Capítulo 8

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Hoje faz quinze dias desde que chegamos em Orlando. Já estou tão acostumada a acordar cercada por toda essa natureza, que parece fazer um ano. Por incrível que pareça, quase não passei muito tempo com Camila ou Kurt. Porque Kurt e Leigh-Anne aparentemente se tornaram melhores amigos e ela o leva para baixo e para cima o tempo todo. Camila tem passado muito tempo com Zion na confeitaria, ela diz que é porque gosta muito do Winter Park, mas eu sei muito bem quais são seus verdadeiros interesses. Zion é um gatinho solteiro e minha amiga não é boba.

De qualquer forma, não estou reclamando. Isso significa que passei cada um desses dias ao lado de Normani e todos eles foram incríveis. Na semana passada ela me levou para conhecer a fábrica e me mostrou pessoalmente a maior parte dos processos. A cara de espanto de seus funcionários ao encontrarem com a toda poderosa Hamilton circulando entre eles foi o que mais me divertiu.

Jade também me levou para trabalhar com ela alguns dias. O contato direto com os animais e o fato de poder participar de tudo tão de perto me fez ter certeza de que escolhi a profissão certa. Acho que nunca estive tão fascinada por alguma coisa quanto experimentar, pela primeira vez, o que é realmente ser uma médica veterinária. Estar em um ambiente de trabalho de verdade, lidar com situações reais. Tudo muito diferente das aulas práticas que já tive na universidade.

Esse pequeno detalhe também me assusta bastante. Estar tão apaixonada, conectada e acostumada com tudo dentro do mundo de Normani me faz temer pelo dia em que terei que dizer adeus, sem saber se em algum momento estarei de volta.

– Bu! – Eu levo um pequeno susto quando Jasmine pula na minha frente, dentro de um gracioso vestido cor-de-rosa e suas asas de borboleta nas costas. – Acorda, tia Dinah! – Sua vozinha doce e sua risadinha fazem meu coração se derreter.

Droga, mais uma coisa da qual eu vou sentir muita falta quando voltar para Durham. Ser a "tia Dinah" dessas duas crianças adoráveis. Estar perto de crianças me faz sentir muita falta de Regina, mas me faz muito bem também.

– Estou acordada, linda. Cadê meu beijo de bom dia? – Ela sorri e pula em meus braços, não consigo retribuir seu abraço da forma correta por causa das asas de borboleta que são quase maiores que ela, mas isso me faz rir. Depois de dar dois beijos em cada uma de suas bochechas gordas, eu permito que ela se afaste. – Onde estão suas mamães? Você veio até aqui sozinha?

Eu pergunto, tentando olhar de onde estou, sentada em uma cadeira de balanço na varanda da casa de Normani, até a casa de Jade, mas não há ninguém no caminho. Jasmine ri e se senta no chão a minha frente. Me pergunto se sua mãe vai ficar feliz em saber que ela está esfregando o bumbum no chão com seu vestido rosa tão limpinho, mas prefiro não dizer nada.

– Mamãe está lá dentro! Nós vamos à cidade! – Ela se levanta novamente, dando mais pulinhos adoráveis que me deixam com dor no maxilar de tanto sorrir.

– Vocês vão, é? – Olho para o relógio em meu celular que diz onze e vinte e três da manhã. Geralmente Jade estaria trabalhando a este horário, e Jasmine deveria estar na escolinha. – Venha cá, vamos procurar sua mamãe.

Eu a pego com muita facilidade e a coloco em pé sobre um banquinho de madeira, depois me abaixo o suficiente para que ela pule em minhas costas e agarro seu bumbum com bastante segurança para que ela não caia enquanto começo a caminhar em direção a entrada da casa. Antes mesmo de entrar já consigo ouvir a voz de Jade e Kath conversando.

– Bom dia! – Eu digo especialmente a Jade, porque já cumprimentei Kath esta manhã. Ela me olha e sorri quando vê Jasmine em minhas costas.

– Bom dia, Dinah. Eu já te falei que ela vai ficar mal-acostumada com essas suas brincadeiras! – Eu rio, mas não coloco Jasmine no chão. Ela parece muito confortável me abraçando pelo pescoço e balançando suas perninhas.

1501Onde histórias criam vida. Descubra agora