LXXXI - 81 | Jackson

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Minha visão estava péssima e tudo ao meu redor girava, como se eu estivesse preso em um carrossel, incapaz de parar. Ainda assim, era quase um milagre ter sido capaz de pedir um táxi e subir sozinho até o apartamento de Jaebum.

Estava cansado, meu corpo inteiro doía e tudo o que eu desejava no momento era deitar e dormir. Ainda mais depois daquela briga na festa.

Embora eu não tivesse plena consciência das minhas ações, nem mesmo agora, por causa da quantidade absurda de álcool que eu havia bebido, era nítido como aquele cara havia planejado tudo.

Mais cedo, enquanto estava aproveitando a festa com Jasmine, acabei me esbarrando outra vez no garoto que agarrou o braço de Amber e o mesmo havia sorrido convencidamente para mim, olhando ao redor para procurá-la ao meu lado. Quando não a encontrou, foi então que o show começou.

Era fácil tirar conclusões precipitadas de situações quando se estava bêbado, ele também parecia um pouco alterado, talvez bem mais que eu, mas o problema era que sua personalidade, naturalmente, não era boa. E isso me irritou.

Quando começou a perguntar se eu poderia passar o número dela a ele caso nós terminássemos e insinuou que eu estava traindo-a com uma outra pessoa, mesmo que não namorássemos, senti como se meu orgulho estivesse sido ferido um pouco.

Não seria capaz de fazer algo assim nem que fosse a última coisa que me mantivesse vivo na face da terra. Era puro egoísmo. Pura traição. E não podia deixá-lo um babaca como ele se aproximar dela, mesmo que não fosse da minha conta.

Mas o pior não foi isso. O pior foi quando ele achou que conseguiria bater em mim quando falei, olhando em seus olhos, que ele era um filhinho de papai desesperado que iria terminar sozinho se continuasse agindo daquela forma imatura com as mulheres e ele se irritou.

Eu estava errado? Acho que não.

Aquelas, de longe, eram abordagens péssimas e desrespeitosas.

Quando tentei passar na sua frente, rumo a saída, ele me socou.

E dessa forma, todo o caos se iniciou.

- Merda, por que não está funcionando? - falei de forma lenta, enquanto tentava pela segunda vez digitar a senha do apartamento.

Não considerava a possibilidade de Jaebum ter mudado, pois morávamos aqui há mais de quatros anos e isso nunca havia acontecido antes. Nem mesmo quando o vizinho descobriu a senha, sem querer, enquanto tentava entrar na porta errada de casa.

Aliás, se eu analisasse bem a situação, eu até me parecia um pouco com esse vizinho bêbado. A única diferença é que eu sabia que estava no andar certo de casa. Ou esperava que estivesse.

Quando tentei pela terceira, a porta se abriu e entrei, cambaleando um pouco no momento em que parei de me apoiar na porta, quase que caindo no chão.

Tirando os sapatos com certa dificuldade, joguei-os na entrada da casa assim que fechei a porta e comecei a caminhar rumo a geladeira. Era difícil caminhar no escuro junto a tontura e escutei quando algo caiu no chão no momento que passei pela sala, mas não me importei.

Estava tarde, as possibilidades de alguém estar acordado eram poucas.

Tirando minha camisa, peguei o gelo dentro do freezer e coloquei em cima da mesma, enrolando-a para colocar em cima dos meus olhos. Pelo menos, ter bebido um pouco amenizava a dor da briga. Eu só esperava que amanhã fosse do mesmo jeito.

Apoiei minhas costas na mesa de mármore e fiquei por ali alguns minutos. Não era certo estar aqui. Realmente não era. Mas no momento, nem mesmo estar com Jasmine ajudava a situação. Nem mesmo o álcool ajudava.

Eu me sentia perdido. Não sabia o que fazer.

Enquanto pensava, se é que estava realmente conseguindo raciocinar direito, escutei o barulho de uma maçaneta se abrir e olhei para sala. 

A única luz ligada no momento vinha daquele quarto e eu sabia que só poderia ser Amber.

É, talvez nem todos estivessem dormindo. 

Black hole ❄ Jackson WangOnde histórias criam vida. Descubra agora