Prólogo

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Meu coração batia de forma descompassada e meus olhos percorriam o espaço diversas vezes seguidas, sem parar, em busca de alguma saída daquele local. Mas não havia nenhuma. Meus olhos lacrimejavam por conta da fumaça. Ou marejavam pelos pensamentos que rondavam minha cabeça, bagunçados. Eu não sairia viva desse lugar.

      Eu não sentia mais minhas pernas. Não sabia onde estava pisando. Minhas mãos arrastavam-se pela parede, em busca de algo diferente, algo que me guiasse, mas tudo que conseguia sentir era a textura lisa da parede a qual ficava molhada com o contato de meus dedos suados. Era tudo muito quente. Eu podia alucinar com o inferno nesse local. Minha visão começava a ficar turva e o ar pouco a pouco queimava ao atingir meus pulmões.

         "Continue se mexendo!"

Não conseguia mais distinguir meus pensamentos. Isso era eu? Tudo parecia tão distante. Era como se lentamente eu estivesse me separando do meu corpo, que começava a entregar-se ao cansaço da situação. Isso é o meu limite.

            Mal pude perceber quando atingi o chão, eu me sentia adormecida, não fosse pelo formigamento em minhas pernas bambas. Ar. Eu precisava de ar. Apertei meus olhos ao sentir uma pontada em minha cabeça com um barulho estridente. Eu queria abri-los novamente?

              Não tinha forças para arrastar-me e tudo que pude fazer fora deixar minhas mãos sobre meu rosto, sentindo lágrimas quentes rolando por minhas bochechas. Não havia mais saída pra mim. Eu não sairia desse inferno. Não haveria resgate. Talvez, eu não o merecesse.

                         Você vai ficar bem!"

                Meus dedos curvados relaxaram. Meu coração desacelerava. Eu não me esforçaria para ver mais algo, não iria abrir os olhos. O som antes estridente agora parecia um tanto ritmado e reconfortante para minha mente que buscava incessantemente um incentivo para me fazer reagir mas meu corpo já havia falhado.

                             Silêncio.

                           Mais um pouco.

                  Tudo parecia ter passado. Sentia-me leve, como uma névoa no fim de uma noite. Leve, porém, densa. Eu ainda estou aqui, mas não escuto nada. Não sinto nada. Não há mais resquícios de luz sobre minha visão escura.

                           "1... 2... 3"

                  Por míseros instantes, fui capaz de sentir eletricidade percorrendo meu corpo. Cada célula que me formava queimando, cada batida do meu coração anteriormente fraco, a luz desejando penetrar fundo em minha íris coberta por minha pálpebra, a energia correndo novamente por cada nervo do meu corpo.

                          "Reaja!"

                Não estava mais quente. Não, não, eu estava afogada. Banhada em água. Era revigorante. Era aliviador. Era como renascer. E as poucos, tudo parecia mais claro. Eu havia saído daquele inferno. Eu não sou culpada. Não há o que temer. Você não quer ignorar o chamado. Não o ignore. Reaja!

             Como se eu fosse uma máquina, tudo parece voltar a funcionar. Senti meu peito estufando-se, a claridade finalmente invadindo meu campo de visão, o ar fresco sendo inalado, meu coração disparado e minha mente  trabalhando como se fosse regada à eletricidade. Eu estava viva.

         — Graças à deus, Aurora!

                   Meus olhos cansados voltaram-se para cima, vendo um contorno indefinido, borrado, seguido do calor contra minha pele, que se arrepiava com o gelado que tomou conta, que não me fez abater e sentir meus lábios secos esticarem-se para os lados, causando um mínimo incômodo quando reconheci a voz que me clamava.

           Eu finalmente estava salva?

Behind These Walls | Justin BieberWhere stories live. Discover now