Rosa da Primavera

320 33 7
                                        

- Eu vou com você, Harry. - Louis esbravejou pela terceira vez. Depois que a notícia sobre a fulga da Rainha Má se espalhou, o conselho do mundo encantado foi convocado para uma reunião de emergência. Harry tentava convencer Louis de que não era uma boa ideia ele ir junto já que o conselho era composto apenas por Royals, mas o Rebel não estava disposto a abrir mão.
- Está bem, mas você vai ficar sentadinho no canto sem abrir a boca. - o príncipe cedeu sabendo que discutir com o outro não levaria a nada.
- Já vai se atualizando que eu não levo desaforo para casa. - o Rebel cruzou os braços determinado.
- Nem um piu. - Harry seguiu o caminho até a sala de reuniões sendo seguido por Louis. Ao entrarem no espaço o menor percebeu que o negócio era sério. Era uma sala oval, uma enorme mesa redonda ocupava quase todo o espaço, as primeiras pessoas que ele viu foram Bela e o marido, ao lado deles estava a Chapelzinho e o Caçador. Em seguida vinha Aladdin, a Merida, o Coelho, Aurora, Ariel, Cinderella, Rapunzel, Peter Pan, Wendy, o Chapeleiro e para completar, a Branca de Neve.
Louis sentiu-se tremer por um momento, mas pôs a máscara novamente e apenas sentou-se ao lado de Harry perto de Wendy e o Chapeleiro.
Infelizmente tudo estava indo bem demais, até que Wendy entrou em pânico com a presença do Rebel.
- Quem deixou esse monstro entrar?
- Está tudo bem, ele veio apenas para assistir. - garantiu Anne, ela lançou um olhar cheio de compaixão para o Rebel.
- Nós viemos aqui para falar sobre a Rainha Má, então vamos começar. - pediu Aladdin. A sala ficou em silêncio por alguns segundos até eles começarem a discutir sobre como ela escapou, ou até mesmo o que fazer para detê-lá.
- Se ela escapou uma vez, quem garante que se a prendermos ela não escapará de novo? - o Caçador questionou já começando a ficar irritado.
- Qual sua sugestão? - perguntou o pai de Harry.
- Não é óbvio? Ela é perigosa. - o homem se levantou. - Temos que matá-la.
- Sério? - Louis, que até então estava quieto, se pronunciou. - Vocês querem matá-la? - ele se levantou calmamente. - Já pararam para pensar que ela é uma pessoa? Ao menos sabem o nome dela? - o Rebel começou a andar pela sala. - Ela se chama Johannah. Vocês procuram tanto os defeitos dela que não veem o lado bom. - ele parou ao lado de Alladin. - Acham mesmo que ela sempre foi má? Teve uma época que ela foi boa, uma época que ela me amava. - a sala estava em silêncio acompanhando o garoto que começava a lacrimejar com as lembranças de sua mãe. - Vocês querem matá-la por que tem medo dela, mas não deviam. Minha mãe não machuca pessoas.
- Tem certeza? - Branca se pronunciou. - Ela me envenenou.
- Ela sabia que você tinha uma cura, um modo de te trazer de volta. - Louis sentiu as lágrimas caírem. - E é disso que se trata. Uma cura para ela.
- Você acha que pode curar a maldade da sua mãe? - perguntou o Chapeleiro.
- Eu sei que posso. - garantiu secando as lágrimas. - E tudo que eu peço é um mês. Um mês para eu trazer minha mãe de volta. - Louis encarou Anne e o marido suplicante.
- Mas se você não cura-lá em um mês nós... - quando Peter começou a falar, o Rebel o interrompeu:
- Por favor, não matem minha mãe.
- Nós a prenderemos na prisão de espelhos outra vez. - o rei levantou decidido. Louis, com os olhos vermelhos, direcionou-se a saída, mas antes de cruzar as portas, virou-se para todos e completou:
- Então terão que me prender com ela. - antes que Harry pudesse interrompê-lo o garoto finalizou: - Por que eu não vou aguentar ficar sem minha mãe novamente.
**
    - Louis? - chamou Harry assim que entrou na biblioteca, o Rebel estava debruçado sobre a mesa folheando violentamente o livro das flores. - Você está...
    - Não temos tempo. - Louis sussurrou passando mais algumas folhas sem notar que o Royal se aproximava. - Temos que achar essa cura, eu pre... - ele travou a frase no meio olhando fixo para uma folha específica, depois de alguns segundos exclamou: - Achei!
    - O quê? Sério?
    - A Rosa da Primavera foi plantada por... blablabla. - Louis parou para ler mais um pouco. - Baboseira, baboseira... Espera, olha isso. - o garoto chamou e começou a citar para Harry ouvir: - "A Rosa da Primavera foi dada a um jovem príncipe muito arrogante, ela levava uma maldição consigo; se o príncipe não encontrasse alguém que o amasse pelo que ele era, até a última pétala cair, ele se tornaria Fera para sempre assim levando seu castelo e empregados a ruína".
    - Isso é... - o Royal gaguejou assimilando as palavras do outro.
    - Harry, a Rosa da Primavera é a rosa da história dos seus pais! - exclamou Louis.
    - Então nós temos um problema. - e toda a animação de ambos sumiu com as palavras do príncipe. - A rosa sumiu quando meu pai morreu ainda Fera, ela se desfez assim que minha mãe o trouxe de volta.
    - Não, não pode ser. - Louis voltou a encarar o livro desacreditado, sua única esperança era aquela. Tinha que haver outra maneira.
