Capitulo 6

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Ethan entrou com o carro em um beco escuro, e eu já estava começando a me arrepender de ter aceito o convite.
Havia uma neblina impossibilitando de enxergar o caminho, olhei para Ethan desesperada.
-Aonde estamos?
-Está com medo? – sorriu ele sem mostrar os dentes.
-Eu estou apavorada, eu nem sei quem você é, e você ainda me trás para esse lugar, afastado da cidade. – meu coração batia rápido a pronúncia de cada palavra dita.
Ethan freiou com brutalidade.
-Talvez não devesse aceitar convites de pessoas estranhas Amber. Ainda mais na intenção de provocar ira aos seus pais que por sinal nem estão aqui.
Apertei o banco com força, e tentei não demonstrar pavor.
-Como você sabe que meus pais não estão aqui? Alias, quem te garante que não estão?
-Calma Russell, era só uma piadinha, eles literalmente não estão aqui. – disse ele olhando para os bancos traseiros.
Respirei fundo, e tentei não agredir ele aquele momento.
-Falta muito para chegar? Se faltar me avisa que eu salto aqui mesmo.
Ele abafou a risada com o antebraço.
-Teria coragem de descer aqui e procurar um modo de ir embora? Se eu fosse você nem arriscaria. – abri a boca para falar e ele continuou. – o ponto mais próximo daqui fica a cerca de uns 10km daqui.
Revirei os olhos e ele estacionou em frente ao que parecia ser uma boate.
Tirei o cinto e fiquei analisando o local, a neblina nem se fazia mais presente, o local ainda parecia ser assustador e eu não entendera quem frequentaria uma boate naquele lugar. As janelas estavam cobertas por plásticos pretos, as única coisa que era extremamente irritante era a musica alta ecoando pelo beco.
Saltei do carro e fiquei parada na calçada olhando para todos os lados.
-Você não tinha um lugar pior?
Ele caminhou em minha direção, e ali pude ver o quanto ele estava extremamente encantador.
Ele estava vestido com uma jaqueta preta, uma camiseta de gola V branca, e calça jeans leve's preta, seu cabelo estava penteado para trás e ele havia feito a barba.
Desviei o olhar para não me desconcentrar e ele disse.
-Você nem entrou ainda e já está julgando?
Coloquei as mãos nos bolsos traseiro do short.
-Uma boate? Sério isso? Isso não me impressiona. – dei uma pausa batendo a palma da mão na testa. – é uma boate Ethan, eles costumam deixar entrar apenas maiores de idade.
Ele estendeu a mão para mim.
-Uma identidade falsa? Nem pensar, como assim? Eu vou embora.
Virei as coisas e fui caminhando pelo beco, sem olhar para trás.
Tive a impressão que Ethan observava cada passo meu. Senti um frio pairar sobre mim, minhas pernas começaram a tremer, olhei para trás, Ethan estava mesmo me olhando, as mãos estavam no bolso e em seu rosto havia um sorriso malicioso.
Parei no caminho e revirei os olhos. Voltei para perto do Ethan reclamando minha frustração.
Já de frente para ele, ele me entregou uma identidade falsa. Peguei a.
-Katarine Evans? – ri sem humor. – se eu for pêga por isso, eu mato você Ethan.
Ele colocou a mão na minha boca.
-Matthew Griffin.
Eu o encarei, a minha vontade era de rir escandalosamente. Coloquei a mão na boca e respirei fundo.
Ethan estendeu a mão para mim.
-Vamos Katarine?
Olhei para mão estendida dele.
-Não irei segurar a sua mão.
-Mas querendo ou não vai ter que segurar, vem.
E me segurou meu pulso e me conduziu ate a entrada. O som estava muito alto e da porta pude ver multidões de corpos na pista balançando de um lado para o outro.
-Identidades por favor. – disse o segurança na porta.
Ethan entregou as identidades.
-Tem certeza que ela tem 20 anos? – disse ele olhando para mim.
Ethan me puxou pela cintura.
-Se esta na identidade parceiro, você acha o que?
O segurança mordeu os lábios e colocou uma pulseira golden em nossos pulsos e entregou nos o rg falso.
Atravessando a porta senti meu coração acelerar, coloquei a mão nos ouvidos.
-Por que estamos aqui mesmo?
-Calma, nosso ponto é lá embaixo.
-La embaixo? Tem embaixo aqui?
-Russell aqui não se chama toca do demônio por acaso.
Segurei em seu braço e ele me conduziu ate um corredor escuro. Tudo ali parecia sombrio.
-Tudo nesse lugar tem que ser escuro e com uma pegada de filme de terror?
-Sim, isso torna o lugar mais divertido.
-Não tem diversão quando se esta apavorada.
Ele parou no caminho.
-Esta apavorada?
-Não, só não gosto desse lugar. – caminhei na frente dele.
-Ei? – disse ele puxando me pelo braço. – relaxa eu te trouxe aqui para nos divertirmos. Só relaxa.
Meus olhos estavam fixados nos dele.
-Ta bom, vou tentar relaxar.
Chegamos em frente a uma escada, ele segurou minha mão e disse.
-No começo vai achar meio estranho, mas depois fica melhor.
Era um salão, parecia mais com um bar, e não era tão grande. Nas paredes haviam jornais colados, e as luzes eram fracas, o lugar parecia sem cor e bem no centro do recinto havia uma mesa de sinuca.
-Eu conheço esse lugar. – falei para mim mesma. – eu já estive aqui, eu sei que já passei por aqui.
Apertei os olhos com forças e lembrei.
-Meu sonho. – falei em voz alta.
-O que? – perguntou Ethan.
-Nada, to pensando alto.
Caminhamos até uma mesa bem no canto do bar, analisei cada detalhe, e eu sonhei exatamente com aquele lugar, ate a mesa de sinuca no centro.
Ethan sentou de frente para mim.
-Quer algo para beber? Lembrando que aqui só tem bebida alcoólica.
-Então eu não quero nada.
-É brincadeira Russell, mas quando quiser algo me diga.
Ele levantou se e foi ate uma mesa cheia de caras tatuado altos e musculosos. Eles pareciam motoqueiros de gangue, e aquilo me deixava mais assustada.
Peguei minha bolsa e vasculhei para achar meu celular.
-Droga! Esta sem sinal essa porcaria. – falei baixo.
Eu estava completamente entediada, e Ethan havia me largado sozinha para jogar poker ou sei la o que era aquilo.
Encostei minha testa na madeira da mesa e fiquei olhando para o chão, e pude notar a presença de alguém, olhei para cima. Um cara de mais ou menos dois metros vestido todo de preto com um coturno preto e uma barba extremamente grande nojenta estava parado ali, olhando para mim.
Não dei nenhuma palavra e ele sorriu para mim, seus dentes eram amarelados, acho que sua higiene bucal estava em falta, meu estômago estava embrulhado e eu quis vomitar.
-Posso me sentar aqui?
Eu ia me pronunciar mas Ethan chegou.
-Qual é cara, ela está acompanhada.
O homem encarou o Ethan de cima para baixo, e a diferença de tamanho dos dois era exagerada. Ethan quase não existia ao lado daquele homem, pensei que o pior fosse acontecer.
-Você esta com ele?
Balancei a cabeça em sinal de sim, então ele se afastou.
-De nada. – disse Ethan sentando se.
-De nada um caral... – respirei fundo. – um caramba, você me trouxe aqui para fazermos nada? Para ser assediada por esses caras nojentos?
Ethan estava rindo da minha cara, e eu quis jogar uma cadeira em cima dele.
-Calma. – disse ele olhando para trás fazendo um sinal com a cabeça.
Vi todos os caras que estavam ali subindo a escada, eles estavam saindo e pelo que pude ver estávamos a sós.
Droga, eu sabia o que viria aquela hora, e pensando bem, preferia ficar sem fazermos nada.
-Ué, aonde eles estão indo?
-Eles estão indo curtir a noite, e pelo que sei te trouxe aqui para isso também.
Então me levantei e fui em direção a escada.
-Então vamos curtir.
Ele se aproximou de mim.
-Sim, mas nossa festa é aqui embaixo.
Eu corei, minhas pernas pareciam não ter forças para ficar em pé, eu senti a necessidade de sentar me, mas bem longe de Ethan. De todas as vezes que estive com ele sempre tive a mesma vontade, a vontade louca de beija lo, e isso não era normal.
Eu já vira caras mais interessantes e responsáveis, com um futuro montado e eles nunca me chamaram a atenção, mas Ethan carregava consigo um pecado que eu jamais pudera imaginar, e eu sentia que ele era o perigo, e mesmo assim eu queria ficar com ele.
Caminhei ate a mesa de sinuca e apoiei me ali.
-Era assim mesmo que eu te via.
-Oi? Me via aonde?
E mais uma vez Ethan sentiu se na necessidade vir em minha direção. Estávamos frente a frente e eu não conseguia respirar direito, era como se não tivesse oxigênio para nós dois.
Coloquei a mão no ombro dele para afasta lo de mim.
-Não chega muito perto.
Ele riu e passou a mão pelos fios de cabelo que caira sob sua testa.
-Te deixo vulnerável Russell?
-Não, você me deixa sem ar. – tapei a boca com a mão por ter dito besteira. – quer dizer, duas pessoas próximas de mais acaba...
Ele ria em voz alta fazendo eu me perder no que estava tentando dizer.
-Então Amber, quer dizer que te deixo sem ar? Isso porque só cheguei perto de você.
Eu corei.
-Deixe de ser um babaca, você entendeu o que eu quis dizer.
-Entendi! Você disse que eu a deixo sem ar.
Me vendo naquela situação eu acabei soltando uma risada.
Então sentando me na mesa de sinuca falei.
-Qual é a boa Matthew, ou você prefere Ethan?
E mais uma vez ele se aproximou, só que dessa vez ele apoiou uma de suas mãos na mesa e a outra em minha perna, senti meu corpo arrepiar. Pisquei varias vezes para afastar o sonho que eu tivera com ele.
Ele me observava em silêncio. Então pronunciei me mais uma vez.
-Já sei, você pode me ensinar a jogar sinuca.
Saltei da mesa e peguei um taco. Ele cruzou os braços.
-Se eu te ensinar você pode dominar o mestre.
-E quem seria o mestre? – soltei um sorriso. – Você que não, né?
Ele passou a mão nos cabelos ondulado o jogando para trás.
-Quem disse que não? Sou eu mesmo.
Peguei um taco e joguei para ele.
-Então surpreenda me mestre.
Ele arrumou as bolas em cima da mesa e disse.
-Aprenda.
Com uma só tacada ele acertou cinco bolas.
-Mas que merda! – resmunguei. – como foi que fez isso?
Ele apoiou o taco atras do pescoço.
-Eu disse, nunca subestime seu mestre.
Fui ate a bola branca e me posicionei na frente da mesa.
-Minha vez, e se eu acertar pelo menos duas, eu quero a sua jaqueta.
Ele colocou a mão no queixo.
-E se não acertar o que eu ganho?
-Ganha a minha jaqueta. – sorri maliciosa.
-E o que eu faria com a sua jaqueta?
-Nada, mas me veria sem ela.
-Ele esfregou uma mão na outra e disse.
-Então se quiser já pode tirar.
Eu o encarei e dei minha tacada.
-Que droga! – falei com ar de riso.
-Pode me dando sua jaqueta Russell. – comemorou ele.
-Foi azar. – disse tirando a jaqueta e entregando a ele. – sua jaqueta ficaria tão bem melhor e mim.
Aquele momento senti me bem, era como se eu estivesse aonde tinha que estar, e de alguma forma Ethan me transmitira paz.
Ele largou o taco em cima da mesa e parou na minha frente, eu estava corada, mas não negaria naquele momento.
Ele passou os dedos indicadores pelo cos do meu short e me puxou para mais perto de seu corpo.
Minhas mãos que estavam apoiadas sob a mesa passou em volta de seu pescoço, então ele me pegou pela cintura e me sentou na mesa.
Droga! Meu coração estava palpitando, e meu corpo estava ardendo em chamas, e eu nunca sentira aquilo antes.
