Scott até tentou me convencer a entrar pela porta de trás mais eu me recusei, ele precisava enfrentar seus problemas de frente. Como já era tarde meus pais assim como seus convidados estavam tomando um café na sala de estar luxuosa.
- Lyanna! - exclamou minha mãe contente vindo me abraçar, eu odiava as interações familiares, parecia tudo muito... Falso. Mantive minha expressão fria e devolvi o abraço contida.
- Como vai Mãe. - digo num tom que demonstra que eu não gosto nenhum pouco de estar aqui, Dona Amanda percebeu meu desconforto. Scott tenta sair de fininho mais eu seguro seu ombro e o mantenho ao meu lado. Não iria passar por isso sozinha não. Meu pai me cumprimenta apenas com um aceno.
- Oh! Então essa é a famosa Lyanna! - exclama a mulher desconhecida, ela me parece ter uns quarenta e poucos anos, morena dos olhos verdes. Ela vem me cumprimentar com um abraço que eu devolvo só por educação. - Ouvimos falar muito e você querida.
- Espero que coisas boas apenas, as ruins eles guardam pra jogar na minha cara em momentos oportunos. - respondo docilmente e vejo a cara de reprovação em meu pai. O rapaz que suponho ser filho dela riu juntamente com seu marido.
- Lyanna! - repreendeu minha mãe e eu nem me importei.
- Imagina querida. Estávamos ansiosos para conhecer a futura noiva de meu filho, Matthew. - diz ela como quem quer deixar a reprimenda pra lá. Eu paralizei na hora e olhei para meus pais que nesse momento procuravam olhar para qualquer lugar longe de mim.
- O que? - pergunto fria. - Então quer dizer que eu estou à procura de um noivo e ninguém avisou? Que falha a minha. - digo transbordando sarcasmo. A senhora em minha frente não entendeu muito.
- Anna, vamos conversar no escritório. - disse meu Pai tentando amenizar a situação. Eu segui para o centro da sala com Scott ao meu lado temendo que eu fizesse alguma besteira.
- Eu vou esclarecer uma coisa aqui. - disse olhando para os dois homens que estavam ali. - Eu não sei quem vocês são ou o que esse imbecil prometeu a vocês. Mais saibam que eu não sou uma posse para ele me jogar para qualquer um em troca de negócios, então seja lá o que estiverem negociando, esqueça. - minha raiva era palpável, agora eles foram longe de mais. Pra mim já chega. Me viro para meu pai. - E você David, pode esquecer que tem uma filha daqui pra frente, eu não sou mais uma menininha que você pode manipular pra fazer o que lhe convém. Agora escute bem o que eu vou dizer: Meta-se na minha vida outra vez que eu jogo todos os seus podres no ventilador, você não vai me querer no seu caminho Papai. É só eu fazer isso aqui. - estalo os dedos. - Que todo seu maravilhoso e intocável império cai.
- Sua... - ele começa irritado e eu lhe interrompo.
- O que? Acha que me chingar de nomes baixos vai me atingir? Engano seu não vou me rebaixar ao seu nível. Agora eu vou sair por aquela porta e nunca mais quero vê-lo na minha frente. - ele não ia deixar isso barato com toda certeza eu o envergonhara na frente de clientes. - Quer me deserdar?Melhor ainda, não quer seu dinheiro podre.
- Anna, não faça isso Querida, vamos conversar. - implora minha mãe.
- A senhora fique fora disso, sei que é fraca de mais e deixa esse imbecil manipula-la. Estou tentando não pensar na sua participação nessa história, então por favor não estrague o pouco de respeito que ainda lhe tenho. - digo sem olha-la. David levanta sua mão para me desferir um tapa e eu seguro seu punho ao mesmo tempo que saco minha arma. - Cuidado Papai ainda estou de serviço e você não vai querer sair daqui algemado. - ele se enfureçe mais se afasta, recoloco a arma no coldre e me viro para o casal ali presente. - Vocês foram os enganados dessa história, me desculpem por isso não vai haver casamento algum. - me viro e sigo para a saida, Scott me acompanha.