    - Nós vamos dar um jeito, acalme-se.
    - Eu vou continuar a procurar. - sussurrou o garoto voltando-se ao livro. Harry apenas ficou ao seu lado em silêncio esperando por alguma notícia.
    Alguns minutos se passaram e o príncipe já desistia da Rosa quando o Rebel virou-se para ele um tanto eufórico:
    - Acho que a Rosa não sumiu.
    - Por que acha isso?
    - "Depois que a rosa foi consumida dando vida ao príncipe muitos pensam que ela sumiu, mas ela apenas voltou para casa. Ela se encontra entre a última pétala e a única lágrima".
    - Então eu sei onde ela está. - Harry sussurrou se lembrando de algumas coisas importantes.
    - Então vamos logo pega-la.
    - Não é tão fácil. - o príncipe puxou o outro para se sentar novamente e completou: - Ela está no fundo do mar.
    - Você está brincando não é? - Louis questionou um tanto bravo.
    - Não.
    - E como a gente vai pega-la? - o Rebel praticamente gritou.
    - Como vou saber? - Harry deu de ombros. - A gente pode usar uma poção pra respirar embaixo d'água.
    - Confia tanto assim na minha magia?
    - Na verdade não, mas é a única que temos disponível. - o príncipe parou para observar a cara de indignado que o outro fez. - Vai fazer a poção?
    - E nós temos outra escolha? - Harry abriu a boca para responder, mas foi interrompido: - Foi uma pergunta retórica seu idiota.
    - Eu nem sei mais por que estou te ajudando.
    - Por que é isso que os mocinhos fazem, não é? - Louis se levantou e seguiu para uma das prateleiras atrás de mais algum livro.
    - Tô começando a achar essa sociedade muito injusta. - o Royal resmungou de braços cruzados.
    - Agora que você começou a achar? - Harry ouviu o outro rir entre as prateleiras. - Vou para minha casa procurar alguns ingredientes para a poção e volto em uma hora.
    - Quer companhia?
    A biblioteca se transformou em silêncio.
    - Eu não acho que seja apropriado. - Louis deu as costas, mas percebeu que estava sendo seguido.
    - Vou mesmo assim.
    E, sem perceber, o Rebel corou um pouco enquanto era seguido por Harry.
**
    Depois de juntar todos os ingredientes - no qual Louis entrou sozinho na cede enquanto o príncipe esperava do lado de fora, para pegar o que faltava - eles foram para uma parte isolada das docas para preparar a poção. No final ela ficou um pouco roxa com misturas de preto, nem um pouco agradável aos olhos dos dois.
- O efeito dura apenas uma hora, então quando entrarmos não podemos demorar. - explicou Louis e o príncipe assentiu.
- Está vendo aquela rocha? - Harry apontou para um canto afastado da costa. - Atrás dela é a entrada do lugar que precisamos ir.
- Então no três nós vamos. - anunciou Louis pegando o pote com sua parte da poção. - Um, dois, três.
Os dois ficaram em silêncio após ingerirem o líquido pegajoso de gosto azedo. Alguns segundos depois Harry se jogou no mar, Louis correu para ver se ele estava vivo, mas logo a cabeça do príncipe apareceu na superfície chamando por Louis. Os dois começaram a nadar e Louis deu a primeira inspirada vendo que seus pulmões não encheram de água. O Royal estava com uma expressão animada quando descobriu que podia fazer o mesmo.
Então eles seguiram nadando cada vez mais fundo e mais longe da costa. A paisagem começava a mudar e se tornava cada vez mais linda, algas de todas as cores, peixes e estrelas do mar. Ao chegarem perto de um buraco Harry indicou que deviam entrar. No começo estava escuro, mas com o passar dos segundos o caminho começou a clarear dando uma ampla visão a Louis do que parecia um navio que havia afundado.
    O príncipe começou a se aproximar do que sobrou do navio e entrar pelo meio dos ferros que bloqueavam a entrada, o Rebel não estava entendendo o que eles faziam ali então apenas o seguiu. Ao chegar dentro do que parecia um antigo salão de festas do navio Louis pôde ver uma quantidade grande de livros espalhadas pelo local. Harry desceu mais alguns andares do navio até chegar a uma enorme porta de ferro onde ele prendeu seu colar de rosa na fechadura, assim que ele destrancou a mesma os dois foram sugados para dentro e a porta se fechou violentamente. Então o menor se deu conta de que não estavam mais dentro da água, mas sim em um piso frio e sujo sem qualquer iluminação.
    Com um estalar de dedos de Louis o lugar se iluminou com o brilho de sua magia.
    - Que lugar é esse? - perguntou o Rebel.
    - O livro da história dos meus pais está aqui. - explicou Harry andando até uma porta de vidro, que por acaso estava intacta, e abrindo a mesma.
    - Mas não estamos aqui pela rosa? - Louis rosnou seguindo o príncipe pela porta.
    - Príncipe Harry, é um prazer recebê-lo aqui. - uma terceira voz foi ouvida e o menor se assustou. A sala era toda dourada, parecia ser feita de ouro, no canto dela havia um trono de pedra e uma mulher sentada no mesmo. Ela era tão familiar.

ReflexoOnde histórias criam vida. Descubra agora