"Evelyn!" chamou-me a minha figura materna "Evelyn!" repetiu.
"O que foi?" gritei, enquanto perguntava ainda escondida debaixo dos meus lençois grossos.
"Temos de ir. Despacha-te!" mandou.
"Vai sozinha." resmunguei.
"Se não fores, eu não vou." conseguia sentir a sua voz a ficar mais próxima "Vamos Evelyn." disse já na porta do meu quarto.
"Estou cansada..." desculpei.
"Quando saíres da cama já não ficas. Agora vamos, para depois irmos jantar ao McDonald's."
"Dúvido. Já não caio mais nessas coisas, mãe."
"Estou a falar a sério, também prometi à tua irmã. Vai-te arranjar que a Riley também está. Vamos lá." disse agora, calma.
"Está bem." parei de insistir.
Duas semanas já haviam passado desde que descobri o Dark Taste, e francamente, adoro aquele café. É barato. Sensual. E meu - assim como quem diz. E comecei a frequentá-lo com muita frequência, mas haviam vezes em que não era capaz, pois, ou adormecia na própria floresta com um saco de cama que começara a levar desde o meu primeiro "incidente" no mesmo sítio, ou porque simplesmente adormecia antes mesmo de ir à floresta. Mas a última opção já não era assim tão habitual. Eu não perdia aquele momento por nada.
Tinha agora de ir comprar uns cadernos para a universidade, por mais que não me seja muito necessário, mas também vou ajudar a minha mãe com as coisas da escola da Riley. "Que remédio." Talvez até consiga comprar umas roupas novas com o dinheiro que tenho andando a poupar.
Corri até ao andar debaixo apenas de calças, meias e sutiã à procura de uma parte de cima lavada na sala das máquinas, conseguindo encontrar, já enxuta, uma camisola de lã, ainda pendurada. Vesti-a e fui diretamente para à casa de banho, arranjando-me.
[...]
Já nos encontrávamos no centro comercial, enquanto eu carregava um saco de livros, cadernos, lápis e canetas, à procura de uma mesa onde eu, a minha mãe e a Riley nos pudessemos sentar. A minha mãe pedia e a Riley ajudava com os tabuleiros. Claro que sou eu que fico sempre sozinha.
Já do meu pai, nem sei, nem quero saber. Mas prevejo que tenha aproveitado esta tarde livre para ir a um bar ou dois. Tenho a impressão que a casa iria estar deserta assim que nós chegássemos a casa, e que a Riley iria dormir comigo esta noite. Quer dizer que não podia ir à floresta esta madrugada, mas ninguém me impedia de ir comigo ao meu café. O que deu origem a uma ótima ideia.
[...]
A Riley aproximava-se lentamente com um tabuleiro, completamente sozinha. Solitária.
"A mãe?" perguntei.
"Ela está à espera que acabem de fazer os vossos CBO's." disse, projetando um sorriso no seu rosto.
"Está bem." sorri de volta.
Admito que este dia encontrava-me com uma boa disposição. Tinha paciência para aturar a minha irmã. Quero dizer, por um lado tive sempre, tenho de meter em consideração que ela é a mais nova. A pequena. Ela não tem noção do que se passa no lado de fora das paredes do seu próprio quarto, o que me deixava em baixo. Mas eu não lhe deixaria que isso lhe afetasse como me afeta a mim. Eu não sou um exemplo a seguir.
"Esta noite dormes com a mana, está bem?" afirmei, ao mesmo tempo tentando distinguir as bebidas para cada uma de nós.
"Está bem. Mas porquê?" perguntou curiosa.
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Nightingale | h.s
FanfictionQuando o mundo fecha as portas e esconde a chave, prendendo assim Evelyn num mundo de guerra e de puro isolamento, não tendo sítio para se refugiar. Poderá então um guerreiro reconfortar a rapariga deprimida neste mundo de demónios - como aparentava...