Capítulo 4

2.5K 221 115
                                    

- Dinah, você tem certeza que quer fazer isso? - Camila pergunta pela milésima vez desde que chegamos ao Raleigh, aeroporto internacional de Durham. - Nós estamos indo pra Orlando, encontrar uma maluca que você conheceu na internet do jeito mais bizarro possível.

- Mila, tudo bem se você e Kurt não quiserem ir, mas eu confio em Normani, ela não é uma maluca e eu realmente quero fazer isso. Eu posso ir sozinha.

- De jeito nenhum!

- E perder toda a mordomia que ela está pagando? Minha filha, eu ia passar as férias inteiras trancado em casa dependendo das visitas do Blane pra me divertir. Eu quero férias! - Tenho que rir da euforia de Kurt.

Estamos os três indo para Orlando, com as passagens que Normani nos comprou. Há oito meses que nos conhecemos, e desde então nunca passamos um dia sem nos falarmos. Nossa relação acabou ficando um pouco mais séria do que eu esperava, e a vontade de conhecê-la pessoalmente está me matando. Insisti muito para que ela viesse me visitar na Carolina do Norte durante o ano, mas Normani se recusou completamente a sair de sua casa.

Por isso estamos agora, durante as férias de verão, a caminho de sua casa na Flórida. Meu pai nem sonha com isso, acredita que estamos fazendo alguma viagem por ali mesmo com alguns amigos. Eu não posso contar que estou apaixonada por uma mulher que é mais velha que eu, e muito menos que a conheci na internet, ele me trancaria em um convento na mesma hora!

- Será que ela tem vizinhos gatinhos?

- Kurt, pelo amor de Deus, sossega esse cu! Você não disse que até o fim do ano você e Blaine iriam assumir o namoro? - Camila fala alto demais, atraindo alguns olhares curiosos em nossa direção.

- Vocês dois podiam ser um pouco mais discretos.

- Falou a senhora rebolo pra câmera em troca de hambúrguer. - Kurt resmunga e Camila solta uma gargalhada tão alta que tenho vontade de abrir um buraco no chão e me enfiar ali mesmo.

- Vai se foder, Kurt! Por que diabos eu trouxe vocês comigo mesmo?

- Porque nós somos as melhores companhias do mundo. Abraço grupal! - Os dois me esmagam em mais um daqueles abraços constrangedores e nós finalmente ouvimos o primeiro chamado para nosso vôo.

Um frio passa pela minha barriga só de imaginar que estou cada vez mais perto de conhecer Normani. A última vez que nos falamos foi ontem a noite, tive que acordar às seis da manhã para estarmos no aeroporto a tempo de pegarmos nosso voo que sai às nove e só chegaremos em Orlando perto do almoço, lá pelas onze e meia. Estou morrendo de saudade dela e envio no mínimo umas cinco mensagens quando nos acomodamos em nossos lugares no avião.

- Eu tenho certeza que nasci para viajar de primeira classe. - Kurt diz, se acomodando com um travesseiro debaixo da cabeça e olhando pela janela com cara de esnobe.

Camila e eu estamos sentadas juntas e ele está de frente para nós, ao lado de um assento vazio. Não consigo deixar de rir de suas besteiras, mas continuo nervosa. Sei que Normani quer me encontrar tanto quanto eu, mas ainda existe todo aquele mistério que ela faz a respeito de sua vida e, principalmente, de seu rosto. Tento não pensar muito sobre isso para não enlouquecer, mas é inevitável quando você está praticamente namorando uma pessoa que nunca se mostrou de verdade para você.

Tudo o que descobri sobre ela durante esses meses  são coisas que você pode encontrar num currículo comercial. Sei onde ela mora, sei que é solteira e nunca se casou. Sei que cuida da fábrica deixada pela família: uma distribuidora de laticínios muito conhecida na Flórida. E também sei que ela não gosta de forma nenhuma de conversar sobre o motivo pelo qual aquela maldita máscara foi parar no seu rosto.

1501Onde histórias criam vida. Descubra agora