Sinto meu corpo tão leve como nunca. É quase como se eu estivesse flutuando no meio de nuvens macias, ar fresco beijando minha pele enquanto sou embalada pela música que entra suavemente pelos meus ouvidos. Um minuto depois, sou jogada no fundo do oceano, submersa em água salgada e densa. Tudo fica escuro e não consigo ouvir um único ruído. Até que ela aparece. Sua voz rouca e baixa chamando meu nome, cada vez menos audível. Cada vez mais distante. Meu coração dispara contra meu peito e começo a sentir a falta de ar me atingir com um soco no estômago. Quero nadar até a superfície, mas algo me puxa para baixo.
Faço tanto esforço que quando acordo do pesadelo que estou tendo, minha respiração está ofegante e minhas mãos suadas e trêmulas. A mesma música que fez meu corpo dançar no sonho ainda toca, ela é real. Normani não está dormindo ao meu lado, então suponho que seja ela, em algum lugar de sua enorme casa ouvindo algum ato de um de seus artistas favoritos. Eu nunca fui muito boa em identificar qualquer concerto da música clássica, então não faço ideia de quem seja. Mas é lindo e faz com que aos poucos todo o desespero sufocante que toma conta de mim, comece a se dissipar.
Olho para o relógio que marca quinze para uma da manhã. O vinho que bebi no jantar com certeza foi o responsável por me derrubar, já que não estou tão acostumada a consumir bebida alcoólica. Esta noite fomos apenas eu e ela. Os gêmeos não estavam na fazenda, Leigh-Anne convidou Camila e Kurt para conhecerem a casa noturna de sua namorada que seria inaugurada nesse final de semana, Jade e Jesy preferiram curtir o dia em família com seus filhos em sua casa, Normani dispensou os poucos funcionários que vez ou outra encontramos perambulando pelo casarão e então, sobramos só nós duas. Finalmente sozinhas pela primeira vez.
Experimentando a sensação de sermos um casal como qualquer outro, passamos a tarde na sala de tv assistindo a alguns filmes. Não posso dizer que prestei realmente a atenção a algum deles, porque fizemos uma quantidade insana de sexo num intervalo muito pequeno de tempo. Depois tomamos um banho em sua enorme banheira e Normani cozinhou espaguete e almôndegas para o nosso jantar. Foi a desculpa perfeita que ela encontrou para abrirmos uma garrafa de uma de suas bebidas favoritas. "Um verdadeiro jantar italiano, pasta e vinho", ela alegou, e eu achei que não teria problema essa noite. Aliás, acho que nunca a vi tão relaxada como desta vez. Nós comemos, bebemos e rimos um pouco de piadas idiotas sobre a nossa própria história.
Não sei em que momento adormeci e nem como vim parar em sua cama. Mas acordar agora, depois de algumas horas, e não ter seu corpo ao lado do meu, é um pouco angustiante. Por isso suspiro baixinho e me levanto, me vestindo com meu robe preto apenas para aquecer meu corpo do vento frio que invade a fazenda durante a noite. Vou até o banheiro para lavar o rosto e escovar os dentes, e então estou pronta para seguir minha busca por ela em sua enorme casa. É relativamente fácil porque só preciso seguir o som do piano, que aos poucos me leva na direção de portas duplas onde nunca estive antes.
Não é a sala de tv, nem a de estar, nem seu escritório e provavelmente nenhum quarto, porque não fica no corredor deles. É uma parte da casa quase isolada, o que causa um mistério que arrepia meu corpo. Eu poderia estar presa em uma daquelas cenas de filmes de suspense agora. Uma casa enorme, vazia e escura, com uma música suave passando por baixo de portas duplas de madeira grossa e nenhum outro tipo de som me cercando. Se a melodia não causasse exatamente o contrário em meu corpo, poderia sim ser um filme de suspense. Mas ainda estou presa no meu delicioso romance com a mulher dos meus sonhos, por isso me atrevo a segurar a maçaneta dourada e abrir as portas sem nenhum receio.
O que vejo faz com que qualquer coisa que eu possa ter imaginado se torne banal. A visão é linda. Impecável. Uma sala de música, vários instrumentos musicais espalhados em seus devidos suportes. Quadros lindíssimos enfeitando as paredes, um sofá aparentemente tão confortável quanto o que há em seu escritório e no meio da sala, como uma pintura, Normani está sentada de frente para um piano de calda, tocando ela mesma a melodia que invadiu meus sonhos e me puxou até ela como um cordão invisível. Suas mãos correndo as teclas brancas e pretas como se tivessem sido feitas para isso. Com suavidade, delicadeza e uma maestria que me deixa sem palavras.
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1501
FanfictionNorminah g!p Dinah Jane é uma jovem universitária que precisa urgentemente de dinheiro para se manter em Durham, Carolina do Norte, onde faz seu curso de Medicina Veterinária. Sem ter mais opções e nem para quem recorrer, ela acaba se cadastrando em...