- Eles passaram dos limites agora. - disse enfurecido.
- Foi melhor assim, precisava de um motivo para cortar relações definitivas, eles já estavam me fazendo mal. - digo parando nos degraus. - Não quer dizer que eu vá deixar de me importar com você irmãozinho, - digo beijando sua testa e o abraçando. - Sempre que precisar sabe que é só me ligar que eu venho.
- Sei disso Anna, você é a única que se importa. - diz ele triste e eu o abraço mais forte.
- Amo você Scottie. Te espero na delegacia depois da escola. - digo lhe dando um último beijo ele apenas acente e segue para a porta, sinto o peso de seu olhar até eu chegar em meu carro, ao sair da propriedade eu o vejo enxugar uma lágrima discretamente e entrar.
Já passava das 23h quando eu cheguei novamente no hospital, eu estava morta, não dormia a mais de 24h mais não me importava com isso, segui para a UTI e Maia estava no mesmo estado. Fiquei ao seu lado segurando sua mão como havia feito algumas horas atrás.
- Ela está estável, já pararam de lhe dar sedativos e ela deve acordar quando se sentir pronta. - disse Vinícius atrás de mim, me assustei um pouco com a sua chegada.
- Obrigada. - digo olhando para minha amiga pálida.
-Há quanto tempo vocês se conhecem? - perguntou ele parando ao meu lado.
- A vida toda. - digo suavemente. - Sempre estivemos juntas, não tem uma memória sequer em que ela não esteja ao meu lado.
- Agora entendo seu desespero quando chegou aqui. - disse ele tranquilamente.
- Não posso perder meu piloto de fuga. - digo brincando com seus dedos.
- H-hei. - diz ela com a voz fraca. - Vaso ruim não quebra. - com essa eu me debulho em lágrimas e a abraço.
- Passarinha! - digo soluçando em seu pescoço.
- Vai com calma Tamborete. - diz ela com um gemido de dor e eu me afasto sorrindo limpando as lágrimas.
- Vou chamar o Dr. Toller para examina-la. - diz Vinícius saindo contente.
- Aquele era o vizinho gostoso? - perguntou ela baixinho e eu sorri concordando. - Ai. Meu. Deus.
Depois de alguns minutos Vinícius volta com Miguel à tiracolo eu me afasto e ele começa a examinar Maia. Ela está no céu pelas suas expressões, ela sempre quis ser examinada por um médico gostoso. Eu disfarço o riso com uma tosse mais Vinícius não se convence e fica intrigado.
- Todos os seus sinais vitais estão estáveis e não há nenhum sinal de infecção. Vou pedir que façam mais alguns exames só para garantir. - diz Miguel em seu tom profissional.
- Com toda certeza, eu adoraria ser examinada novamente. - diz ela com uma falsa inocência que me fez prender o riso novamente. Os dois doutores perderam o duplo sentido.
- Vai com calma Frey, não quero ter que testemunhar contra você. - digo sorrindo e ela entende que é pra parar de assediar o doutor e mesmo assim ignora.
- Perdemos algo? - questiona Vinícius curioso.
- Que nada rapazes, minha chefinha gosta de pegar no meu pé só isso. - diz ela se fingindo de inocente.
- Já vi que você está bem. Vou na lanchonete pegar algo para comer, quer alguma coisa? - pergunto aos pés de sua cama.
- Algo bem gorduroso seria ótimo, mais sei que é impossível aqui então um daqueles sanduíches sem graça está bom. - diz ela desanimada.
- Ok, qualquer coisa grite que os rapazes estão no corredor. Você está em boas mãos por agora. - digo já me virando para sair.
- E que mãos. - diz ela descarada e eu saio gargalhando dali.
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Reaprendendo A Viver (Em Pausa)
ChickLitLyanna é uma mulher forte e decidida de 28 anos, delegada durona e orgulho dos pais. Sua vida é basicamente resumida em trabalho e casa. Apesar de vir de uma família rica ela se recusa a fazer parte desse circulo social. Apesar de não demonstrar ela...