca tinha feito nada assim comigo e eu não tenho a certeza, mas acho que a culpa é minha. A minha mãe sofria violência doméstica do meu pai desde que me lembro, assim que a Riley nasceu, acalmou-se um bocado, limitando-se agora apenas a discussões, mas sempre que a minha pequena irmã está na escola ou na casa de um amigo, o meu pai aproveita o momento e começa a ameaçar e a agredir a minha mãe, e eu tenho um medo profundo de me intrometer. Então saio de casa. Eu acho que é pela minha ignorância, que a minha mãe não me trata da mesma forma que decide tratar a Riley. A mim, ela limita-se apenas pelo "querida", "amor" e "dorme".

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Heey!

Eu quero agradecer imenso por todos os votos, leituras e comentários, vocês são demais, a sério! Nunca pensei que viessem a gostar tanto desta história como eu. :)

Espero que continuem a acompanhar esta fic, porque mais um ou dois capítulos é que a verdadeira história começa! Ahah prontas?

Até ao próximo capítulo 

Nightingale | h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora