Meus homens já estavam impacientes, minutos após eu chegar o residente da Emergência apareceu para libera-los, não sem antes advertir sobre alguns cuidados.
- Vocês precisam de repouso por pelo menos três dias, nada de movimentos bruscos ou levantar peso. Vocês tem algumas sérias contusões e não querem estourar seus pontos. Darei três dias de atestado para apresentarem ao seus superior, quero que retornem imediatamente caso sentirem tonturas, visão dupla dores ou dores de cabeça. Estamos entendidos? - perguntou ele olhando para as caras fechadas em sua frente.
- Estamos entendidos sim, eles irão fazer tudo direitinho. Pode dar para mim os atestados, daqui vocês vão direto pra casa e eu espero não ver a sombra de vocês nos próximos dias ou preparem-se para fazer o trabalho burocrático por um mês.- digo severa olhando para eles que empalideceram.
- Sim senhora. - disseram baixinho e eu acenti me virando para o médico que me olhava com admiração.
- Aqui estão. - disse me estendendo quatro testados e passando as receitas para eles. - Já podem ir, qualquer coisa retornem e faremos novos exames.
Eles estavam com as caras fechadas mais felizes por irem embora. O médico se retirou nos dando alguma privacidade.
- Preciso que vocês fiquem bem, precisarei muito de vocês logo mais, então descansem. Hernando, - digo me virando para o agente que estava ali garantindo a segurança deles. - Leve-os para casa e depois pode retornar à delegacia. O diretor estará aqui em breve e eu preciso designar uma escolta para a Frey antes de ir para lá também.
- Claro Delegado. - disse ele. - Ficaria mais tranquilo se o Agente Adam permanecesse ao seu lado. - eu concordei. - Vamos rapazes, sem corpo mole.
Com essa eu tive que sorrir, os oito agentes saíram dali atraindo alguma atenção sobre si e Adam se colocou ao meu lado.
- Temos mais seis homens aqui, irei colocar dois na porta do quarto da Investigadora e os outros nas saídas. - disse ele me olhando.
- Perfeito. Deixarei a segurança do hospital saber que estamos aqui e precisamos de reforço. - digo seguindo para o RH com ele em meu encalço. Depois de feito os ajustes necessários voltamos para a UTI, minha amiga ainda estava na mesma. Vi tio Tom ali e segui em sua direção. - Adam, volto já.- ele acente e retorna para a porta de Maia.
- Anna, por favor filha me diga que reconsiderou? - perguntou ele aflito.
- Não tio. Preciso dos meus exames. - digo séria e ele mesmo contrariado concorda.
- Pedirei para trazerem para você. - disse ele.
- Quem mais sabe sobre isso? - pergunto temerosa.
- Somente nós dois, a enfermeira Nina e o pessoal do laboratório. - disse ele tranquilo.
- Muito bem, abafe o caso, diga a eles para não cometar nada. Tudo isso está em sigilo médico, eu sei como a rádio corredor corre rápido aqui, não quero o hospital inteiro sabendo disso. Tenho muito o que lidar sem o olhar de pena deles sobre mim. - digo fria e ele concorda, nesse momento avisto o diretor Phill chegando. - Tenho que ir.
Ele me avista segundos depois e segue até mim me segurando pelos ombros e dando uma avaliada nos danos.
- Graças a Deus você está inteira. A operação foi um sucesso, estão todos orgulhosos do que você fez Stark. - disse ele animado. - Como estão os outros?
- Os rapazes estão bem, já foram liberados e tenho os atestados deles comigo, Frey está na UTI se recuperando da cirurgia mais está estável pelos prognósticos. - digo séria e ele acente.
- Já designou sua escolta? - perguntou e eu confirmei. - Ótimo, preciso dos relatórios em algumas horas, então trate de providencia-los logo. Te vejo na delegacia. - ele nem esperou eu responder e já saiu.
- Imbecil. - resmunguei quando ele não podia mais ouvir.
- Uau, espero nunca ser o alvo dessa cara ai. - provocou Miguel parando ao meu lado. - Aqui. - me estendeu meus exames. - Dr. Hart mandou lhe entregar. - eu endureci.
- Você não olhou não é? - perguntei severa.
- Não! Bem que eu queria, mais ele foi muito severo ao dizer para apenas lhe entregar e nada mais. - disse ele meio chateado.
