XXXVIII - 38 | Amber

2.3K 277 29
                                    

- Você está melhor? - Perguntei, voltando minha atenção a ela após terminar de falar com os policiais sobre a briga.

Mamãe sentava-se no sofá e encarava o nada.

- Eu não entendo... onde foi que eu errei?

- Você não errou em nada, mãe. Pelo contrário, você sempre fez as coisas certas demais.

- Seu pai...

- Papai não é importante agora. - A interrompi, tentando ignorar a raiva interna que sentia dele.

Embora nós nunca tivessemos sido de fato, próximos, eu conseguia obrigar-me a respeita-lo quando estávamos próximos.

No entanto, agora?

Agora tudo o que eu conseguia fazer era sentir um forte desprezo e mágoa em relação a sua pessoa.

Deus, ele era louco!

Um louco desprezível.

- Ele não era assim, Amber. Ele não era dessa forma. Seu pai... antigamente ele era uma pessoa tão boa.

- As pessoas mudam, lembra? - Eu olhei ao redor, observando o caos que estava a sala de minha antiga casa.

Haviam copos e pratos os quebrados, cadeiras caídas no chão, móveis mudados de lugares, entre várias outras coisas.

Céus, como diabos as coisas haviam chegado nesse estado?

- Sabe... nós começamos a brigar por conta de você. - Depois de alguns minutos encarando o nada, mamãe finalmente olhou-me nos olhos. - Seu pai me disse que eu havia criado você errado. Que eu havia a deixado livre demais e por conta disso, você nos deixou.

- Não é como se ele se importasse comigo realmente.

- Talvez não, mas eu me importo. - Mamãe abriu um pequeno sorriso, fazendo-me querer chorar de repente.

Ela era uma pessoa tão bondosa.

Definitivamente não merecia passar por eras coisas horríveis. Por essa relação extremamente abusiva.

- Mãe...

- Eu o disse que você ter ido embora foi o melhor para você. Porque, ao menos você conseguiria seguir seus sonhos sem se preocupar. Sem se afetar com nossas discussões. - Mamãe passou seu olhar lentamente ao redor, parecendo estar lembrando de toda confusão novamente. - Eu não quero que você seja igual a mim, Amber. Não quero que você seja fraca. Você é uma garota incrível e tem potencial. Então, por favor, não o estrague com romances bobos. Não deixe seu coração ser pego facilmente por pessoas que não o merecem. Se não, será difícil ir embora. 

- Ei... - Eu disse, sentando-se ao seu lado e abraçando. - Não se chame de fraca, você conseguiu suportar tantas coisas durante tanto tempo. A única pessoa forte aqui dentro desta casa é a senhora. Já eu? Eu sou apenas uma garota idiota e que comete erros.

- Os erros fazem de você quem você é Amber. Não se importe de errar, se isso for lhe fazer aprender lições futuramente. - Mamãe murmurou, abraçando-me novamente. - Agora eu finalmente aprendi. E exatamente por isso, que estou fazendo a coisa certa dessa vez.

- Do que está falando?

- Eu vou me separar. Vou pedir o divórcio, voltar a trabalhar e então comprar uma casa na qual poderemos viver juntas novamente. - Mamãe sorriu. - Eu quero me permitir viver, filha. Eu quero ser feliz. E claro, vê-la feliz.

- Mas e o papai?

- Ele terá que aceitar.

- Mamae... a senhora sabe aonde estou querendo chegar.

Ela suspirou.

- Eu irei denúncia-lo caso ele tente algo novamente.

- E por que não fez isso agora? Haviam policiais aqui.

- Por que eu quero lhe dar uma chance. Pelos tempos antigos. Pelos anos que ele me fez feliz.

Ela abraçou-me fortemente, sorrindo para mim. Fiz o mesmo.

Eu não me sentia feliz nesse momento, mas ao menos era bom ver que mamãe finalmente estava tomando iniciativa para algo. Que ela finalmente iria conseguir ser feliz.

- A proprosito... - Ela murmurou, enquanto abraçava-me. - Você não possuía um compromisso para hoje? Já vai dar meia noite. 

Black hole ❄ Jackson WangOnde histórias criam vida. Descubra agora