Back To Me

A simples questão de querer

Brittany's POV

O quão rápido a vida pode mudar?

Essa era uma pergunta que eu costumava fazer constantemente. Digo, como às vezes não paramos para perceber que não somos as mesmas pessoas de alguns minutos atrás? Algo acontece a cada segundo, talvez com o mesmo hábito mas nunca da mesma forma. Isso é incrível, não é? Pelo menos eu considerava magnífica a infinidade de formas como uma só ação pode acontecer.

Não é sempre que da noite pro dia passamos a beijar uma de nossas melhores amigas ou não conseguimos parar de pensar nelas, certo? Certo. Mas era o que estava acontecendo. Apesar de Anna sempre ter sido parte dos meus pensamentos diários, nunca havia sido assim. Não antes de sua boca ter encostado na minha pela primeira vez. E por quê? Se fosse apenas por diversão eu não pararia pra pensar nisso a cada um minuto, pararia? Acho que não.

Sempre paro para pensar e ponderar muitas coisas. A maioria das minhas decisões são geralmente muito bem refletidas. Com Anna nunca consegui ser assim. Literalmente todas as vezes que estive com ela, eu não conseguia parar e pensar zilhões de vezes antes de prosseguir com qualquer assunto. Quando percebia, já estava lá, fazendo o que quer que fosse. Minha mente simplesmente não se incomodava em se mover de uma forma impulsiva desde que fosse com ela. Assim como na noite na qual a beijei. Quando dei por mim, já estava fazendo, já era tarde de mais para tentar ser a Brittany de costume.

E isso é o que não consigo entender: como Anna Kendrick faz parecer que estou prestes a pular em um precipício e que vou gostar disso?

-Britt! -ouvi a voz estridente de Camp me tirar de meus pensamentos. Estávamos em seu quarto no hotel enquanto ela fazia algumas panquecas para nós. Panquecas pela manhã? Uma Brittany feliz. -Pelo amor de deus, você ficou surda, por acaso?! Pega aquela calda pra mim.

-Foi mal. -disse passado a calda para ela. -Talvez se você me deixasse ajudar eu ficasse menos aérea.

-Você é muito sensata, vamos usar essa sensatez pra lembrar que você não é lá essas cozinheiras, não é? -revirei os olhos sentando no banco e apoiando os braços no pequeno balcão da cozinha. Voltei meus olhos à Camp e lá estava ela me encarando com o cenho franzido. Ah não, dali vem questionamento.

-O que foi? -perguntei erguendo as sobrancelhas.

-No que estava pensando? -questionou sentando-se em frente a mim no banco do outro lado do balcão.

-Como assim?

-Ah meu deus... Você tá com essa cara de idiota há horas, o que estava pensando? -insistiu. Bufei.

-É a Anna... -comecei e Camp ergueu as sobrancelhas. -Nós estamos... Estamos numa fase diferente da nossa amizade, acho que posso dizer assim...

-Quer dizer a parte em que vocês se beijam e adoram fazer isso? -completou com um sorriso nada inocente no rosto.

-O QUE?!

-Ah, vamos lá. Você sabe que a Anna não consegue ficar quieta, principalmente quando está feliz assim. -fechei os olhos e abaixei minha cabeça até que esta encontrasse o mármore frio do balcão. Era óbvio que Anna não conseguia ficar calada sobre absolutamente nada, por que ficaria sobre isso? -Mas o que tem de errado? Parece que você não está perfeitamente ok com isso. Você não gosta dela?

-Eu gosto! -falei sem hesitar. - Eu gosto... Acho que o problema todo é esse.

-Não vejo como gostar de alguém e ter o mesmo como resposta pode ser um problema.

-Não é isso. É só que... Somos amigas há muito tempo. Eu não sei, talvez isso só tenha vindo à tona agora, mas e se sempre tiver existido lá no fundo? Quer dizer que nossa amizade foi uma farsa o tempo todo pra esconder tudo isso? -conclui. Eu não queria que isso fosse verdade. Afinal, Anna e eu passamos por muitas coisas juntas e eu não queria que tudo aquilo tivesse sido por nos gostarmos romanticamente e sim porque éramos amigas e queríamos o melhor uma para a outra. Era como eu me sentia segura. E, nesse novo caminho que estávamos indo, eu não fazia ideia do que poderia acontecer, era completamente fora da minha pequena zona de conforto. Era além do que eu podia raciocinar.