- Bom. Obrigado. - digo indo até a porta de Maia. - Tenho que ir para a delegacia, voltarei em algumas horas, mande me avisar caso haja alguma alteração no caso dela, ok? - pergunto firme.
- Claro, deixe seu número comigo ou com as enfermeiras e ligaremos. - disse ele muito casualmente para o meu gosto. Não caio nessa não querido.
- Só avise um de meus homens e eles me ligarão. - digo indicando os Agentes na porta. Entrei e dei um beijo na testa de Maia. - Volto logo Mana. - digo suavemente e com aperto no coração deixo ela pequena e pálida naquela cama enorme. - Se algo acontecer com ela enquanto eu estiver fora, considerem-se fodidos. - digo para os Agentes ali e eles empalidecem. Dr. Miguel ainda estava ali e eu deliberadamente o ignorei. - Vamos Adam, tenho relatórios para fazer e um imbecil pra colocar no lugar.
E sem esperar resposta eu sigo para os elevadores que me levariam ao lobby do hospital. Saímos dali em um silêncio confortável e a viagem até a delegacia foi tranquila. Em poucos minutos estávamos no caos controlado que aquilo havia se tornado. Eu já estava muito irritada com o filho da puta do Phill e segui para a minha sala sem me importar com os chamados que recebi pelo caminho.
As primeiras 19h do meu plantão estavam uma merda. Terminei todos os relatórios necessários e também a papelada dos rapazes de atestado assim como o de Maia. Redigi também meu pedido de exoneração do cargo, pedido esse que eu fiz questão de entregar pessoalmente para Phill.
Dei um longo suspiro e contemplei as pastas em minha frente, peguei-as todas deixando a preta por último e segui pelo corredor até a sala do Diretor. Bati na porta discretamente e ele me mandou entrar.
- Com licença, trouxe os relatórios. - digo formalmente e ele indica a cadeira em sua frente.
- Muito bem Delegada, deixe-me vê-los. - pediu e eu entreguei quase todas as pastas, segurei apenas a preta. Ele não comentou nada apenas se pôs a ler tudo com calma. - Tudo certo como sempre. - disse depois de algum tempo com um sorriso.
- Tenho outro assunto para tratar. - começo cautelosa e ele me incentiva a prosseguir, eu apenas entrego a pasta contendo meu pedido de exoneração e aguardo. Ao abrir e ler o conteúdo ele fica perplexo.
- O que é isso Lyanna? Qual o motivo desse pedido agora? - perguntou chocado.
- Tenho motivos pessoais para querer deixar o trabalho. Apenas aceite o pedido, sei que pode demorar alguns dias até a papelada ficar pronta mais eu espero até Maia sair do hospital, se demorar mais que isso eu entrarei com o pedido de férias. - digo tranquila e ele me olha confuso.
- Lyanna, eu sei que tenho sido um tirano na maior parte das vezes, mais eu lhe considero como minha filha, me diga o que está acontecendo e resolveremos juntos.- pediu ele suavemente. Eu ponderei por alguns segundos e decidi lhe mostrar meus exames. Ele ficou meio perdido.
- Fiz esses exames mais cedo, na intensão de doar sangue para Frey já que temos o mesmo tipo sanguíneo. Porém o resultado não foi o que eu esperava. - hesitei. - Como você mesmo pode ver, eu estou com câncer. - digo baixinho e ele me lança um olhar de tristeza.
- Oh, não Lyanna. - disse ele com tristeza. -Só posso imaginar o quanto essa notícia está te abalando, não irei aceitar seu pedido de exoneração. - o olhei perplexa. - Pode ficar quanto tempo for preciso afastada, estaremos aqui lhe esperando e dando apoio, sempre.
- Você não entendeu Diretor. Eu não irei fazer tratamento algum, eu estou morrendo. Quero aproveitar o pouco tempo de vida que ainda me resta. - digo firme. Eu estava no limite, tentava me controlar ao máximo para administrar toda essa situação da maneira mais fria e objetiva possível mais não estava sendo fácil.
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Reaprendendo A Viver (Em Pausa)
Chick-LitLyanna é uma mulher forte e decidida de 28 anos, delegada durona e orgulho dos pais. Sua vida é basicamente resumida em trabalho e casa. Apesar de vir de uma família rica ela se recusa a fazer parte desse circulo social. Apesar de não demonstrar ela...