Prólogo

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8 de abril, de 2017

Estava chovendo de novo, meus pelos se arrepiaram com a friagem que entrou pela janela da cozinha, mesmo eu usando um moletom cinza grosso. Mas eu definitivamente amava esse friozinho de Seattle, a chuva caindo me dava vontade de tomar café, sentada na janela ouvindo música, ou lendo algum clássico. Não que eu lesse clássicos, apesar de uma vez ter tentado reeducar minhas manias de leitura.

Suspirei aliviada por ainda ser sábado e que provavelmente a chuva não iria durar até a noite, apesar de que uma chuva não me deteria.

-Lisa, você está me ouvindo? –minha mãe estalou os dedos na minha frente.

-Não, me desculpe. –voltei imediatamente para a minha realidade.

-Tá vendo mamãe, ela não liga. –reclamou Cléo, minha irmã mais velha.

Ela olhou triste para a minha mãe e revirei os olhos reconhecendo bem o drama que ela sempre fazia pra conseguir o que queria dos meus pais.

-Será que dá pra você ajudar em alguma coisa. –Laura esbravejou.

-O que quer que eu faça? –perguntei, me arrependendo de ter decido do meu quarto.

-Vá até a gráfica e busque os convites, já vai ser uma grande ajuda. –Disse estressada. Se virou para minha irmã e segurou seu rosto com carinho. –Não se preocupe querida, tudo vai estar resolvido até lá.

Revirei os olhos mais uma vez e me levantei, ignorando o que sobrou do meu café da manhã. Subi para o meu quarto e apenas troquei meu short de pijamas por uma calça de moletom preta bem justa. Calcei meus tênis e peguei meu guarda chuva atrás da porta. Pelo que sei bem, esses convites já eram para ser entregues, então provavelmente estariam prontos e esperando quando eu chegasse lá. Não era muito longe e eu teria ido a pé pra ficar mais tempo longe dessas duas, mas estava chovendo bastante então peguei as chaves do carro da minha mãe. Saí de casa antes que ela pudesse ser arrogante comigo mais uma vez.

Olhei para o carro da minha irmã, um jaguar f type de cor chumbo que meu pai deu a ela quando fez 16 anos. Tecnicamente ele morreu quando ela tinha 15, mas ele e minha mãe planejavam dar um carro a ela e minha mãe só cumpriu o combinado dos dois. Bem, talvez ele seja meu um dia, mas minha irmã é mais apegada a ele do que ao namorado riquinho dela. Se é que era possível.

Vivíamos em Seattle, em uma casa de classe média e bem próxima ao centro, o que era muito bom, e com a pensão do meu pai, vivíamos muito bem. Minha mãe, Cléo, meu irmão de 9 anos, Noah e eu.

Bem, minha irmã vai se casar com um idiota em menos de um mês, então logo eu poderia ter mais paz. É início de março e eu mal vejo a hora desse casamento acontecer logo. Cléo estava deixando minha mãe louca e estressada, e eu já não aguentava mais ouvir o assunto 'casamento' dentro daquela casa.

Estacionei na frente da gráfica, peguei meu guarda chuva e sai do carro, assim que entrei na loja grande e chique, fui reconhecida por uma das atendentes.

-Você é irmã da Cléo né? –a garota sorriu pra mim, eu a conhecia, só não me lembrava de onde. Ela me entregou uma caixa coberta por um papel envelhecido e amarelado, e percebi o quanto estava pesada quando a peguei. –Não se parece nem um pouco com ela. –ela continuou sorrindo pra mim e percebi um sorriso malicioso.

Ela era bonita, e eu podia dizer que fazia o meu tipo. Magra e provavelmente da mesma altura que eu, cabelos tingidos de um ruivo alaranjado, e rostinho de garota inocente.

-Obrigada. –agradeci tanto por me entregar os convites, quanto por dizer que não me parecia nem um pouco com a patricinha nojenta da minha irmã.

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