Ethan colocou a mão na minha nuca e prendeu os dedos no meu cabelo, eu o encarei e sem perder mais tempo o beijei.
Coloquei a mão em seu rosto e então ele beijou meu pescoço, fazendo com que eu revirasse os olhos, sua mão da nuca desceu para minha perna, ele a apertou fazendo transmitir um som de prazer.
Entrelacei meus dedos em seus cabelos e o beijei mais uma vez. Coloquei minhas pernas em volta dele para mante lo mais perto, ele apertou minha cintura. Pude vê lo sorrir enquanto o beijava, desci meus lábios ate seu pescoço e dei beijos de leve enquanto ele ainda apertava minha cintura.
Então ele me pegou no colo e me beijou, só que agora com mais intensidade do que antes.
Fomos interrompidos pelo seu celular que tocara aquele momento.
-Porra. – resmungou ele em voz baixa.
Ele me colocou sentada na mesa de novo e foi para o canto do bar atender a chamada.
E eu tentei me recompor, porque nem eu acreditara no que eu acabara de fazer.
Coloquei a mão na testa e fiquei pensando no que rolou, eu sorri sem nem perceber, então desci da mesa e coloquei minha jaqueta, me recompus arrumando meu cabelo, então me sentei na escada.
Ethan desligou o celular e me pegou pelo braço.
-Vamos sair fora daqui agora.
Eu vi sua feição endurecer, nem parecia a mesma pessoa que acabara de me atracar a uns minutinhos atrás.
-Mas por que? ETHAN!!!
-Menos pergunta e mais ação vamos rapido.
Ele me levou para o fundo do bar e ali havia uma saída "secreta" ele me conduziu rapidamente pela escuridão. E nem sei como ele conseguira andar por ali, pois estava escuro demais, não havia nenhuma possibilidade de enxergar nada.
Saímos no beco que havíamos chegado, ele me conduziu rapidamente para o carro e pediu para eu entrar.
-Por que a pressa?
Ele sentou se do meu lado e deu partida no carro. Ele fez a curva do beco em alta velocidade fazendo o carro derrapar e o som ecoar pelo quarteirão escuro e vazio.
Eu estava apavorada, não estava conseguindo colocar o cinto.
-Ethan? TEM COMO VOCÊ FALAR COMIGO PORRA. – soltei um palavrão sem querer.
Ele diminuiu a velocidade.
-Uns caras maus entraram na boate.
-Ta, idai?
-Idai que eles estavam atras de mim, na verdade eles sempre estão atrás de mim.
-Você deve algo a eles?
Ele riu sem humor.
-Talvez eu tenha aprontado com eles umas vezes, mas não ia te colocar em perigo.
Depois dali ele não se pronunciou mais, fomos o resto no caminho em silêncio.

Chegando em casa saltei do carro sem dizer nenhuma palavra e entrei em casa.
Depois de entrar dei duas voltas na tranca e chequei para ver se estava fechada mesmo, joguei minha bolsa no sofá e fui ate a cozinha.
Coloquei leite para esquentar e peguei umas torradas, eu estava com fome, liguei a tv e sentei me no sofá. Peguei meu celular.
-Puts, três chamadas perdidas da mamãe.
Retornei a ligação e o coloquei no alto falante, e fui para cozinha preparar meu chocolate quente.
-Amber? – falou mamãe.
-O que foi?
-O que houve que não me atendeu?
-Estava estudando e peguei no sono, levantei agora para comer.
Olhei no relógio que marcava 22:38 p.m.
-Esta tudo bem?
-Sim mamãe, já chegaram?
-Já, seu irmão queria falar com você, mas agora ele está dormindo.
Coloquei o chocolate no copo e me dirigi a sala.
-Ah, amanha eu ligo para falar com ele.
-Tudo bem querida, boa noite amo você.
-Também mãe.
Desliguei o celular e o joguei no sofá.
Após terminar de comer chequei as janelas, peguei meu celular apaguei as luzes e subi para o quarto.
Já la em cima coloquei meu pijama, passei no banheiro, escovei os dentes e me deitei.
Fiquei virando de um lado para o outro, pensando na loucura que fizera hoje e acabei acabei dormindo.

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